Bastidores

Os relíquias da Baixada pedem reconhecimento

07.06.2018 | Por:

Foto por: Felipe Max // Portal KondZilla

Enquanto alguns nasciam, outros subiam no palco para cantar funk. O MC Neguinho do Kaxeta é um desses que cantava “quando o futebol era na lama”. Com 17 anos de funk, o cantor faz questão de levar o nome da sua quebrada (a favela do Dique do Caxeta, em São Vicente) e lançou no último dia 3 de maio, no Canal KondZilla, o videoclipe da música “Respeita Minha História”, seu décimo terceiro trampo em parceria com o maior canal brasileiro no YouTube e que tem uma mensagem bem clara: “respeite quem pôde chegar onde eles chegaram”.

Trocamos uma ideia com o MC Neguinho do Kaxeta, que vive um momento único da sua carreira. Feliz em poder reunir amigos e referências para ele pra cultura do baile funk, o cantor explica a importância dessa música e desse videoclipe.

“Não considero que essa rapaziada veio só me prestigiar, eles fazem parte disso também. A música fala dos relíquias que fincaram bandeira, esses caras são lá da antiga, eles fazem parte da minha história”, diz Kaxeta, que conversou com o Portal KondZilla durante as gravações do novo trabalho, que contou com a direção do diretor Tico Fernandes. “Não consegui trazer todo mundo, infelizmente, mas trouxe muitos que representam minha época e que, digamos, abriram o cadeado pra eu entrar nesse mundão”.

“A nova geração também tá presente, até porque eles representam o funk hoje e vão tá aí amanhã. Eles são a continuação dessa parada. Me sinto privilegiado de conseguir acompanhar essa molecada e ser referência, pra mim é mais que satisfatório. Na verdade, respeito é a palavra chave. Tem muitos que me têm como ídolo e tal, e não é porque daqui um tempo ele vai ter um carro legal que eu vou virar um qualquer pra ele. Respeita a minha história, né?!”, brinca.

Pra não perder o ritmo, Kaxeta lançou nesta terça-feira, 5 de junho, mais um videoclipe com a KondZilla. “Perigosa” é uma das música inéditas que estão presentes no DVD que o cantor gravou para celebrar os 17 anos de carreira.

Aproveitando o embalo, falamos também com os diversos relíquias que estiveram na gravação do videoclipe “Respeita Minha História”. Quisemos saber um pouco da sensação deles em serem relíquias (aqueles que ajudaram a levantar a bandeira do funk, como a própria música diz).

MC Totto
“Pra gente é uma honra. Ele mesmo fez o convite diretamente pra gente e tivemos a oportunidade de correr junto com ele lá no início. Quando começamos, era só um caminho: levar o CD na rádio, fazer o corre pra tocar e fazer o sucesso aos poucos. Hoje é diferente, com a internet, o jogo ficou mais duro. O Kaxeta soube passar por todas essas fases”.

MC Kbça
“Esse convite pegou a gente de surpresa, porque a vida dele é muito corrida. É uma honra pra gente tá presente nesse momento da carreira dele. Nós, da Baixada, hoje estamos tentando voltar pro mapa, e o Kaxeta é um dos melhores exemplos pra molecada”.

MC Souza
“Participar deste trabalho é muito gratificante, um orgulho mesmo. Ele (Kaxeta) já citou a gente como referência pra ele, mas nós também somos fã dele. Acho muito importante estarmos presente neste momento, falando sobre os relíquias do funk em vida”.

MC Valdir
“Pra mim, Valdir, é uma satisfação imensa participar do clipe do Neguinho, até porque gostamos pra caramba dele. A gente é humilde e luta para que toda a galera tenha essa humildade também. Só chegamos onde chegamos por conta disso e nossa carreira tá aí, trilhada”.

MC Renatinho
“O Kaxeta tem 17 anos e nós, Renatinho e Alemão, temos 24 anos [de carreira]. A gente tem uma correria daora, um público que acompanha a gente. A mídia é bom pra quem tá começando, a gente vem de bem antes, já temos nossa história. Como dizem por aí, somos relíquias, né? E sempre que existir a periferia, vai existir o funk consciente”.

MC Alemão
“Lembro como se fosse hoje. Tava numa quermesse, lá pra 2000 ou 2001. Foi a primeira vez que vi o Kaxeta cantar, foi até numa quermesse no México 70, uma quebrada lá de São Vicente [cidade onde o Kaxeta nasceu]. Depois nos cruzamos em outros bailes também, tinha a visão que ele seria mais um grande artista, pra gente tá participando do clipe dele é mó satisfação”.

MC Dinho da VP
“Ele é um cara relíquia, assim como a gente. Fazer parte de um projeto imenso, e que vai sair no Canal KondZilla? É uma puta honra! Eu não sonhava nem em viver de funk, são 23 anos de carreira, sendo 15 vivendo só de funk. Ser chamado de relíquia é um sinal de respeito. Não é algo que levo como ultrapassado e antigo, eu vejo como um carimbo de respeito, o pessoal reconhecendo nossa batalha, que foi muito sofrida”.

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