Entrevista

A carreira do Jerry Smith vai muito além de “Bumbum Granada”

25.05.2017 | Por: Guilherme Lucio da Rocha

O funk é uma verdadeira roda gigante. Quem apostaria que o segundo trabalho de uma dupla seria sucesso nacional e alcançaria a incrível marca de mais de 200 milhões de visualizações no Youtube? Esse é o caso do Jerry Smith com a música “Bumbum Granada”, que lançou o MC como destaque no mundo do funk e serviu de experiência de vida para o cantor. Mas, como ninguém vive só de glórias do passado, Jerry Smith está muito atento ao cenário e já projeta as lições que teve com o sucesso na sua carreira solo. Rodando nas pistas, as músicas “Na Onda do Beat” e “Opa Opa”, essa última com participação do MC WM e do DJ Pernambuco, apresentam o novo momento do cantor. E ao Portal KondZilla, Jerry Smith falou sobre essa e outras histórias. Confira:

“Primeiramente, quero deixar claro que sou muito amigo do Zaac. O fim da dupla [no final de 2016] foi um processo natural”, avisa Jerry Smith no começo do papo. “Graças a Deus, nós dois estamos tocando nossas carreiras solo muito bem, tanto que eu estou com meu trabalho na pista e ele [Zaac] também, com “Vai Embrazando“estourada por aí”, lembra o MC, que também destaca que ambos são da mesma produtora, a Start Music.

Quando procuramos o cantor para uma conversa, a ideia não era esticar o chiclete sobre “Bumbum Granada”. Mas tem como falar do Jerry sem citar a música? Então para resolver esse assunto, Rodrigo Silva dos Santos, 23, explicou que não imaginava que a música fosse fazer tanto sucesso. Porém, o trabalho foi feito com muito cuidado.

“Tivemos um cuidado especial desde a produção, até o videoclipe, que foi o que impulsionou a música. Acho que esse foi o trabalho da nossa vida”, confessa o MC. “Uma coisa que aprendi com tudo isso, é que a humildade é fundamental. Eu preservo bastante minhas amizades de infância, por exemplo. Isso me mantém com os pés no chão”.

Baiano de nascimento, Rodrigo se mudou para o estado de São Paulo na adolescência e, ainda garoto, já se jogou para o mundo das artes. Mas era uma “arte” um pouco diferente da que cravou a carreira do cantor. Inicialmente, Jerry Smith queria ser ator e fez até apresentações na escola. Acredita?

A vontade de cantar surgiu pouco tempo depois, e o funk entrou na vida do MC graças aos MCs cariocas, principalmente o MC K9, um dos ídolos de Jerry. E a caminhada foi difícil. O cantor conta que seu começo, lá em meados de 2012, foi de muita peregrinação por estúdios e produtoras paulistanas, tudo a procura de uma oportunidade de mostrar o talento natural que tem na voz.

Depois de uns três anos na pista, o cantor conheceu Zaac na produtora onde os dois trabalhavam, no ABC paulista. “No início, cada um tinha o seu trabalho, mas admirava o do outro. Decidimos gravar algumas músicas em conjunto, e a galera gostou”.

Quem poderia dizer que uma ideia jogada no ar, poderia dar tão certo? “Um dos nossos empresários sugeriu que nós formássemos uma dupla, e como tínhamos uma afinidade legal, aceitamos”.

Sem pretensões, o primeiro trabalho da dupla foi “Nos Fluxos”, que para surpresa de todos, rendeu bons frutos. Agora, quem poderia apostar que logo a segunda música de um projeto recém-iniciado seria o marco na vida dos dois? A música “Bumbum Granada”, sucesso no Brasil inteiro, inseriu os dois no meio da música. Daí pra frente, é história. A dupla se jogou nas estradas, viveu o sonho de ser MC e percorreu o país, até que meses depois da explosão, a dupla “Zaac e Jerry” chegou ao fim.

Depois de uma leve pausa para entender o que aconteceu na sua vida, Jerry Smith, agora em carreira solo, se diz feliz com o atual momento e com seu mais novo trabalho, “Pode Se Soltar”, música nova que traz uma levada próxima ao Arrocha-Funk (já falamos desse movimento nesse texto).

“Estou curtindo essa fase e o público está muito receptivo ao meu trabalho. Sempre tento inovar”, conta o MC, que vem utilizando o aprendizado do sucesso na carreira. “É uma escolha minha não cantar putaria. Evito colocar palavrões nas letras até para atingir o máximo de pessoas possíveis. E isso vem dando resultado, graças a Deus”.

Um fator que marca a carreira de Jerry é a sua voz. Ela não é modificada em nenhum programa de computador, como também não é algo forçado pelo MC. Rodrigo garante que a voz é fruto de muito cuidado. Ele até contou que fez aula de canto durante quatro anos. Afinal, esse dom é o que move seu trabalho e também é um diferencial para a carreira.

“Hoje, existem diversos MCs que se destacam pela voz, não é só eu. E creio que todos precisamos ter um diferencial, que seja a voz, ou um bordão, algo que seja único”. Anotou?

Jerry Smith, em poucos lançamentos solos, já deixou claro que é muito mais que apenas o cara do “Bumbum Granada”. Hoje, o cantor olha para o passado com entusiasmo do que já fez, mas também olha para frente com determinação de continuar essa história de sucesso. Sempre com um toque de criatividade.

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