Barbeiros contam as dificuldades financeiras que enfrentam com o surto do covid-19
Grande parte da economia do Brasil e do mundo parou com o surto do novo coronavírus (Covid-19). Dentro das favelas não foi diferente: barbeiros, manicures, lava rápidos, lojas de roupas, bares e muitos outros comércios tiveram que baixar suas portas por precaução e determinação do governo. A questão que ficou foi: como essas pessoas vão sobreviver sem seus trabalhos? Quais são os caminhos para enfrentar essa crise? Pensando nisso, conversamos com três barbeiros de zonas diferentes de São Paulo e Rio de Janeiro: Camilo Gabriel (Capão Redondo), Maurício du Corte (Guarulhos) e Suellen Marques (Rio de Janeiro), que relataram como estão passando esses dias difíceis. Cola com o Portal KondZilla e pega a visão da Favela.
Camilo Gabriel – Capão Redondo, São Paulo
Como está seu bairro com o surto?
Aqui no Capão, com o coronavírus, está tudo parado só os comércios essenciais e autorizados estão aberto. As pessoas têm encontrado dificuldades para fazer quase tudo, principalmente, as coisas do dia a dia.
Você teve que suspender os atendimentos?
Eu tive que suspender totalmente as minhas atividades na barbearia. Até tentei encontrar um caminho para continuar trabalhando, na quinta-feira saiu o decreto, quando foi na sexta-feira eu ainda abri e continuei atendendo os clientes um por vez, utilizando luvas, máscara e mantendo a higienização do local, que foi a forma que encontrei para seguir trabalhando. Mas a Defesa Civil passou no meu estabelecimento e pediu o fechamento geral até segunda ordem.
Qual é a maior dificuldade para sobreviver nesse momento?
É a escassez e o valor das coisas comuns do dia a dia mesmo, como alimentos ou álcool em gel, por exemplo, que acabou e se você encontrar está muito caro. Essas são as dificuldades, está tudo mais que o dobro. Fui no mercado e um arroz que eu pagava R$14 estava R$24, acho até que isso é uma forma de se aproveitar da situação.
Você pensou em alguma solução para reverter essas dificuldades?
A única solução é que as pessoas estão se ajudando e sendo solidárias umas com as outras. Se alguém vai no mercado, aproveita para fazer também a compra dos idosos. Eu estava com dois pacotes de máscara para distribuir algumas, está todo mundo trocando informações. Acredito que essa é a maior solução para reverter todas essas dificuldades que tem acontecido.
Manda um recado para que a galera se previna
Se previnam, não desacreditem, a prevenção é o único remédio que temos agora e não tem porque não utilizar. Não podemos ser negligentes de forma nenhuma, a prevenção é a nossa cura. Cuidem dos seus velhinhos que agora que veremos o quanto somos todos iguais!
Suellen Marque – Jacarepaguá, Rio de Janeiro
Como está seu bairro com o surto?
No bairro em que eu moro e atendo (Praça Seca Jacarepaguá) já sentimos o efeito da Pandemia. Não digo todos, mas 70% das pessoas estão com o ritmo habitual de trabalho alterado.
Você teve que suspender totalmente os atendimentos?
Sim, eu tive que suspender totalmente os atendimento. Pois trabalhamos em 4 pessoas, então já tem uma certa aglomeração apenas entre nós barbeiros dentro do espaço, que é pequeno, e tem também a soma física dos clientes. Mas antes disso, foi a falta de cliente que nos afetou bastante.
Qual é a maior dificuldade para sobreviver nesse momento?
Acredito eu, como barbeira, que a maior dificuldade em si é em ser autônomo. Porque nós que trabalhamos por conta própria vivemos aquela famosa frase: ‘se não trabalhar não ganha’ e isso é complicado porque quando chega o dia de pagar as contas elas devem ser pagas do mesmo jeito.
Você pensou em alguma solução para reverter essas dificuldades?
Pensei em fazer atendimentos a domicílios como já faço com alguns clientes que são jogadores de futebol. Porém, se nós pegarmos um BRT, uber ou até ir por conta própria teremos contato com o mundo externo ficando expostos a pessoas e objetos infectados. O pior está na volta para casa porque corremos o risco de levar esse vírus para dentro do nosso lar, onde alguns barbeiros tem filhos pequenos, pai, mãe, avós idosos.
Manda um recado para que a galera se previna?
Eu aconselho a galera que atua nesse ramo a ficar dentro de casa, eu como barbeira estou vivendo na pele todas as dificuldade que estamos passando. Porém, vivos conseguimos pagar as contas atrasadas, agora doente é muito mais difícil.
Mauricio du Corte – Guarulhos, São Paulo
Como está seu bairro com o surto?
O meu bairro tem alguns comércios cumprindo as ordens do nosso governador, mas tem pessoas que também não estão cooperando, isso é preocupante. A polícia passou esses tempos e mandou quem ainda estava aberto fechar totalmente.
Você teve que suspender totalmente os atendimentos?
Tive que suspender os atendimentos da minha barbearia porque nós temos contato muito próximo das pessoas, tocamos nelas, falamos próximo e acredito que não é uma máscara ou uma luva que vai evitar a transmissão do vírus. Então, temos que realmente suspender as atividades e manter o que foi determinado.
Qual é a maior dificuldade para sobreviver nesse momento?
O maior problema é a falta de dinheiro, porque não temos uma grana guardada e toda semana pagamos uma conta, pagamos outra, uma semana sim, uma semana não, fazemos compra pra dentro de casa. Jamais vamos contar com um surto desses, nunca imaginamos passar por uma situação dessa. Mas isso mostra o quanto temos que nos prevenir, principalmente na vida financeira, poupar, guardar um dinheiro porque nunca sabemos o dia de amanhã.
Você pensou em alguma solução para reverter essas dificuldades?
Eu não pensei em nenhuma solução até mesmo porque as pessoas não estão podendo sair de casa, ter contato uma com as outras. Aqui no bairro está tudo vazio.
Manda um recado para que a galera se previna?
Que venhamos cooperar para o nosso bem, para o bem do próximo e juntos venceremos esse momento tão difícil das nossas vidas.
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