Silas Sobre Rodas quer passar suas vivências através do rap
Sexta-feira é dia de Conte Aqui Sua História como vocês já tão acostumados. Hoje quem cola aqui no Portal KondZilla é o Silas Sobre Rodas, um mano que está no corre desde muito cedo, supera obstáculos todos os dias e quer passar sua vivência em forma de rap. Se liga!
“Salve galera do Portal KondZilla, meu nome é Silas, tenho 22 anos e sou de São Paulo.
Tudo começou no dia seis de abril de 1998, quando nasci. Por conta de algumas complicações de ter nascido prematuro, de apenas cinco meses, e ter nascido de fórceps, precisei passar três meses no hospital, onde cheguei a precisar usar balão de oxigênio para respirar. Eu era tão pequeno e tão guerreiro que me apelidaram de “gigante”.
Quando deixei o hospital, os médicos recomendaram que eu fosse encaminhado para a AACD fazer fisioterapia para as minhas juntas, que eram muito rígidas, mas em nenhum momento informaram meus pais que eu era deficiente. Ao chegar em casa, fui rejeitado pela minha família por ser negro e pelo formato da minha cabeça. A rejeição da minha mãe era nítida. Fui alvo de críticas e piadas por não ser que nem as outras crianças. Tive que voltar pro hospital por causa de uma convulsão seguida de hérnia cancerígena. Quando isso aconteceu, os médicos achavam que eu poderia não sobreviver à cirurgia.
Depois de uns meses, comecei o tratamento na AACD, comecei a me desenvolver, mas também passei por muitas coisas, inclusive um episódio de racismo. Apesar de todo o suporte que a AACD me oferecia, minha mãe percebeu que isso não seria o suficiente. O que fez com que ela optasse em uma decisão que realmente mudou completamente a minha vida: o nascimento das minhas irmãs Leila e Karine, me tirando de uma vez por todas do estado de inércia vegetativa dando uma verdadeira repaginada em minha história.
Fui alfabetizado aos oito anos de idade. Lembro que quando li pela primeira vez na escola, muitos ficaram surpresos porque achavam que eu jamais conseguiria por causa da minha deficiência. Na época, eu mal sabia como a leitura iria me ajudar a fazer coisas incríveis, que só descobrir com o passar dos anos.
Nisso, minha mãe começou a fazer parte do conselho estudantil e, em pouco tempo, virou diretora executiva da escola. Foi um ano incrível até que precisei fazer mais cirurgias corretivas. Ao todo, fiz 16 operações. Por causa disso, precisei sair da escola e não consegui acompanhar o fluxo de conteúdo, o que fez que eu repetisse de ano. Pra cuidar de mim, minha mãe precisou deixar o emprego.
Em meio a minha jornada perdi dois laços vitais em meu convívio familiar por parte de mãe: meu avô e meu tio uns dos poucos que realmente acreditavam no meu potencial e sempre me incentivaram.
Foi na escola estadual Santa Rosa de Lima onde eu tive de provar o meu valor, ali aprendi muito além de português e matemática. A escola não era nada acessível, fui obrigado a me adaptar na sala de aula.
Eu era desmoralizado por geral, inclusive os professores, que não respeitavam minhas limitações. Minha paralisia cerebral debilitou exclusivamente minha mobilidade, então sempre fui o primeiro a começar e o último a terminar todas as matérias. Na maioria das vezes, meu caderno estava incompleto porque eu não conseguia copiar tudo da lousa, e mesmo explicando pros professora, eu era criticado e taxado de preguiçoso por não conseguir copiar todas as lições. As piadas vindas dos alunos eram constantes, tanto pelo formato da minha cabeça quanto pelo jeito de falar, minha cor. Enfim, por ser eu mesmo!
Depois disso, minha família teve outro restart com o nascimento da minha terceira irmã, a Ellen. Nesse período primordial da minha vida, consegui uma vaga na policlínica da UNASP e mais uma vez apostando todas as suas fichas em mim, minha mãe deu tudo de si pra que pelo menos eu pudesse voltar a ser funcional de novo.
Mesmo roteiro da AACD, porém desta vez tinha maturidade suficiente para perceber que se eu não me dedicasse o suficiente eu simplesmente me deterioraria a ponto de partir dessa para melhor.
Sempre tive uma ligação além do normal com o mundo da música e aos doze anos de idade que fui abençoado com meu dom, poucas pessoas sabem, mas comecei a escrever minhas primeiras letras no estilo do funk. Embora pequena, minha primeira música “Homem de Aço”” definitivamente me marcou ampliando minha visão me mostrando o que eu realmente era capaz de fazer. Ao concluir o ensino fundamental, me converti de vez pro rap, inspirado pelo Projota e 50 Cent.
Atualmente eu e minha família moramos de aluguel, numa casa onde a amiga da minha mãe teve compaixão por nós nos beneficiando, meu sonho é através da minha arte transformar a vida das pessoas através de minha vivencia tendo como ponto principal a empatia, transparência etc. podendo mudar a vida da minha família através da música que é algo que eu amo fazer, eu sou Silas Santos de Souza vulgo SILAS SOBRE RODAS retrato neste documento um pouco sobre mim.”
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