Funk de MG

DJ e Produtora, Ray Lais apresenta as produções de funk das minas

23.12.2019 | Por: GG Albuquerque

O funk tem poucas DJs e produtoras mulheres, mas esse cenário vem mudando com a luta e persistência de novas artistas. No Rio de Janeiro, a DJ Iasmin Turbininha se tornou um dos ícones da nova geração do 150 BPM. Em Belém, a DJ Meury vem fazendo sucesso com o seu tecnofunk (uma mistura do tecnomelody paraense com funk). E em Belo Horizonte outra mina vem conquistando espaço com suas produções: a DJ Ray Lais, que está estourada com a música “De 38 Carregado”, da MC Dricka. Em apenas uma semana o clipe já acumula 2,6 milhões de visualizações.

Ray Lais tem 20 anos e entrou no funk em 2016, quando tinha apenas 17 anos. Na época ela morava no bairro do Planalto, Zona Norte de BH, e decidiu virar DJ quando passou a frequentar algumas festinhas e resenhas regadas a pancadão. “Falei pros meus amigos que queria virar DJ e eles já falaram pra começar a produzir, porque não tinha nenhuma mulher em BH que produzia nem nada. Alguns amigos me ajudaram a produzir e aí fui aprendendo”, conta.

Ela começou fazendo montagens que estouraram nos bailes de favela da cidade. Depois, em novembro de 2017, fez sucesso com a música “Menina da Zona Sul“, do MC Kaio e MC Rick, dois dos maiores MCs da nova cena funk de Belo Horizonte. “As montagens estavam tocando bem mas essa música foi a que explodiu mesmo”, diz Ray.

Mas a caminhada não foi fácil. Meses depois de “Menina da Zona Sul”, em 2018, Ray engravidou com 18 anos e passou por uma série de problemas pessoais com a família. “Eu parei. Não tava produzindo direito e show tava fazendo só às vezes. Não sei se cheguei a entrar em depressão, eu só sei que eu não tinha forças pra nada. Soltava uma música ou outra, desanimada. Não tinha muito ânimo, não vinha ideia na mente”, recorda.

Além dos problemas pessoais, Ray Lais diz que enfrentou muito preconceito. “Ainda tem gente que fala que eu não produzo. Acho que as pessoas não aceitam pelo fato de ser mulher”, critica. “Eu vejo que tem muita mulher que quer produzir, mas é muito difícil lidar com o preconceito e tudo mais. O que eu vi dessas mulheres que falam que produzem param no meio da carreira”.

Com o apoio dos fãs, a DJ foi superando as dificuldades e se reergueu. As críticas e o preconceito de pessoas que zombam de seu talento acabaram virando combustível para música. Em “38 Carregado”, Ray colocou na música um áudio de um cara debochando dela dizendo que “essa muié aí nem produz, só coloca o nome na música e compra a música”. “Um amigo meu me mostrou o áudio desse menino. E eu decidi colocar na música. Depois o menino falou que era brincadeira, foi no meu show e até pediu pra tirar foto”.

Quem canta “38 Carregado”, maior sucesso de Ray, é a MC Dricka, de São Paulo. O papo entre as duas começou pelo Instagram e depois rolou o encontro em BH, quando Dricka passou lá para gravar algumas músicas. A princípio, foi gravar com o DJ João da Inestan. Mas Ray chamou a cantora para dar uma passada em seu estúdio. “Ela foi na minha produtora e gravou três ou quatro vozes exclusivas pra mim. Uma delas foi essa do “38”. Eu nem imaginava que ia estourar. Fiz a produção e soltei só a prévia e já tava estourada, todo mundo comentando”.

A música está começando a chegar nos bailes de rua de São Paulo, mas já toca muito em Belo Horizonte e já teve até duas versões bregafunk em Recife — uma dos MCs Augusto e Joãozinho com O Brutto e Tinho do Coque e outra de Vitinho Polêmico. Para Ray Laís, o sucesso aconteceu por juntar duas mulheres de duas cenas diferentes. “Acho que estourou pelo fato da gente ser mulher, e aí já fecha do lado contrário dos homens. O que os homens fazem contra as mulheres, a gente faz contra eles. Aí se juntou as quebradas de São Paulo e BH e explodiu”.

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