As minas tomaram conta do Baile da DJ Sophia; saiba dos detalhes
Rolou nesta última segunda (28), o evento mais esperado da noite: o Baile da DJ Sophia. A festa aconteceu no Edifício Central 1926, prédio histórico no centro da cidade de São Paulo, localizado na Praça da Bandeira, na Bela Vista. Com a presença de nomes importantes para a cena feminina do rap, trap e funk, como Tasha e Tracie, MC Souto e MC Soffia, a festa durou o dia todo, levando muita música feita por minas. Acompanhe um pouco da conversa que a equipe da KondZilla teve com as meninas!
A dona do baile: DJ Sophia
Sophia Lima, de apenas 21 anos, é a idealizadora do Baile da DJ Sophia. Atualmente mora no centro de São Paulo, mas passou boa parte da vida com sua avó no Capão Redondo. Ela é DJ há seis anos, e nesse tempo, conquistou diversas parcerias e realizações, inclusive de montar sozinha o seu festival: “o meu nome ainda é novo na cena, mas eu to há seis anos, eu sou nova por nome mas eu to fazendo meu rolê na quebrada há mó cota”.
O baile foi a sua primeira produção e contou com nomes de sucesso: “Eu to muito feliz e muito grata porque vocês (equipe da KondZilla) estão aqui também, olha a proporção da parada, foi além! A globo tava aqui também. E tem uma galera que eu fiz questão de chamar, de projetos independentes de mídias porque eu acho que o nosso público se complementa, então a gente se completa”.
Sobre o Festival/Baile
Nomes como Tasha e Tracie, MC Soffia, MC Souto, DJ Th4ys, MC Luanna, DJ Kingdom e muitas outras tocaram na noite. Para as artistas, o Baile da DJ Sophia é uma grande conquista e um espaço para a integração de culturas, de artistas de diversas regiões tocando no mesmo lugar, para o mesmo público. Para a MC Luanna, “O baile da DJ Sophia é um baile onde todo mundo se encontra e se identifica com as atrações. Tá cheio, tá lindo, foi perfeito”, disse.
O sonho de realizar o festival não é recente. Junto com suas amigas, a DJ Sophia também trouxe um pouco da sua história, como conta a MC Soffia: “Quando ela estava no Futuro do Hip Hop, que foi um evento que eu fiz também, com a Vivian Marques idealizando, nós éramos pequenas e apenas sonhadoras. E a gente estava lá para seguir o nosso sonho, e hoje ela está fazendo o baile dela”, disse. A MC ainda falou de suas realizações como artista e que o seu sonho era ser cantora, e estar no baile da DJ Sophia é ver o sonho de muitas sendo realizado: “O baile da DJ Sophia é uma conquista para o que vai vir adiante”, conclui.
A MC ainda falou de suas produções como artista e que o seu sonho era ser cantora, e estar no baile da DJ Sophia é ver o sonho de ser realizado. “O baile da DJ Sophia é uma conquista para o que vai vir adiante” , conclui.
As amigas dela tomaram o palco
A DJ Sophia não anda só! Junto com ela, formou-se um bonde completo: “Eu fechei com as minhas amigas, no caso. Eu chamei as MCs que eu trabalho, que são a Souto, a MC Soffia… A Tasha e Tracie que são parceiras de caminhada, a gente já se conhecia e tinha uma conexão. A MC Luanna também que eu sou muito fã, e assim, eu conectei essas pessoas porque eu acredito nelas e sabia que tinha a ver fazer isso. E chamei também DJs, a DJ Kingdom que é de BH e tá em SP. Tem a DJ Th4ys também que é do Mandela, do afrobeat de SP, DJ Faul que é super referência aqui da black music e afro também. E aí eu juntei essa galera e falei: cara, acho que tem a ver a gente fazer um rolê jovem, porque, se você olhar, a maioria é jovem”, disse.
A importância do evento
Reunindo artistas de diversas regiões e estados, o festival trouxe a pluralidade de vivências de artistas da quebrada. As mulheres foram as protagonistas da noite. “A importância do baile é reafirmar cada vez mais que mulheres estão produzindo, se movimentando e contribuindo para o movimento hip hop, porque a gente também escreve essa história e faz parte disso”, disse a MC Souto, uma das rappers que tocou na noite.
Souto MC tem 27 anos e é uma artista que referencia vivências e a ancestralidade indígena. Durante seu show, ela colou com seu bonde, Isiz, com quem compartilhou o palco, além das artistas ANABYA, Catarina e Isa Hansen.
Minas de diferentes estados brasileiros
Não é só de São Paulo que se constituiu o line-up. O baile teve a participação de meninas do Rio e de Belo Horizonte, por exemplo. A DJ Kingdom, 32, que é de Contagem, em Belo Horizonte, conta da integração do baile para quem é da cultura preta, do hip hop, do funk e de tudo que existe na cena underground no Brasil. “Hoje misturou tudo: Rio, São Paulo, misturou Belo Horizonte, então tá todo mundo aqui da melhor forma”, disse.
Ainda, a DJ passou a visão sobre a cena nas quebradas de BH, colocando que a cidade “Hoje é o celeiro do Hip Hop. No Brasil, a gente é um dos pólos. Tem o eixo Rio – São Paulo, que já sabemos como funciona, mas em BH a gente tem o Djonga, tem a Batalha do Viaduto, tem vários artistas lá, tem o Vhoor, tem o FBC. Como DJ, temos também várias mulheres DJs fazendo o trabalho acontecer. É uma cena que está emergente fora do eixo Rio-SP, mas a gente se encontra num momento buscando se fortalecer”, conclui a artista.
Representatividade feminina
Com uma lista de artistas repleta de mulheres, o baile com certeza foi muito inspirador para as meninas e todas que estavam presentes. Para Tracie, “O Baile da DJ Sophia é um marco da nova era que está vindo, com muita mulher que não depende da estrutura de outras pessoas para ser notada.”, disse. Segundo a gêmea, para fazer música é preciso uma estrutura que custa dinheiro. No entanto, quando elas conseguem se destacar, as pessoas ficam sem opção, “Elas não podem ignorar a gente”.
Segundo a gêmea, para fazer música é preciso uma estrutura que custa dinheiro. No entanto, quando elas conseguem se destacar, as pessoas ficam sem opção, “elas não podem ignorar a gente”.
A dona do baile conta da experiência enquanto mulher e DJ, e ressalta o olhar masculino em cima da profissão: “Quando você fala DJ, você já fala ‘o’ DJ, fala do homem DJ. E eu acho que quando você vê uma mina tocando na internet, fazendo outros conteúdos também de DJ, você uma mina com o disco rosa, isso chama a atenção. É você mostrar que além de DJ, você pode ter mulheres DJs, e eu acho que isso potencializa a cena. Hoje eu olho pro lado e consigo montar uma linha de mulheres que vão tocar tudo.”
Além disso, a MC Soffia conta sobre o trabalho e escolhas de sua amiga: “Ela (DJ Sophia) chama as mina preta pra cantar, as minas que tá no hype, as minas e as DJs que são foda, porque quando a gente faz um evento para minas, com minas na linha de frente, é muito gratificante e inspirador”, disse.
Sobre os shows
O baile da DJ Sophia foi um evento muito esperado, tanto pelos artistas como pelo público. A ansiedade em cima das apresentações faz tanto que o resultado foi o melhor que o esperado, como coloca Tracie: “Como a gente mostra muito em outras cidades, sempre que a gente mostra em São Paulo a nossa espera é muito alta, eu fico até um pouco mais nervosa aqui porque foi o que a Tasha falou, a gente encontra pessoas que a gente vê nas ruas, nos rolês. Então, isso deixa a gente um pouco mais nervosa. A gente já esperava que ia ser super legal, mas no fim foi melhor do que a gente imaginava.”
E para finalizar, a DJ Sophia conta que se emocionou muito durante o show: “Eu faço show para muitas pessoas, mas hoje são as minhas pessoas! São pessoas que me conhecem, pessoas que me conhecem via internet, porque eu faço muitos vídeos que chegam em muita gente, e as pessoas acham que são inacessíveis. E aí, caraca, teve gente que veio para mim ver tocar porque nunca me viu. E juntou uma galera, vai ter Tasha e Tracie, Luanna, então eu mostro pra mim isso é muito gratificante, então eu vou mostrar que eu faço outras mulheres. Eu tava conversando com a MC Luanna, a gente precisa potencializar, olha isso, tipo, incível e mais foda, to muito feliz.”