Festival Funk da Hora comemora os 466 anos de SP com muito funk no Grajaú
Ontem, sábado(25), no aniversário de São Paulo o Centro Cultural do Grajaú recebeu o Festival Funk Da hora para comemorar seus 466 anos no melhor estilo funk. O rolê começou às 14h e terminou às 21h, e foi do começo ao fim com muita dança, funk e até mesmo ideias conscientes mandadas pelos artistas que contagiaram o público no extremo sul da cidade. MC Lan, MC Rodolfinho, MC Tha e o grupo NGKS passaram no palco da festa, encosta que o Portal KondZilla colou e te conta como foi.
A tarde ensolarada deixou o clima propício para curtir a festa marcada pelo céu azulado e as famosas ‘Umbrelas’ no alto. Não dá para saber ao certo quantas pessoas estavam no lugar, mas os registros fotográficos mostram que o role estava lotado. Tinha criança, família, cadeirante, amizade e claro, muita cultura funk envolvida.
Essa foi a primeira vez que o Centro Cultural do Grajaú recebeu um evento de funk, o que significa abraçar e dialogar com o público do gênero. Troquei um papo com a coordenadora do espaço, Elaine Gomes, sobre cultura, educação e criminalização do funk. “É uma arte, é multiplicidade cultural. O hip hop e o samba já foram criminalizados, isso tem que acabar”, comenta. “Um exemplo de autoestima pra periferia é o grupo NGKS que está ocupando o espaço, meninos do Capão Redondo trabalhando”.
MC Baraka
O primeiro a se apresentar às 14h foi o Mc Baraka que cantou suas composições e também clássicos do funk que fizeram geral cantar. Nesse momento a frente do palco já ganhava identidade com meninos de roupa larga, kits da fundão e cabelos afros que deixavam a certeza de estarem ali pra ver o grupo de dança NGKS. Inclusive numa conversa antes de subirem ao palco, foi mencionado que eles quebraram um padrão no funk, trazendo pra molecada autoestima e aceitação, principalmente pelo cabelo.
O show deles foi pra lá de animado com uma energia muito positiva. O talento desses meninos sem dúvida é reconhecido pelo público, mas o que mais chamou atenção e despertou comentários positivos foram a humildade e simpatia ao descerem do palco pra cantar bem perto da grade e tirar foto com os fãs. Outra coisa foda é que o Sorriso disparou diversas vezes mensagens positivas e inspiradoras para o público, sobre escolher o caminho certo na quebrada e acreditar em sonhos.
Outra apresentação esperada não só pela nova geração do funk, mas também pela galera que viveu o começo do funk ostentação, foi a do MC Rodolfinho. Não pude deixar de colar no camarim pra falar com o MC sobre a importância da presença dele no espaço cultural. “Me sinto parte dessa vitória, pois estamos num espaço cultural. Eu vim de uma era em que as pessoas até abaixavam o vidro do carro quando viam um funkeiro”, comenta o dono do eterno hit ‘’Os moleque é liso’’.
Enquanto o público esperava ansiosamente o rei ciclonado, o MC Lan, subiu ao palco o MC Robi o qual está começando sua caminhada no funk com letras conscientes e sede de mostrar seu trampo. Demonstrando que o festival estava totalmente diversificado e dando abertura pra todo mundo.
Às 18h em ponto era possível ouvir uma voz que entoava atrás do palco com as seguintes palavras “Lan presidente”. Lógico que vocês podem imaginar que o centro cultural foi a loucura e o ápice do rolê estava nas mãos de MC Lan novamente. Foi hit atrás de hit que toda a multidão sabia cantar sem gaguejar.
Presença de palco e animação não faltaram, MC Lan interagiu bastante, dançou e inclusive convidou um fã cadeirante para assistir o show no palco. Aliás, o MC ganhou um colar do fã e disse que aquilo era especial pra ele. Sem dúvidas o sorriso estampado da multidão confirmava que o cara é foda.
A figura feminina esteve presente no Festival, não só com DJ Zeme que soltava pedradas musicais entre um show e outro, mas também na voz da MC Tha. A MC, cria da Cidade Tiradentes(ZL), foi responsável por finalizar a festa com chave de ouro. Se apresentou com banda que deixou olhares curiosos por ouvir as experimentações musicais incríveis dessa artista.
Deu pra perceber que foi um dia mais que especial. A comemoração do aniversário da Selva de Pedra teve espaço pro funk, movimento tão presente na capital, sobretudo periferia. Que venham mais eventos que possam democratizar as culturas de quebrada.