Catarine Avelar superou a depressão e realizou o sonho de cursar Direito
Depois de estrear a campanha Conte Aqui Sua História com o Fabrício Oliveira, que nos contou sobre a conquista de ser um negro, gay e favelado superando tudo e cursando USP, hoje trazemos mais uma trajetória da baiana Catarine Avelar. Chega mais.
“Meu nome é Catarine Avelar dos Santos, sou moradora do subúrbio de Salvador, mais precisamente no bairro do Lobato, na Bahia. Tenho 25 anos e sou recém formada em Direito e advogada.
Bem nova, eu e minha irmã gêmea fomos abandonadas pela minha mãe. Fomos criadas por nossa vó paterna e logo após passamos a morar com meu pai e madrasta. Sempre tive problemas pessoais, principalmente após descobrir que tinha sido abandona.
Desenvolvi depressão e aos 12 anos eu já planejava suicídio. Tentei uma vez, mas não obtive sucesso. Saí de casa aos 19, enfrentei necessidade, morei em albergue, passei por diversos perrengues.
No ano de 2014 consegui entrar na faculdade por meio de financiamento do governo e realizei o sonho de cursar Direito. Sempre sonhei com isso, desde pequena queria ser juíza, mesmo sem saber o que era o cargo por sempre ter visto violência da polícia com os usuários do meu bairro. Mesmo com vários problemas, o vai e vem da depressão, mas eu sempre estava ali na vontade de me formar.
O ano de 2016 parece ter sido o ápice para mim, cheguei a um nível de depressão que me levou a tentar suicídio pela segunda vez. Fui socorrida por um vizinho que conseguiu salvar minha vida, graças a Deus.
Nessa época, faltavam três anos pra eu me formar e depois prestar a prova da OAB, a Ordem dos Advogados do Brasil, que certifica os advogados para eles poderem exercer suas funções. Deu certo. Agora em agosto de 2019 colei grau já com a aprovação da OAB.
Eu penso que tinha tudo para dar errado. Eu cresci suburbana, digo, cresci na favela melhor dizendo. Vi o que queria e o não queria. Mas, tive que fazer uma escolha e hoje sei que escolhi o melhor lado.
Acredito que a depressão é vista como algo que deveríamos sentir vergonha. Hoje não tenho vergonha de dizer que fui vítima. Que atentei contra a vida. Eu passei por muitas dores.
A fé é algo maravilhoso, mas não é tudo. Cresci na igreja. Me batizei aos 14. Me afastei aos 19. Então não foi falta de Deus. Ter fé é essencial, mas não dá para ser negligente.
A depressão infelizmente adormece e acorda com o passar do tempo. Existem picos. Procurar um profissional é importante. Se amar é importante. Deve ser uma união de tudo: fé, profissionais e amor próprio. E a família e amigos né? Se a base for fraca a casa cai facinho. A ideia é não desistir nunca de você mesmo!”