Caio Felipe largou a caminhada errada pra se dedicar ao funk
No Conte Aqui Sua História dessa semana, quadro onde você aparece na KondZilla contando sua história de vida, vamos conhecer o mineiro Caio Felipe. Hoje com 26 anos, ele se envolveu no caminho errado, mas conseguiu dar a volta por cima e virou exemplo de como as pessoas podem mudar de vida. Um exemplo de superação para vários jovens de periferia.
“Um salve aí pra galera da KondZilla, aqui é o Caio Felipe, tenho 26 anos e sou de Varginha, Minas Gerais, mas atualmente moro em Ilicínea, no sul do estado. Minha história é muito complexa, vários vôos altos e várias quedas cabulosa. Mas vou resumir uma pequena parte porque se for contar tudo vai ser tipo a série “Sintonia”! Mas então, na quebrada onde cresci, o bangue era bem doido. Lá eu corri de pé no chão atrás das pipa voada até meus 14, 15 anos de idade.
Cresci, mudei de lá, mas Varginha nunca saiu de mim. Era lá que eu tinha meus amigos, conhecidos e família. Alguns amigos que infelizmente não tiveram a mesma sorte que eu tive, de conhecer outros horizontes e expandir a mente. Alguns desses parceiros até saíram da quebrada, mas infelizmente foram para cadeia ou para o cemitério. Os que ainda estão por lá estão praticamente mortos, vegetando nas drogas.
Minha vida sempre foi meio doida, talvez por ser criado sem pai e sem mãe presente. Sem muita referência de família e tal. Já fiz muita merda nessa vida, se estou vivo e em liberdade até hoje é porque a música mudou isso. Especialmente o rap e o funk. E graças ao bom Deus hoje tenho o prazer de viver em paz, tanto na vida quanto espiritualmente. Sempre fui um moleque de responsa, pé no chão.
Achei que as coisas nunca aconteceriam comigo, mas mesmo assim, mesmo depois de ser maior, de ter uma cabeça feita, saber da consequência das escolhas e os perigos do mundão, eu conheci as drogas e o tráfico. Me juntei a caminhada, coisas da qual não me orgulho. Foi difícil? Foi! Mas com o sonho de viver da música e muita força de vontade eu consegui abandonar o barco.
Larguei da vida louca e abracei a música! Desde então eu venho me dedicando a ela, ainda não ganho a vida com isso (apesar de ser meu maior sonho), mas faço música porque amo fazer isso, porque só a música me traz a paz que eu necessito. Sempre tive facilidade com as rimas, papai do céu me abençoou com esse dom e essa é minha maior riqueza.
Lembro que desde molequinho, todos os dias ao cair da noite eu sentava na esquina com a malandragem da quebrada. Enquanto eles falavam das coisas erradas e viajavam nos cigarros de maconha, eu viajava mais longe que eles apenas com meu caderninho na mão fazendo as rimas. Algumas vezes até inspirada nas histórias dos caras e tal. Comecei a perder a vergonha de cantar, passei a produzir meus funk já com meus 16 anos. Fazia isso sem muito recurso e conhecimento, logo após eu e um amigo começamos a cantar rap, ele abandonou a carreira e até hoje, de maneira solo, eu mantenho o EmCenaHipHop, nome que muitos me conhecem.
Hoje tô aqui fazendo música, compondo produzindo e cantando. Não importa o estilo musical, eu gosto mesmo é de fazer música! Sou apenas um doidão sonhador cujo maior sonho é poder levar minhas ideias pra molecada das quebradas em forma de música. Através de uma mensagem positiva, passando uma visão da hora, mostrando que quando a vida for louca você tem que ser mais louco que ela. Sempre de uma maneira lúcida e consciente devemos fazer a vida valer a pena.
Me considero uma prova viva de que não importa a direção que o vento sopra, você sempre será capaz de mudar a direção do seu barco!”.
Como diz o próprio Caio, todos podem mudar de vida e correr atrás dos sonhos independente do que for. Se identificou com a história dele? Manda a sua pra gente no e-mail conteaquisuahistoria@kondzilla.com com seu telefone, fotos e redes sociais.