Aos 12 anos, MC Fefe passa a visão no funk consciente pra molecada e pros relíquias
Já contamos como o funk consciente tem resgatado jóias preciosas de dentro das favelas, dando assim, voz a quem fica limitado a dizer o que sente muitas das vezes. Consciente é: visão, favela, realidade, responsabilidade, mas também é amor, companheirismo e expectativa de progresso. Tudo isso, Felipe Daniel Augusto, 12, morador das quebradas Lauzane Paulista, Zona Norte,tem feito. Provavelmente você já ouviu falar do garoto prodígio MC Fefe,, mas se não vamos te contar a caminhada dele. Cola com o Portal KondZilla.
Com sucesso atrás de sucesso nas ruas os números apontam para um futuro promissor: “Vários se Jogou na Vida Louca” – MC LP 16 milhões de visualizações no Youtube; “Expondo meu Sentimento” – MC Ryan SP 17 mi; “Joga Esse Bumbum” 3,1 mi; “Meiotinha” 2,3 mi e “Hora da Virada” 2 mi.
MC Fefe iniciou o papo dizendo que a ficha do sucesso ainda não caiu.”Sempre soltamos trabalho com intuito de eles andarem, mas é inesperado ver as músicas batendo mais de um milhão”. Ao mesmo tempo o resultado é o combustível do trabalho. “Mas quando vem o resultado a sensação é diferentes, isso dá gás para trabalharmos mais”.
Com base na explicação de Fefe fica: o que um garoto de apenas 12 anos espera do funk? “O que eu espero do funk é reconhecimento, não estou só pelo dinheiro, isso é consequência do trabalho, almejo somente o mais simples de tudo mesmo”.
Imediatamente ele trás para a conversa o nome de um dos artistas relíquia mais influente para nova geração do funk. “O cara que eu mais idolatro é o MC Neguinho do Kaxeta, quero ser igual ele um dia”. Com tudo isso, qual é o significado do funk para Fefe? “Funk é amor, irmandade, companheirismo, mas também é tristeza, raiva, desabafo o funk é tudo”, disse com ar de reflexão.
Início da carreira
Influenciados por outros gêneros musicais fora do funk Fefe contou quando começou a cantar. “Comecei a cantar com quatro anos de idade, mas no funk mesmo foi quando eu tinhas uns sete ou oito anos”. Para a família, o artista mirim levar a música como profissão não foi uma surpresa. “Como eu canto desde cedo foi bem tranquilo para a minha família eles aceitaram de boas”.
Já a imersão no funk paulista em si para os familiares foi um choque. “Eu gostava mais de pagode, MPB e quando decidir canta funk foi meio um baque”. O receio veio através das mortes de artista do eixo capital baixada ocorridas entre os anos de 2010 e 2013 quando Fefe ainda era muito pequeno. “Eles [família] tinham um pouco de medo até pela morte de alguns artistas do funk que ocorreu, mas mesmo assim, sempre me apoiaram para eu continuar”.
Caçula de quatro irmãos, também envolvidos na indústria musical, atualmente MC Fefe é reconhecido até mesmo na escola. “Na escola os professores me conhecem, pedem pra tirar foto, pra eu manda vídeo para os filhos, é legal bem legal todo esse reconhecimento”.
Processo de composição MC Fefe
Seja boa ou ruim as vivências dentro da favela é o que traz as ideias para as composições do artista mirim. “Penso sempre nas coisas que está acontecendo dentro das favelas que eu presencio e também nas paradas que sabemos que vai acontecer no futuro”. Nem tudo é só tristeza a favela também tem fé no futuro. “Muitas das vezes eu tento relatar da forma mais positiva possível também”.
Para Fefe compor umas letras sobre a realidade das periferias o ajudou até mesmo expressar o que sentia. “Melhorou muitas coisas, às vezes quando não consigo falar alguma coisa, eu me expresso em forma de canção por exemplo”. A música evoluiu também a relação entre mãe e filho. “Eu troco ideia com a minha mãe, é a única pessoa que consigo me abrir de verdade, depois vou para o quarto e faço uma música, o diálogo serve como meio caminho andado para composição do som”.
O intuito é também passar a visão do certo e errado para os mais velho não cair no erro. “Falar sobre a realidade da favela é mil grau porque podemos passar a visão para os cara mais velho e também para os mais novos”. O objetivo é único. “Escrevo uns consciente para tocar na ferida e as pessoas não fazerem as coisas errada”.
Primeiro sucesso
Falamos aqui como o funk consciente vive nas crianças com MC LP, MC Bielzinho e MC Bebê King e o quarto elemento dessa história que não pode comparecer no dia foi MC Fefe. A música cantada pelos garotos no medley feito nas quebradas do Jardim Peri Alto, que por fim, acabou com um videoclipe interpretado por MC LP e MC Fefe, atualmente alcança a marca de 16 milhões de visualizações no Youtube.
Na época MC LP disse sobre o som “Vários se Jogou na Vida Louca”. “Fiz a música em casa porque um amigo do meu primo foi roubar e acabou morrendo. Peguei meu caderno e esperei as palavras virem na minha mente e de imediato veio ‘vida louca’ depois quem se joga ‘vários’. Aí eu cantei no baile e fizemos o medley aqui no morro até que estourou”.
Com a explosão da música Fefe conquistou reconhecimento de diversos artistas e foi contratado pela produtora Sonar Music onde permanece até o momento. O artista mirim contou como foi chegar na gravadora e está ao lado de nomes renomados da indústria. “Aquele momento que eu estava na mesma gravadora com uns artistas que é referência pra mim foi único vou levar para toda a minha vida”.
Por fim, MC Fefe passou a visão para a molecada de favela que também carrega o sonho de ser artista dentro de si. “O conselho que me deram e eu acatei é: não pode desistir, as pessoas vão falar de você, vai ter as barreiras, mas desistir deve está fora da lista de opções. Cabeça erguida e marcha nos trabalhos”.
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