Funk Rave

MC Madan é sinônimo de megatron, fluxo e funk rave

08.08.2019 | Por: Wenderson França

Cria do megatron, Diego Vieira Marreiro dos Santos, vulgo MC Madan, tem apenas 24 anos e é morador do Bairro dos Pimentas, Guarulhos. MC Madan é dono de hits dedicados a favela, como: “Ibiza da Favela“, “Baile Funk Virou Rave“, “Rave do Sinalizador” e “Vrum Vrum Vral” na qual participa junto com o MC Lan e o mineiro MC Rick. Ao todo, o funkeiro já acumula mais de 5 milhões de visualizações (só no YouTube) em suas músicas. Prepara as umbrellas e vamos pra pista conhecer a história de mais um sonhador do movimento funk.

Faça com o que você tem em mãos nunca fez tanto sentido. Madan, que hoje é uma das novas promessas do funk paulistano, iniciou sua carreira gravando as músicas em um celular. “Comecei a fazer uns trabalhos em 2014, 2015 no celular mesmo. Era na época daquele V7, eu pegava o beat, gravava a voz no celular e desenrolava umas letras”. O que pouca gente sabe é que, além de MC, ele também é produtor. “Lá pra 2016 mais ou menos eu ganhei um notebook da minha mãe, aí que eu comecei fazer as primeiras produções, mas aquele notebook travava mais que tudo”.

Com muita persistência, o funkeiro jogou sua primeira música nas pistas. “Eu consegui estourar a música ‘Nóis Não é Famosinho‘ na minha quebrada”. Entretanto, como nada são flores na vida de um menor da quebrada e os momentos difíceis apareceram. Madan deixou o funk de lado por um tempo para cuidar da mãe. “Quando os trabalhos estavam começando andar minha mãe teve três AVCs. No mês seguinte, meu irmão foi preso por uma parada que ele não fez. Então ficou só eu pra tomar conta das minhas duas irmãs e da minha mãe doente. Ou eu continuava no funk ou cuidava delas, não tive outra opção. Abandonei o funk”.

Porque comigo? Essa era a pergunta de Madan ao universo. Revoltado, o MC não queria mais saber de música até ter a assistência dos seus amigos do megatron. “Eu não queria mais saber de funk, fiquei muito triste, tinha conseguido chegar em um status que muitos artistas queriam e abandonei tudo. Eu fiquei em casa desde 2016, quando aconteceu tudo, até agora, em 2018, quando eu comecei conversar com a galera do megatron e voltei a cantar”.

O caminho que seguiu na vida ausente do funk foi trabalhando fora dos palcos. “Nesse meio tempo eu trabalhei de tudo. Sempre gostei das paradas de design, então fui fazer umas montagens para casa de show, banner, flyer. Ajudava carregar carretas”. Esforçado, ele conquista um posto de confiança dentro de uma empresa de teleatendimento, o que auxiliava Madan a tocar as contas dentro de casa já que sua mãe se encontrava impossibilitada de trabalhar. “O que me ajudou bastante mesmo foi o telemarketing porque eu comecei como aprendiz e virei supervisor”.

Funk-rave e o preço da fama

Depois de passar muitos perrengues, MC Madan esta de volta aos palcos. Em pouco tempo, ele voltou a cena com “Ibiza da Favela“, se tornando um dos precursores da cena funk-rave. “Pra mim, a parada do funk-rave vem da animação do funk com a animação da batida eletrônica. Se juntar a intro de uma música eletrônica com a batida do funk dá tudo certo, as pessoas ficam esperando a parada vir fritando (que é a intro no caso) e quando vem, chega logo a batidona do funk. Então isso aí foi uma das chaves principais para montar esse novo gênero”.

Pro funkeiro, quem dita o as regras é a favela, os artistas só seguem a tendência. Não é à toa que a todo momento nascem novos talentos como o próprio MC Madan na cena. “A favela criou o mandelão. Se você reparar, todo ano o funk se renova e o estilo melhora”.

O talento pro funk de rua, somado ao momento do funk rave, levou Madan ao sucesso. “Eu sempre gostei de música eletrônica, então só uni o útil ao agradável. Não é à toa que todas as músicas que estou lançando são nesse estilo, fiquei conhecido como o ‘MC Madan das raves’. Na verdade mesclaram ‘Madan é sinônimo de megatron, fluxo e rave'”.

Por muito tempo a molecada da favela queria ser jogador de futebol. Hoje a profissão queridinha é a de MC. Por isso, assim como outros artistas, o cantor tem tomado cuidado já que é a inspiração para molecadinha. “O instagram é testemunha dos meus atos. Se eu for inspirar alguém eu quero inspira com coisa boas, para que lá na frente não tenha consequências de…. sei lá ‘O MC Madan canta putaria e é bem de vida’. Quero que as pessoas falem ‘ele não precisou somente disso para chegar aonde chegou’. Por isso eu estou diminuindo um pouco os palavrões, eu não preciso falar palavrão pra fazer um funk-rave mandelão”.

A fama vem, o interesse vem junto. Como separar os falsos amigos de quem realmente está correndo com você? Madan filtra suas amizades e novamente se pega meio perdido. “É difícil separar quem é de verdade e quem é de mentira. Às vezes a pessoa coloca uma roupa de coelho e você vai achar que é o lobo? Não dá né. Então eu tive que rever muito as minhas amizades, até dei uma chapada nisso, todo mundo que chegava para falar comigo eu achava que era interesse”.

Nada é por acaso. Entre fins e recomeços, decisões difíceis a serem tomadas, o trabalho duro no telemarketing, aprender a filtrar suas amizades e o encontro com os meninos do paredão Megatron, MC Madan amadureceu e se encontrou de vez no funk-rave, sendo hoje uma das promessas do funk paulistano. Histórias como a do funkeiro, nos ensina que tudo tem um preço a ser pago, principalmente o sucesso. E aí, você está disposto a pagar?!

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