Se estivesse vivo, MC Daleste completaria 29 anos e o amor das fãs permanece
Neste sábado (30), Daniel Pellegrine, mais conhecido como MC Daleste, estaria comemorando 29 anos. O cantor se destacou por sua sagacidade nas letras, pelo carisma e pela história de vida. Além disso, foi eternizado como um dos nomes mais famosos e respeitados do funk, após ter sua vida interrompida por três tiros disparados contra ele, em 7 de julho de 2013.
Vale lembrar que a data da morte de MC Daleste, é marcada como Dia do Funk na capital paulista. O dia foi sancionado pelo ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, no dia 21 de setembro de 2016. É válido ressaltar que a sanção chegou dois anos depois de a deputada estadual e cantora de samba, Leci Brandão apresentar o projeto na Câmara Federal.
Para celebrar o legado do MC, o Portal KondZilla trouxe as fãs do cantor para relembrar os momentos que viveram ao lado de Daleste ainda em vida, e a importância do artista para o funk. Pega a visão:
Caroline Araujo dos Santos, atualmente com 24 anos, é fã do funkeiro desde quando tinha apenas 13 anos. “Eu praticamente cresci em comunidade e o funk sempre foi presente na minha vida, na época de escola os meninos sempre ouvia Mc Daleste com caixinha de som no intervalo. Eu conheci uma menina na época que se tornou uma das minhas melhores amigas, e juntas nós nos apaixonamos pela história do Daniel”, relembra.
Assim como a maioria dos adolescentes de comunidade da época, Carol não tinha muitas condições financeiras para estar em todos os shows. A primeira vez que conheceu o MC Daleste pessoalmente, foi em um evento que conseguiu um ingresso VIP.
“Foi numa casa de shows chamada Nyx Pub, fui com uma amiga na época e a casa contratava fotógrafos para tirar foto do pessoal. Não tinha muitas Autênticas (fãs) no dia, e liberaram pra eu ficar do lado deles no palco para assistir o show, foi tudo muito organizado e perfeito. Quando acabou o show, o Daniel parou para tirar foto e abraçar algumas pessoas que estavam em volta e foi aí que consegui tirar a primeira foto com ele”, explica.
“Autênticas” era o nome que todos os fãs do MC eram chamadas, que o próprio Daleste colocou e deu origem a diversos fãs clubes. E esse não foi o único show do funkeiro que Carol acompanhou de perto, e desde então ela começou a ver de perto toda a carreira e trajetória do cantor.
“Ser fã é algo muito doido, acho que não teria palavras suficientes para explicar isso. Passou anos e ainda dói muito falar sobre isso, a morte foi um soco no estômago e fez muitas pessoas se afastarem. O amor permanece sim, só é difícil postar nas redes sociais “, conta.
Além disso, Carol também relembra um dos últimos momentos em que acompanhou Daleste em vida. “Quando ele se juntava com a família para ajudar crianças carentes da própria comunidade, distribuía brinquedos no dia das crianças, na época da Páscoa comprava ovos do próprio salário para alegrar a comunidade, com as cestas básicas da mesma coisa. Ele não tinha ajuda de ninguém e tirava do próprio bolso para ajudar o próximo, então pra mim essa será a melhor lembrança que tenho dele “, explica.
Como fã, Carol acompanhou de perto momentos bons e ruínas da carreira do MC Daleste, inclusive esteve presente no velório. “Ele significa muito para o funk, foi ele que deu partida para o funk ostentação, foi um dos MC’s que na época era o mais cobiçado em mostra por seu talento e carisma e serve de muita inspiração para muitos pais de família que quer entrar nesse ramo. Não tem como não chamar o Daniel de rei do funk, e hoje tenho certeza que se ele estivesse aqui, estaria rodando o mundo a fora”, completa.
Tauany Alves de Souza Batista, de 22 anos, é outra autêntica fã do MC Daleste. O amor pelo funkeiro começou ouvindo as músicas no Youtube, principalmente aquelas mais apaixonadas dedicas a Erika, viúva do cantor.
“A melhor amiga da minha irmã, namorava com o dono de uma balada e certo dia eu vi que o Daleste estaria lá. Eu com apenas 12 anos claro que não poderia ir. Mas eu insisti muito, muito muito e essa amiga dela me levou. Nesse show eu consegui ficar na cabine do DJ dele e tirar minha primeira foto com ele. E ali na maneira que ele me recebeu, a atenção que ele me deu, eu virei fã mesmo! Pensa em um ser humilde? Muito carinhoso e atencioso com cada fã. Fazia questão de todas. Sem palavras ”, relembra Tauany sobre a primeira vez em que conheceu o MC.
“É um orgulho ser fã de uma lenda do funk, de uma pessoa maravilhosa. E ter vivido tudo que ele nos proporcionou. Seus shows, os encontrinhos. Sim o amor permanece e nunca mais admirei tanto uma pessoa como admirei ele. Ele marcou a minha vida de uma forma muito especial, a fase que eu ficava que nem doida atrás de show dele. Invadia os palcos para conseguir um abraço. E ele nunca negou, nunca mandou me tirar de lá. O que mais marcou mesmo era que esse amor de fã para ídolo era recíproco”, explica Tauany sobre todo o amor que sente pelo MC Daleste.
Assim como Carol, ela também acompanhou momentos bons e ruins da carreira do cantor. Além de estar presente no velório, Tauany se recorda perfeitamente da última vez em que viu Daleste pessoalmente.
“Se eu não me engano, o último show que eu fui dele foi o show da virada cultural 2013, no qual ele ia cantar quando estivesse amanhecendo. Então eu tive que ir a noite e esperar virar pra ver ele. Levei um cartaz, não me recordo o que estava escrito, e ele como sempre pegou o cartaz mostrou pra todo mundo, deu a atenção de sempre. E valeu a pena. Ser fã do Daleste é isso, reciprocidade. Ele era um exemplo de humildade. Mesmo no auge era aquele garoto do início, sonhador”, conta.
Além disso, Tauany ressalta a importância do cantor para o movimento da massa funkeira. “O Daleste para o funk é uma lenda. Um dos primeiros a lançar o funk ostentação, que está aí até hoje. Sem falar das suas letras que contavam a realidade das comunidades fazendo muita gente se identificar. E sempre valoriza as mulheres com suas letras também, isso é um enorme diferencial e falta nos dias de hoje. Outro exemplo era o bem que ele habilitou aos menos favorecidos, entregando cesta básica e brinquedos ”, explica.
Gabriela Pavoni Fontebassi, 23 anos, é outra autêntica e explica o porquê esse nome foi dado para os fãs do cantor. “O Significado é por conta da palavra autêntica mesmo, somos determinadas, focadas, verdadeiras, persistentes, uma pessoa que sabe o que quer, e assim ficou. E foi ele mesmo que começou a chamar a gente assim”, relembra.
O amor de Fã pelo Daleste começou em 2012, quando Gaby ainda era apenas uma adolescente. “Minha tia tinha um bar e contratou ele para cantar, eu tinha 12/13 anos, ainda não sabia quem ele era e não sabia que ele iria fazer show lá naquele dia. Foi uma loucura, encheu de uma hora pra outra a casa de show, e foi amor à primeira vista. Eu me apaixonei e depois não parei de ir em shows de se aproximar mais da família dele ”, conta.
E aquele amor que começou ainda na adolescência, permanece com Gaby até hoje, mesmo após a morte de Daleste. “Sempre permanecerá, eu jurei o amor eterno o Daniel, era uma pessoa iluminada, um anjo na terra, um menino de coração bom. Digo que foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida, uma ligação imensamente forte de ambas as partes. Não digo isso vendo ele como homem, mas sim como um irmão mais velho, um amor puro sem maldade, é apenas amor”, explica ela.
Gaby é tão fã do Daleste, que se uniu às “Autênticas” e entregaram chocolates junto com o MC para crianças carentes em comunidades próximas da onde ele morava. “Igual esse garoto nunca vai existir, ele era realmente uma pessoa foda demais, era simples, humilde, tirava da boca dele para colocar na nossa”, conta. A jovem também fez uma tatuagem para eternizar o amor pelo cantor na pele.
Além disso, Gaby ainda relembra uma situação em que viveu, onde ganhou até dinheiro de Daleste para voltar para casa após um show. “Estávamos sem dinheiro, como sempre, juntamos o que tinha para poder ir, mas para voltar era só Deus na causa. Na hora de ir embora minha amiga disse para o DJ dele para dar uma carona para gente, acho que ele ouviu, e ficou perguntando como a gente ia embora, eu disse de metrô. Então eu sai andando, ele entrou no carro, se pendurou na janela, parou na Radial e me deu reais R$ 50,00, aquela época era muito, e disse que era pra gente para a passagem e ir pro outro show no dia seguinte, foi o que fizemos”, relembra.
E para dar um último abraço no Daleste, Gaby atravessou até outra cidade de trem e viu o cantor um dia antes de sua morte. “Foi num sábado, dia 06/07/2013, que por Deus eu consigo dar o último abraço de despedida. Eu tinha ido para o Hopi Hari em uma excursão da escola e cheguei em minha cidade, Ribeirão Pires às 23:00, e até o show que ele iria fazer naquela noite em Jundiaí era quase duas horas. Os trens funcionavam até 00:30, pois eu encarei e fui. Consegui chegar lá, peguei o último trem da linha já no sábado de madrugada, não assisti o show, mas consegui abraçar ele olhar nos olhos dele e dizer que eu o amava ”, conta.
Ainda em 2013, MC Daleste vivia no auge da carreira, mas teve sua trajetória interrompida por três tiros no dia 7 de julho. No entanto, os disparos não mataram o seu legado, prova disso é que – sete dias depois do atentado – foi publicado o videoclipe de “São Paulo”, atualmente com 713 milhões de visualizações no YouTube.
Hoje, os fãs e família celebram a história e influência que Daleste deixou para muitos MCs, por ser sinônimo do mais puro funk. Afinal, o cara era talentosíssimo e se preocupava muito com as comunidades, passando a visão para a molecada e, principalmente, pedindo paz através de sua arte.