Festival Poder Preto celebra a ancestralidade negra
O centro de São Paulo vai ganhar um evento super especial. No próximo dia 16 de junho acontece a primeira edição do Festival Poder Preto. Idealizado por Cristhiane Faria e Naiara Teixeira, duas minas pretas que trampam com comunicação, o evento reúne a galera de arte, vendedores, empreendedores e muito mais numa programação composta por muita mina negra foda num dia voltado para refletir sobre cultura, ancestralidade e muito mais. Se liga no papo que as organizadoras bateram com o Portal KondZilla sobre o projeto.
Foto por: Tina Cratz
Como surgiu o Festival Poder Preto?
Cristhiane Faria: O Festival surgiu do desejo de duas comunicadoras negras, que já atuavam com eventos e cultura, de unir diferentes olhares e trabalhos que trazem o resgate da cultura negra. Assim como de propor um dia não só de entretenimento, mas de reflexão e também de incentivo à artistas, empreendedores e comunicadores independentes para estarem reunidos em um espaço com esse propósito.
Como vai funcionar a programação dos eventos desta edição? E para as próximas?
Cristhiane Faria: A programação conta com três diferentes vertentes: o sarau, a feira empreendedora e a roda de conversa. Além disso, também teremos um DJ de Hip Hop e Ragga fazendo a discotecagem ao longo do evento. A feira ocorrerá de forma simultânea ao evento, e as apresentações de poetas, cantoras e outras performances artísticas possuem horários definidos, que podem ser encontrados na programação que consta no evento no Facebook. A roda de conversa tem início às 18h e trará como tema o próprio nome do Festival: Poder Preto e conta com comunicadores de diversas vertentes, como danças urbanas, masculinidades, empreendedorismo, produção de eventos, entre outros.
O que é um Quilombo Urbano?
Naiara Teixeira: Quilombos são organizações que surgiram entre os nossos ancestrais, como forma de resistência à escravidão. Eles fugiam das senzalas e se reuniam em espaços para viver em comunidade e longe do regime. Um Quilombo Urbano traz a mesma ideia de comunidade e de fortalecimento entre pessoas, além de trazer um retorno à comunidade, a partir da produção de eventos, abertura à mostras de arte, workshops e aulas diversas, que fomentam a cultura local. Aquilombar-se é transformar um espaço físico em um espaço simbólico de aceitação e segurança para negros e negras.
Qual o maior desafio de produzir este evento?
Naiara Teixeira: Percebemos que ter uma boa rede de contatos é essencial para a produção de um evento como este. Esta é a primeira edição do Festival e está sendo realizada totalmente em parceria com todos os envolvidos. Por isso, nosso maior desafio é produzir um evento sem qualquer tipo de patrocínio. Para a próxima edição temos o intuito de trazer parcerias comerciais, com marcas que estejam engajadas em causas como a nossa, e assim proporcionar uma estrutura ainda melhor para o evento e os envolvidos.
Foto: Acervo // Festival Poder Preto
Quais outros eventos de cultura negra vocês produzem/indicam?
Naiara Teixeira: Este é o primeiro evento de cultura negra que produzimos, mas foi idealizado a partir de diversos outros eventos que temos experiência como participantes, como os diversos saraus e slams que ocorrem por São Paulo, a Feira Preta, a festa Batekoo, os eventos que são realizados no Aparelha Luzia e na própria Casa Amarela, por exemplo. Este evento traz em sua essência um pouco de tudo isso.
Qual o maior diferencial do Festival Poder Preto?
Naiara Teixeira: Nosso diferencial é o apoio à difusão da cultura independente e negra. Não se trata somente de uma feira ou de uma festa, reunimos de forma coletiva em um mesmo espaço, diferentes frentes criativas e sustentáveis, desde a música, a poesia, a dança, o artesanato, os brechós, marcas independentes e até mesmo a culinária.
Cristhiane: Além disso, a valorização da mulher negra foi nossa maior preocupação com este evento, por isso elas são maioria em todas as frentes do evento. Teremos mulheres negras vendendo, cantando, dançando, tocando instrumentos, falando na roda de conversa. Nós estamos na base da pirâmide social, somos as que recebemos os salários mais baixos, as que mais sofremos violências pelo machismo, que estamos menos presentes nas universidades. Nossa ideia é colocá-las como líderes de seu próprio movimento, para que se sintam reconhecidas e pertencentes à esse espaço.
Deixe um recado para o público que está interessado em ir ao Festival.
Cristhiane Faria: O Festival Poder Preto tem como propósito trazer um dia de muitas atrações e de muita ancestralidade por meio da arte, da música, do empreendedorismo, das conversas e da reflexão. Será possível conhecer poetas, cantores, dançarinos, artistas da cultura popular, do teatro, fazer compras desde roupas, artesanato, vinis, livros, e até mesmo aprender a mudar o visual com oficina de turbantes ou trançar o cabelo.
Naiara Teixeira: A ancestralidade que falamos vem de África, brancos e negros têm sua origem lá, é o resgate da Diáspora, essencial para que possamos entender melhor quem somos e valorizar nossa cultura.
Foto: Tina Cratz
#Serviço
Festival Poder Preto
Casa Amarela
Rua da Consolação, 1075
Domingo, 16 de junho, 14h
Grátis