Beat é Protesto
O debate sobre a conquista por espaço da mulher na sociedade é permanente em muitas áreas da sociedade. A música esta nesse grupo e o baile funk também está envolvido nisso. Já abordamos essa questão no Portal KondZilla diversas vezes e hoje vamos falar do projeto “Beat É Protesto“, idealizado e produzido por sete mulheres que tiveram a ideia de, através de um documentário para um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), retratar a realidade das minas que querem viver de funk.
A cantora Tati Zaqui
Trocamos uma ideia com a Mayara Bonifácio, 24, estudante de Rádio e TV. Ela é uma das idealizadores e diretora do projeto dentre outras sete integrantes. Mayara explicou que as mulheres batalham dia a dia por um protagonismo maior no funk, mas algumas artistas já conquistaram seu espaço. Assim como a trajetória do funk para a alcançar o dito ‘mainstream’.
“Hoje o funk está nas paradas e abre portas pra muita gente, mas foi muito difícil pra ele começar a ser consumido pela grande massa. Nesse universo mainstream encontramos muitas críticas com relação às mulheres”, explica em entrevista. “Essas mulheres que sobem no palco para cantar funk tem um poder muito grande”.
A cantora MC Rita
A diretora também contou que sua principal dificuldade foi encontrar as artistas, principalmente por conta da falta delas nos palcos e nos holofotes musicais. Tanto na academia, quanto fora dela, essa parcela ainda tem que brigar por espaço.
A DJ e produtora Iasmin Turbininha
“A parte da pesquisa de personagens foi a mais difícil. Encontramos pouco material sobre mulheres no funk, artigos acadêmicos ou matérias em geral, é algo muito difícil. Você encontra mais conversando com as pessoas, falei com muita gente, muito boca-a-boca”
Hoje, temos artistas que estouraram a bolha do funk e chegaram ao pop, como Ludmilla e Anitta, mas a mulherada que faz o corre mesmo é difícil de encontrar. “As nossas entrevistadas relataram também que o rolê delas é muito independente, falta apoio de vários setores”.
Moradora da Cohab II, Itaquera, Zona Leste de São Paulo, a estudante conta que teve ideia do trabalho por ser consumidora do mercado funk e, durante a faculdade de rádio e TV, percebeu que o tema era pouco abordado academicamente.
As cantoras MC Mirella e MC Savinon
“Muitas vezes, o funk é tratado como uma cultura menor na academia. Eu, enxergando esse movimento como um movimentando de massa, decidi estudá-lo. Fechei esse recorte de falar do funk sob a ótica feminina”.
“Meu maior debate com os professores foi com relação a visão que muitos deles tinham que as mulheres queriam apenas exibir o corpo no palco, que aquilo não tinha nenhum papel social ou artístico – o que não é verdade. Existe um papel de empoderamento gigantesco, as mulheres que sobem no palco, num ambiente muitas vezes hostil, está se afirmando, abrindo portas pra ela e outras tantas. Além de ganhar seu próprio dinheiro, sendo muitas vezes provedora da própria família”
Se já é difícil pras profissionais de música, para a turma que esta estudando foi mais ainda. Para concluir o projeto, a equipe de Mayara fizeram um crowdfunding para financiar o projeto. Para ajudar na campanha ‘Beat É Protesto’ (BEP pros íntimos) acesse o site da vakinha on-line. Esses trabalhos são fundamentais para documentar a história do funk e mostrar os detalhes de uma das principais culturas de periferia do mundo.