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A trajetória de Neguinho do Kaxeta se entrelaça com a história do funk de SP 

01.12.2022 | Por: Raynã Fulador

O funk, assim como outros gêneros musicais, passou por diversas mudanças com o passar dos anos. Chegou aqui no Brasil nos anos 70, com os bailes que rolavam no Rio de Janeiro e depois foi se espalhando por todo país. 

Antes de chegar à capital paulista, foi na Baixada Santista que o gênero se estabeleceu. Nos anos 90, deixou a influência melody do funk carioca e nasceu o funk proibidão e o funk consciente, junto deles um dos maiores nomes da história do gênero e que acompanhou sua evolução até hoje – Neguinho do Kaxeta.

Tanto o início da carreira do artista quanto o início do funk na Baixada era retratado a realidade dentro da favela, com críticas sociais e principalmente à polícia, o assim chamado funk proibidão. “Joga granada na Blazer, se ela arrebentar por ali que a noite é nossa é tudo nosso” diz a letra do som “Só quem É”, uma de suas primeiras músicas. 

Depois de 2010, quando o funk ostentação surgiu e se popularizou na capital, Neguinho do Kaxeta logo começou a falar de carros, bebidas, mulheres e dinheiro em suas letras e estourou “As novinha tão a mil”, em 2012.

O funk ostentação trouxe uma novidade ao gênero – os videoclipes. Muito também pela influência da KondZilla que percebeu a importância de produzir uma obra audiovisual para cada música a ser lançada, transformando a vivência que eles citam nas letras em vídeo. 

Assim que Neguinho do Kaxeta acompanhou mais uma vez as mudanças no mundo do funk e lançou o clipe da música “A firma tá a mil” lá em 2013. Relembre o hit: 

Foi nesse mesmo ano que NK passou por um dos momentos mais difíceis da sua vida pessoal e profissional. O funkeiro estava dirigindo seu carro no litoral paulista quando foi surpreendido por uma emboscada que resultou em 11 disparos contra seu veículo, Neguinho do Kaxeta foi atingido por quatro tiros mas sobreviveu. 

Infelizmente, outros MCs não tiveram a mesma sorte que o Kaxeta. Durante os anos de 2010 a 2013, o funk passou por um dos momentos mais difíceis de sua história, principalmente na Baixada Santista. Os assassinatos de ao menos 5 MCs marcaram a época em que o funk era visto totalmente como marginalizado e colocava em risco a vida de quem subia aos palcos – não que isso tenha mudado completamente, mas algo evoluiu. Leia a história completa.

Mesmo depois do atentado, NK não desistiu do funk e nem quis parar de subir aos palcos. Na época, as produtoras estavam contratando muitos artistas e mais uma vez Neguinho do Kaxeta surfou a onda do momento e assinou com a GR6, onde está até hoje. 

A gravadora à sua disposição possibilitou que desse mais um passo na evolução do funk: fazer álbuns. Assim foi feito o “Funk On The Beach”, disco que contém um de seus maiores sucessos “Inevitável / Cheiro Bom”, com mais de 80 milhões no YouTube.

Talvez Neguinho do Kaxeta seja o único artista que acompanhou todas as etapas que o funk paulista passou. NK tem mais de 20 anos de carreira e tem hits desde o início dela, mesmo depois de um grande atentado que quase tirou sua vida, nunca deixou de defender a principal bandeira – o funk. 

Ele está no primeiro episódio da nossa série pro YouTube Originals “The Beat Diaspora”, saca só:

Primeiro episódio de The Beat Diaspora

A série é uma viagem musical que retrata o caminho das batidas africanas pro pop mundial, e todos os episódios estão disponíveis no canal da KondZilla.

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