Shevchenko & Elloco passam a visão do movimento bregafunk
Com 10 anos de carreira, a dupla de Recife Shevchenko & Elloco já passou por muita coisa até chegar em 2019, ano em que eles se consagraram com “Toma na Pepeka“, música que se tornou o hino do carnaval do Nordeste e rodou pelo Brasil. Além deste sucesso, a dupla ainda é dona de hits do bregafunk como “Gera Bactéria“, “Tributo ao Michael Jackson” e “Ninguém Fica Parado“, também conhecida como “Chapulêtei”, essa última vai ganhar um videoclipe que sai hoje às 19h, no Canal da KondZilla. Aproveitando a gravação do clipe, o Portal KondZilla encostou no set pra bater um papo com os artistas e entender melhor o movimento das favelas de Recife.
Hoje podemos dizer que Shevchenko & Elloco são dois dos principais artistas do bregafunk do país, um ritmo criado em Pernambuco, misturando o brega com a levada do funk. Já falamos um pouco do bregafunk por aqui, quando falamos com outro monstro do gênero, o Dadá Boladão. Além de representar o som da quebrada de Pernambuco, a dupla ainda é responsável por ajudar a exportar o passinho dos maloka de Recife pros outros estados.
Esse trampo todo vem de muito tempo de caminhada, como disse, eles já estão há 10 anos na estrada. Eles gostam de comparar a carreira deles com um jogo de futebol. “Nossa trajetória no bregafunk é de alegria, tristeza e alegria de novo porque a gente sabe que nessa vida da música, a gente é que nem jogador de futebol: quando estamos acertando tá tudo bem, mas quando não, tá tudo mal”, resume Shevchenko.
O som caiu no gosto da juventude de Recife, que ajudaram a viralizar o movimento pelo Brasil com suas danças publicadas no Youtube. Foi assim que o grupo Lokos do Passinho, viralizou dançando “Toma Empurradão“, da dupla. Depois desse vídeo, Os Lokos entraram para a Tropa, grupo composto pelo Shevchenko & Elloco e outros nomes do bregafunk: Biel Xcamoso, Maneiro na Voz (ou MC Maneirinho do Recife), e o MC Balakinha. Pronto, literalmente a tropa ta formada.”Os grupos de passinho são o grande forte da música pernambucana. A gente sabe o quanto é difícil divulgar as músicas, mas com os meninos do passinho, isso ficou mais fácil. Se o som for bom, todo mundo vai dançar, foi o que aconteceu com a gente”, relata Shev. “Nos juntamos com os meninos do passinho pra ajudar a divulgar o movimento do bregafunk e ajudar os jovens a sair da besteira e ir dançar. Na época até a KondZilla fez uma matéria sobre o passinho e por causa disso a galera achou que a gente ganhou pra vir gravar um clipe aqui, mas não, nós que conseguimos isso”.
No dia da gravação de “Ninguém Fica Parado”, a dupla explicou que gravar com a KondZilla era uma conquista para eles e pro movimento. “Botamos na cabeça que a gente tinha que fazer nossos shows pra realizar esse sonho de gravar o videoclipe que é um dos maiores canais de funk, né? A galera lá sempre comenta os clipes do MC Rodolfinho, do Guimê, e agora vai chegar Shevchenko & Elloco representando o bregafunk na KondZilla. Só imagina”, comentam.
Com a popularidade crescendo, a responsabilidade com o conteúdo das músicas veio junto. “Teve um show nosso no interior do Pernambuco que foi muito especial. Tinha um menino de cadeira de rodas que gostava tanto do passinho que começou a dançar na cadeira e chamamos ele pro palco. Depois descobrimos que a mãe dele é evangélica e foi pro show por causa do filho. Temos que pensar nisso tudo, até porque o passinho serve como uma terapia, uma forma de entreter os jovens. A música não é só um jeito de ganhar dinheiro, é de ajudar os outros”.
Tudo isso leva a um trampo mais profissional, mirando em patamares ainda maiores. “Lá na nossa quebrada, todo mundo sabe quem é Shevchenko & Elloco e a Tropa, mas a gente quer alcançar um público maior”, conta a dupla. “A gente viu que as músicas tavam com muito palavreado, e decidimos fazer umas coisas mais lights pra tocar na televisão”.
Pensando nessa representatividade do seu público e cultura, uma coisa muito bacana nas músicas da dupla, é que eles acham importante representar a galera que estão com eles. Foi assim que nasceram as músicas “Olha o Carro do Ovo” e “Pipoqueiro” que falam de vendedores ambulantes. “A gente representa essas classes que são menos favorecidas, tipo os pipoqueiros. Quem um dia imaginou que ia ter um bregafunk sobre eles? Aí fizemos”, Elloco passa a visão. “Muitos amigos nossos trabalham vendendo ovo, e a gente se identifica com isso porque já até catamos latinha”.
Bregafunk pelo Brasil todo
A dupla já contou em uma entrevista que o bregafunk ainda sofre muito preconceito, mesmo em Pernambuco. Mas agora, com a viralização do ritmo em outros lugares do Brasil, isso tudo pode mudar. “Assim como o funk nasceu no Rio de Janeiro, a gente sabe que o bregafunk veio do Recife, mas ver os MCs de São Paulo, ver os caras como o Dynho Alves cantando e tocando as nossas música, é uma conquista”, diz Elloco.
“A autoestima do povo de Pernambuco é muito ruim, a gente se sente rejeitado, mas botamos na cabeça que queríamos cantar funk e estamos realizando esse sonho. Já chegamos até a KondZilla e agora queremos ir pro Faustão e ir ajudando todo mundo que cola com a gente”, diz Shev.
E a dupla ainda tá aí provando que o bregafunk não é nada do que a galera preconceituosa diz que é e que o ritmo tem potencial pra ir mais longe. “Não quero mais soltar música só no Pernambuco, quero lançar fora e fazer shows fora, que nem os MCs de São Paulo que tocam no Recife, meu sonho é tocar numa Nitro Night, cantar na Villa Mix, no Lollapalooza”, diz Shevchenko. “Queremos tocar no maior festival do Sul, Baile da Colômbia e estar no destaque lá o nosso nome no evento”.
Acompanhe a Tropa pelo Instagram: Shevchenko // Elloco // Biel Xcamoso // Balakinha // Maneiro Na Voz // Os Loko Oficial