Comportamento

Prato Firmeza: guia com lugares pra bater um rango e ajudar empreendedores de favela chega ao RJ

17.01.2022 | Por: Glória Maria

Na quebrada as pessoas também gostam de gastronomia, ou seja, comer comidas diferentes e frequentar estabelecimentos novos com o valor acessível. O ‘’Prato Firmeza’’, um guia gastronômico que indica lugares legais para comer na quebrada e  impulsionar os empreendimentos locais, já provou isso com suas edições paulista. E agora, ele chegou nas comunidades do Rio de Janeiro, encosta aqui na KondZilla porque vamos contar essa novidade.    

Guia Prato Firmeza

Chegando no Rio de Janeiro, o guia segue com objetivo de mapear histórias de estabelecimentos que produzem aquela comida caprichada nas favelas. Histórias carregadas de ancestralidade e cultura, unindo desde aquele público que vai assistir a partida de futebol à galera saindo do culto em lugares para comer.

Pra isso chegar em terra carioca, a Énois (idealizadores do Prato Firmeza em sampa) convidou o data_lab, especialista em narrativas na favela da Maré, e o LabJaca, que fala de dados e narrativas sobre as favelas, para tocar esse trabalho. 

Carol Pires, 37, coordenadora geral da Énois, conta que os envolvidos nesse role passaram por uma formação online a qual abrangeu diversos temas como fotografia e jornalismo gastronômico para dar base e o pontapé para a produção do guia. Também, compartilha que ver o projeto atravessando o estado, indo para outro território foi uma das grandes importâncias. 

“Sair do eixo de São Paulo, e mostrar à cultura alimentar de outro espaço mostra a diversidade de histórias que temos. Os empreendedores também puderam se ver no guia, algo com a identidade deles, é um reconhecimento”, afirma.  

Equipe de comunicadores

O guia contém 19 reportagens produzidas por comunicadores das favelas do Jacarezinho e Manguinhos(na zona norte do Rio) trazendo os detalhes das comidas. Bruno Sousa, 23, morador de Jacarezinho, é cofundador do LabJaca e um desses comunicadores. Para ele, fazer as escolhas dos restaurantes, conversar com os donos e donas dos estabelecimentos foi importante para valorizar a quebrada e levantar a autoestima da comunidade. 

“Produzir o primeiro PF fora de SP foi especial e deu aquele up na nossa comunidade, principalmente após a chacina do Jacarezinho. O PF alavancou nosso olhar na produção, agora estamos pensando em criar outros livros e guias”, comenta.

Como cria que sente e toca produções em Manguinhos, ter conhecido diversas histórias inspiradoras da minha favela foi fortalecer laços com os empreendedores para futuros projetos. Não vamos parar por aqui”, cofundador do LabJaca, Vinicius Morais.

Vinicius Morais, 31, morador de Manguinhos, produtor cultural e audiovisual, também ressalta o papel da edição por trazer uma narrativa positiva dos territórios e reforçar a autoestima dos moradores da favela, mostrando que também são locais de boa gastronomia, empreendedores de visão e potência econômica. Segundo ele, geralmente, as comunidades cariocas aparecem na grande mídia por meio da violência policial e da precariedade dos serviços públicos.

Além do mais, como afirma Elena Wesley, 30, jornalista e coordenadora de conteúdo no data_labe, o guia é importante pois tira do foco somente os pontos centrais como turísticos da cidade maravilhosa. De acordo com ela, o lugar  vai além dos picos nos cartões-postais que sempre vemos por aí. ‘’A cidade não é apenas Cristo Redentor, Copacabana, tem uma periferia que pulsa, onde a cultura é muito forte e a gastronomia é parte importante nisso,’’ declara a comunicadora.

E o que tem afinal neste guia?

O boteco da Tia Lauzinha é uma das indicações do PF, o qual é tocado por Ricardo Araújo, 48, morador de Manguinhos, O empreendedor dá sequência ao estabelecimento que carrega a ancestralidade matriarcal de Lauzinha, sua mãe, inclusive nome do boteco Ela ensinou as receitas à Ricardo, onde ele pôde seguir tocando o comércio o qual tem tanta importância para a comunidade.

Para ele, o guia potencializou os moradores, mostrando outra versão da comunidade: “Manguinhos é repleta de pessoas de bem, que fazem a diferença. Nós vamos muito além dos muros invisíveis da sociedade, e o Prato Firmeza reforçou esse apoio aos comércios, e as histórias de nosso território”, comenta.   

Porção no boteco da Tia Lauzinha

Tem o “Cachorro-quente do Ronaldinho” com uma barraquinha de estilo pop star, chamando a atenção de longe. Lá você encontra aquele dogão 100% carioca com ovo, chegando a ter uns nove ingredientes. Pra  ninguém colocar defeito no tamanho e na qualidade, é só encostar no Jacarezinho na rua Amaro Rangel, 62, durante o horário de funcionamento de terça a domingo das 15h à 0h. 

Cachorro-quente do Ronaldinho

Ainda no Jacarezinho, se a sua parada for tomar uma breja, você pode conhecer o “Paris beer” na Avenida Guanabara 137, Beira do Rio Jacaré. Para você que gosta de sentar, relaxar e tomar aquele chopp é só brotar  todos os dias a partir das 17h. As opções são o chopp claro, escuro e chopp de vinho, além de ter um porção gigante que serve de quatro a cinco pessoas. 

“Paris beer”  fica na Avenida Guanabara 137, Beira do Rio Jacaré

Por fim, corre no “Cantinho da Maria” lá em Manguinhos para comer aquela comida caseira de responsa. Aberto de terça a sábado, das 10h às 15h30, na rua Cambuci, 40, o baião de dois com um carne de sol, comida nordestina, não vai te deixar na mão. 

“Cantinho da Maria” para comer aquela comida caseira de responsa

Para conhecer outros pontos turísticos do Prato Firmeza RJ, Jacarezinho Manguinhos acesse o link: Prato Firmeza RJ – Guia Gastronômico RJ – Jacarezinho e Manguinhos. Marcha comer e fortalecer as quebradas do brasilzão?

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