Comportamento

O projeto “Criando Criadores” forma agentes culturais na quebrada

08.08.2017 | Por: Guilherme Lucio da Rocha

Não é de hoje que a periferia sofre com a falta de opções de lazer e cultura. Porém, existem alternativas para suprir essa falta de presença do Estado. Uma dessas alternativas é o projeto Criando Criadores, que fomenta a criação de agentes culturais dentro da periferia com um curso de duração três meses, e o Portal KondZilla foi conferir na “formatura”, como funciona e qual a ideia desse curso. O evento de conclusão aconteceu no Festivarte Ermelino, realizado neste domingo (6), no distrito Ermelino Matarazzo, zona leste de São Paulo, e teve como principal convidado o rapper Rincon Sapiência.

Para você entender melhor, o Criando Criadores tem a proposta de fornecer formação técnica para agentes culturais da periferia, visando as zonas mais afastadas da cidade e as mais carentes de cultura. A iniciativa tem apoio da empresa ArcelorMittal Brasil, através do edital ProAc do Governo do Estado. Com início neste ano, a primeira turma do projeto começou em maio e ao longo de três meses, os cerca de 40 alunos aprenderam todas as informações necessárias para produzir um evento, desde a divulgação e promoção, até a solicitação junto a prefeitura para liberação de alvarás e autorizações. Tudo isso de forma gratuita para os estudantes.

“Notamos que havia uma carência de pessoas na periferia com bagagem de produção de eventos. E nosso foco foi esse, fornecer ferramentas para os alunos terem uma noção teórica e prática, fomentando assim eventos culturais na periferia”, explica Tomás Gonzaga, coordenador-geral do Criando Criadores.

Depois dos três meses de curso, os alunos tiveram um teste a vera: a realização de um evento cultural na quebrada, mais especificamente em Ermelino Matarazzo. E que tal já colocar em prática todo o conhecimento no próprio evento de organização? Essa foi a ideia dos educadores.

“O curso foi realizado na ocupação aqui de Ermelino e tínhamos participantes de toda a cidade, tinha gente vindo até do Capão Redondo, lá da Zona Sul. Porém, boa parte do pessoal era da Zona Leste mesmo. Por isso, eles [alunos] procuraram artistas que se identificassem com a quebrada e também comerciantes da região, pois sempre tem aquele amigo do dogão, que faz comida vegana, entre outras coisas”, disse Tomás.

O Festivarte contou com a presença de artistas como a MC Soffia, o cordão Samba do Tempo, a poetisa Mariana Felix, além da grande atração do dia, o rapper Rincon Sapiência. Além dos artistas, como disse Tomás, o evento também contou com a presença de comerciantes locais que ficaram responsáveis pelos comes e bebes. A criançada também teve seu espaço, com brinquedos e opção de lazer.

Artistas de grafiti fizeram trabalhos durante o evento em Ermelino Matarazzo

“O mais valioso para nós, é ver a importância da cultura na periferia. Não é só a questão do lazer, mas também levar e receber informação.Trabalharmos em conjunto em prol da periferia. Esse foi o ponto principal do projeto”, avalia Priscila Akiyama, uma das alunas do curso.

Com cerca de sete horas de duração, o evento contou com uma estrutura completa, segurança e foi sucesso de público. E a expectativa é que em 2018 o projeto tenha continuidade.

“Foi o primeiro curso e ficamos felizes com resultado, os alunos conseguiram cumprir todas as metas estipuladas, foi tudo bem programado. A gente quer continuar aqui, ele tem um foco no desenvolvimento da Zona Leste, mais especificamente de Ermelino Matarazzo”, finaliza.

Se ficou interessado no curso e em conhecer melhor esse mundo dos agentes culturais, conheça um pouco mais do trabalho do Criando Criadores e de outras partes envolvidas no projeto, como o Cingulado, Movimento Cultural Ermelino Matarazzo, e o ProAc, programa do governo estadual de incentivo à Cultura.

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