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Seis anos sem MC Daleste

07.07.2019 | Por: Guilherme L. da Rocha

A cultura baile funk na cidade São Paulo é, digamos, recente. Começou a florescer apenas no final da década passada, lá pra 2007, 2008, com o surgimento do funk ostentação. Nomes como MC Nego Blue, MC Dede, MC Guimê, MC Rodolfinho e MC Boy do Charmes se destacavam na cena, mas um deles chamou a atenção pela versatilidade nas músicas e pelo carisma: MC Daleste. Daniel Sena Pellegrini foi assassinado em 7 de julho de 2013 e teve sua carreira meteórica interrompida, deixando uma pergunta no ar: onde estaria MC Daleste hoje? O Portal KondZilla vai contar um pouco da história do MC e reforçar sua importância pra essa cultura.

Daniel Sena Pellegrine nasceu em 30 de outubro de 1992 e começou a cantar lá no final da década dos anos 2000. Em entrevista à Funk TV Visita, o MC Daleste contou que em seu primeiro show, quem o “ajudou” chamando pra cantar no palco foi o MC Keke, que à época era conhecido pelo sucesso “Ataque Soviético”, um funk proibidão.

Por falar em funk proibidão, foi nessa vertente que o MC Daleste começou. E, diferente de muitos MCs da época que se espelhavam na Baixada cantando o funk de relato, o ritmo serviu para Daniel como uma espécie de trampolim pro funk ostentação. Com suas primeiras músicas de relato, como “Mãe de Traficante” e “Gosto Mais do Que Lasanha”, o cantor apareceu pra cena como um grande cronista da vida de favela.

No entanto, na capital, o funk ostentação invadia as favelas paulistanas e chamava a atenção do Brasil. Daleste, como um artista diferenciado, passou a compor músicas pra essa vertente. E deu bem certo. No currículo, o cantor tinha sucessos como: “Ostentação Fora do Normal”, com o MC Leo da Baixada, “São Paulo”, “Mina de Vermelho” e “Mais Amor, Menos Recalque”.

Em 2013, MC Daleste vivia seu auge. Um dos maiores MCs da cena, rodava o estado com shows chegando a ir para outros estados, ele tinha sucessos na boca do povo e recebia os maiores cachês da época. No entanto, sua trajetória foi interrompida a tiros no dia 7 de julho. Mas esses tiros não mataram o seu legado, sete dias depois foi publicado o videoclipe de “São Paulo”, que atualmente tem 69 milhões de visualizações.

Depois da morte do MC Daleste, o funk paulistano sofreu uma revolução com a chegada do funk putaria. Uma enxurrada de novos MCs, como MC João, MC Pedrinho, MC Livinho, entre outros, mexeu com as estruturas e a consolidação da KondZilla levou o funk de São Paulo a níveis globais. Isso sem falar em todo o profissionalismo que a cultura como um todo ganhou, estando presente em todos os espaços que merece.

Porém, sabendo que Daniel tinha todo o seu talento e a uma capacidade única de se reinventar, fica sempre aquela dúvida: onde estaria o MC Daleste no funk de hoje?! Ficamos com a “resposta” do MC Léo da Baixada, em conversa com o Portal KondZilla há dois anos.

“Ah mano, o Daleste era um cara muito inteligente e, com certeza, hoje estaria adaptado com tudo que vemos hoje. Tanto que antes de morrer, ele falava que mudaria o nome artístico dele para Daniel Pellegrini, que era o nome “real” dele, para fazer uns trampos mais comerciais”, relata o MC que ainda hoje sente falta do amigo. “Ele era diferente mesmo, uma pessoa iluminada”.

Outro MC que lembra do amigo Daleste, é o Negão do Arizona. “A gente deu muita raça pelo funk. Eu lembro da época que o Daniel ia lá em casa, andava pra caramba porque eu morava na Penha, ele pegava a Avenida Cangaíba inteira com um caderno de baixo do braço atrás de mim para nós cantar. Eu aprendi muito com ele”.

Em São Paulo, a deputada estadual Leci Brandão criou a lei do Dia do Funk. Assim, sua morte não será em vão e sempre lembraremos do MC Daleste.

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