Mais que um viral, MC Naninha tem história e talento pro funk
A MC Naninha fez sucesso com o vídeo do Império Bronze, que mostrava a cantora carioca improvisando um funk ao lado da dona da clínica de bronzeamento. O negócio viralizou e a Naninha se tornou uma queridinha do Twitter. Mas para além do meme, ela tem uma história de luta e uma trajetória longa no funk.
Naninha é um talento em ascensão no funk carioca e está fazendo sucesso com a música “Me Separei Porra”, uma resposta ao som do MC Denny que acumula quase 70 mil visualizações em duas semanas. Cria da Vila Kennedy, em Bangu, Zona Oeste do Rio, até chegar nesse patamar ela passou por muitas dificuldades na vida. O pai não era presente em sua vida e a sua mãe faleceu quando ela tinha apenas 15 anos. “Eu não tive nem pai nem mãe. Quando minha mãe morreu, eu e meus irmãos vendemos a casa dela e compramos um cantinho pra cada um. Eu tive ajuda da minha irmã, mas desde então eu me criei sozinha”, conta.
Atualmente com 31, Naninha teve o primeiro filho aos 16 anos sozinha porque o pai abandonou a criança. Foi dessa experiência que ela criou o seu lema: “O homem que é culpado da mulher virar piranha”, uma ideia que está em todas as suas músicas. Ela explica: “Eu digo isso porque eu já vi muitas vezes o homem fazer um filho e sumir, deixar a mulher lá com uma mão na frente e outra atrás. Na hora do sexo ele comparece mas na hora de criar, some. E aí a mulher tem que ir atrás de ganhar dinheiro, às vezes faz um book rosa [fazer sexo em troca de dinheiro ou favores] e procura um jeito pra sobreviver. Eu mesma passei por isso. Ser piranha é tipo uma vingança contra os homens que fazem essas coisas”.
Antes de ser MC, Naninha era dançarina de funk. Ela já escrevia algumas letras e aos poucos foi soltando a voz. “Comecei a cantar mais ou menos em 2013. Minhas músicas tocavam muito na rádio da favela, que hoje em dia nem existe mais. Eu tinha minhas músicas mas ninguém nunca acreditou muito, ninguém nunca investiu em mim. Acho que pensavam que era só uma favelada cantando putaria, não davam valor”, ela conta.
Esse quadro mudou quando a MC Marcelly, uma relíquia do proibidão e da putaria do Rio, conheceu a Naninha. Elas se encontraram na durante a gravação do videocast do DJ RK de Marrocos na Roda de Funk, onde cada uma participou cantando uma música. “A Marcelly e o marido dela, Frank, disseram que eu tinha talento. Eles acreditaram em mim e no meu talento. Investiram no clipe de “Me Separei Porra” e tão cuidando do meu trabalho”, comemora Naninha, que hoje vive da sua música. Ela também também participou de uma Roda de Funk pesadona em agosto e tem um novo clipe na rua: “Trabalho Lindo”, que brinca com o meme a projetou.
Feliz com a boa fase, a MC Naninha termina a nossa conversa deixando um recado para outros talentos das favelas: “Não desista e não deixa de acreditar no seu talento. Você precisa acreditar em você que o seu momento vai chegar também”.
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