Comportamento

Julho é o mês de pipa no céu

23.07.2019 | Por: Wenderson França

O mês de julho é marcado pelas férias escolares do meio do ano letivo e para complementar a diversão o mês também é marcado pela época de pipas. Lazer barato e acessível é o lema da favela. Quem nunca conseguiu aqueles cinquenta centavos para adquirir um peixão na doceria mais próxima de casa e passou a tarde olhando para o céu?! É, esse costuma ser um dos passatempo da molecada da quebrada nos dias tranquilos, já que as férias do meio do ano não dá pra tomar banho de mangueira, pois estamos passando por aquele friozinho de inverno. Sendo assim, o Portal KondZilla colou no Terminal de Cargas do Grau em Guarulhos para registrar a brincadeira da rapaziada.

Na mão da molecada sacolinha de compra do mês viram rabiolas, enquanto as moedas do troco do pão são convertidas em pipas. Tem ainda aquela galera que se arrisca confeccionando seus próprios pipas manualmente, assim acabam economizando o dinheiro, que é pouco, e deixam para tomar aquele guaraná depois de gritar muito ‘RELO’. A brincadeira ainda é marcada por não se prender a idade. Afinal, os pipas alegraram várias gerações no Brasil inteiro e segue fazendo o seu papel de lazer.

A correria entre os carros é inevitável. As idades se misturam, crianças de 6 anos, se divertem com adolescente de 15 anos, que se misturam com jovens de 20 anos, que desfrutam do momento de lazer com adultos de 40 anos. No final, tudo é sobre a diversão das pipas.

É inevitável não observar a evolução do esporte das periferias, antigamente, as latas de linhas eram as latas de refrigerante que ficavam jogadas pelas ruas da comunidade. Hoje o que se enxerga são carretéis bem decorados e cheios de linhas coloridas e cortantes, a famosa linha chilena. Mas pera lá, a tradição ainda se mantém em alguns aspectos, a molecada continua acordando cedo para ver o sol nascer e esperar o momento de colocar sua pipa no alto. Os dedos ainda são cheios de cortes por causa das linhas com cerol. Nada que um esparadrapo não segure a ardência até o anoitecer, momento de sentar com os amigos e comentar quantos pipas cortou pela tarde.

E para empinar pipa precisa ser ligeiro, 20 segundos talvez seja tempo suficiente para que sua pipa se vá. Por isso, sem pudor os jovens andam de cima a baixo com seus pedaços de bambu na mão a espera do momento em que conseguiram uma pipa mandada ainda caindo do céu.

Só que pera lá. Todo cuidado é pouco, soltar pipas pode ser uma boa distração, mas precisa respeitar algumas regras básicas para que nada fuja do controle e ninguém saia machucado. Primeiro de tudo: tome cuidado com linhas com cerol, elas são as principais causadoras dos acidentes envolvendo as pipas. Você sabia que o cerol em contato com cabos elétricos, pode causar curtos-circuitos e descargas elétricas, além do rompimentos dos fios? Então não deixe de tomar cuidado com isso. Ainda no caso do cerol atenção com os ciclistas e motociclistas. Não menos importante fiquem atentos quando forem atravessar as ruas atrás dos pipas, essa é uma das causas de atropelamentos mais comuns. Afinal, a gente sai pra rua pra curtir e se divertir, não vamos estragar as férias com um problema desses.

  • Para você entender

Desbicar: movimento contrário para baixo;
Relo: Cortou mais um pipa;
Laçar: junção das pipas no ato do corte;
“Manda busca”: Ir atrás do seu adversário para laçar;
Foi na mão: O pipa foi cortado quase na mão do esportista;
Mandado: Pipa que foi cortado;
Cerol: Mistura de cola e vidro que são aplicadas as linhas;
Raia: Pipa sem rabiola;
Aparar: Pegar com sua pipa uma outra pipa no ar;
Chapar ou embolar: Encontro de duas pipas de modo que se enrosquem sem se cortar;
“Tá na minha”: Expressão usada quando se consegue pegar uma pipa voada primeiro;

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