Comportamento

Conheça o ‘passinho dos maloka’ com o NGKS

31.08.2017 | Por: Guilherme L. da Rocha

Já mostramos aqui no Portal KondZilla que o funk e a dança estão bem ligados um ao outro. Em São Paulo, até um tempo atrás, o que reinava era o passinho do romano. Hoje, tem um tal de ‘passinho dos maloka’ (popularizado com K e sem concordância), que está invadindo os fluxos da norte a sul e começam a surgir vídeos na internet apresentando a dança. Para entender dessa novidade, nada melhor que falar com quem anda chamando a atenção. Hoje vamos apresentar o grupo NGKS, um bonde que ficou famoso no YouTube, com direito a vídeo com mais de um milhão de visualizações, não só por conta do ‘passinho dos maloka’, mas também pelo seu estilo diferente. Se liga na ideia:

O NGKS (sigla para NeGrosKiS) foi criado – pasmem – no carnaval desse ano, por um pessoal que se conheceu na escola e já embrazava nos passinhos em bailes pela Zona Sul de São Paulo. No total, eles são em 16 jovens – além dos amigos e amigas que colam no rolê -, entre 17 e 22 anos, que têm em comum o gosto pela dança, pelo funk e uma atenção caprichada no estilo.

Depois de fazer sucesso com toda uma moda black em um bloco carnavalesco na Faria Lima, o grupo decidiu gravar alguns vídeos dançando uns passinhos que eles viam na internet. Hoje, eles acumulam milhões de visualizações no YouTube e no Facebook, e já não são um bonde só de dança, com direito a música gravada e agenda de shows.

Mas afinal, o que é esse passinho dos maloka? Essa nova dança tem de diferente o molejo dos ombros, principal destaque, além do movimento das mãos, meio que fazendo de conta que tá empinando pipa, também tem apontando pro nada, gente fazendo adoleta com os amigos, etc, enquanto as pernas soltas como um boneco de corda marcam o compasso da dança. Todos esses movimentos desconstroem o que era o passinho do romano, uma dança mais ligada a sarrada e o movimento jogado e descoordenado dos braços. Se liga na diferença do maloka pro romano:

Diferente do passinho do romano, que ficou conhecido por conta de uma homenagem que foi popularizada nos fluxos paulistanos, o passinho dos maloka tem uma origem pouco conhecida, mas o que se sabe até agora é que a popularidade da nova dança tá como? Lá tá no teto, com direito a pistas dedicadas a galera que embraza nessa novidade.

Arrisco dizer que o diferencial do NGKS vai além da dança. Algo como desconstruir a imagem padrão do funkeiro paulistano, uma das prioridades dessa rapa. Pra facilitar, vou listar as diferenças: ao invés de cabelo raspado na zero baixa e com riscos chavosos, blakpowers com mechas loiras. Ao invés de camisas de grife italiana, marcas de street wear americana. Ao invés de pisante da Misuno, Air Jordan ou NMD. E a molecada diz que não é fácil ser aceito no rolê portando esse kit – afinal, mudanças desse tipo soam estranhas pra qualquer um.

Mas a crítica parece ser minoria no movimento, e aos poucos esse estilo vai tomando conta da quebrada. Nos bailes, você já vê a galera se ajeitando diferente.

E o pessoal do hip-hop, que tinha ganhado o estigma de ser “dono” desse estilo, cedeu espaço pro funk, inclusive abrindo as pistas pro ritmo nos bailes blacks. Sim, tem muito baile black tocando aquele “vai, vai, oh, oh” típico do funk (se você não leu cantando, clique aqui e entenda o que eu quis dizer).

O NGKS também deixa claro que no rolê também tem espaço pra mulherada. E se eles fazem questão de debater a importância da negritude e de se imporem como pretos, o respeito as minas também é fundamental. E elas não deixam por menos na questão estilo, também se diferenciando daquele estilo padronizado que muitos enxergam a mulher funkeira.

Agora tu pensa: beleza, legal essa estileira aí. Mas eles devem gastar bastante com essas roupas gringas, certo? Na prática, a teoria é outra. Entre uma promoção e outra, um presente de Natal e um de aniversário, alguns também arriscam uns brechós para montar o guarda-roupa. Além do que, sempre rola aquela parceria entre parças. E o que é caro, tipo corte de cabelo, se dá um jeito. O pessoal do NGKS, por exemplo, fechou uma parceria com a barbearia Dona Navalha, que também é do Capão Redondo, e pra manter a cabeleira na estica serve até improvisar com esponja de lavar louça na hora de dar um tapa na cabeleira em casa, ao invés de comprar aquela escova chique de R$50.

É muito difícil dizer se esse movimento vai ser uma revolução ou não, tanto na dança como nas roupas, mas parece que esse estilo veio pra conquistar o seu espaço. Isso não quer dizer que os cyclonados estejam saindo de moda, pelo contrário, esse novo hype veio pra somar. A diversidade faz bem e faz parte da cultura do baile funk, até porque, se tem uma galera que gosta de ousar, é a galera do funk.

Acompanhe o trabalho do NGKS pelas redes sociais: Facebook // Instagram

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