Comportamento

Conheça Melk da Silva, o chave que toca funk no violino: “Quero encaixar duas coisas que não combinam!”

12.03.2021 | Por: Rayane Moura

Consegue imaginar um instrumento clássico tocando o batidão da periferia? É uma coisa totalmente fora da nossa realidade, mas que hoje é possível e já acontece. Cola no Portal KondZilla e pega a visão! 

Melquisedec da Silva Conceição, de 28 anos, mais conhecido como Melk do Violino, é musicista e toca sucessos do funk no violino. Morador de Aglomerado da Serra, em Belo Horizonte, considerada a maior favela de Minas Gerais, Melk compartilha vídeos mandando os sons no Instagram.

Assim como muitos jovens da periferia, Melk começou a tocar violino ainda na adolescência em um projeto na comunidade. “Eu comecei em 2009 em um projeto social. Eu sempre estudei em escola pública e eles passaram um dia perguntando quem queria participar de um projeto de música. Como era gratuito e dava pra ir a pé eu fui”, explica. 

Já a ideia de tocar funk no violino surgiu mais de uma forma natural, e Melk mandou o papo de como aconteceu: “Eu sempre morei na periferia e funk é algo bem comum. Como eu aprendi violino, veio a junção. No começo eu ficava meio receoso e só gravava no meu celular mesmo sem divulgar”, explica Melk, que venceu a vergonha e o medo depois de compartilhar o primeiro vídeo.

“Eu nunca tive Instagram e criei tem um ano e meio mais ou menos. Com o decorrer do tempo eu fui gostando de postar e lancei o meu primeiro vídeo de funk. Na época fiquei com um pouco de vergonha e medo mas foi. Eu resolvi postar para tentar quebrar essa barreira entre funk e a parte erudita, como se eu quisesse encaixar duas coisas que não se combinam” conta Melk, que já tocou diversos hits no violino. 

Músicas como “Oh Juliana” do MC Niack, “Eterna Sacanagem” do Jottapê, Kekel e Kevinho, “Positividade” do MC Bola e MC Magal, “Esquema louco” do MC Guri, e o Set DJ Vitor 2.0, são algumas canções que Melk já passou para o violino. Além do funk, o músico também toca outros hits de sucessos, como Marília Mendonça, Dilsinho, Tierry e Barões da Pisadinha

“Eu estou fazendo algo que ‘não combina’, então muitas pessoas acham o máximo mas alguns eruditos acabam criticando. Para eu lidar com a situação é muito tranquilo, sempre lidei com críticas devido a cor, cabelo, classe social, etc. Agora eu tocando funk no violino não seria diferente”, explica Melk sobre as críticas que recebe. 

“Isso é algo que não é comum, então tenho que aguentar as críticas. Só lembrando que as críticas são poucas, graças a Deus o pessoal tem gostado bastante”, conta ele, que também se formou em Licenciatura em Música. 

Melk trabalhou durante um tempo como músico, mas não conseguiu ter a profissão como única fonte de renda. Atualmente ele é entregador, e usa a música como uma renda extra. 

Sobre como ele pega a melodia dos funks e passa para o violino, Melk conta que faz tudo apenas ouvindo as canções. “Tem duas formas de você pegar uma música: você procura a partitura, 90% das pessoas fazem isso, ou você tira de ouvido. Eu sempre tiro de ouvido por costume, eu acabei aprendendo e acho mais fácil”, explica. 

“E detalhe importante, o funk geralmente não é tocado em instrumentos como o violino, então é praticamente impossível você encontrar a partitura, aí a solução é tirar ouvido. Eu escuto as músicas várias vezes, decoro e assim eu toco”, conta ele, que sonha em fazer uma participação em um clipe ou música de funk. 

Melk também mandou um papo sobre as principais inspirações no funk. “O Konrad pela história de superação e onde ele conseguiu levar o funk. Eu acompanhei uma entrevista dele com outro ‘monstro do Marketing’ que é Tiago Fonseca, e ele conta um pouco sobre de onde veio, como começou e quem vê aonde chegaram nem dá pra acreditar”, explica. 

O músico também conta que as músicas atuais do funk também se tornaram uma motivação para continuar. “Atualmente as músicas no estilo ‘favela venceu’ vem tomando bastante espaço no meio dos MCs. O que achei bacana é que isso acaba mudando um pouco a mente das pessoas que assistem para que elas percebam que o funkeiro não pensa só em curtir mas também tem consciência, tem vontade de mudar de vida, mudar a condição da família, ajudar os outros e etc”, explica. 

Como Melk relatou, o funk no violino é uma novidade, além de ser um trampo ouvir e passar toda a melodia para um instrumento clássico. Se você curte um pancadão, música clássica, e gostou dessa junção, não deixe de acompanhar o Melk no Instagram. E continuem ligados no Portal KondZilla para ficar por dentro de todas as novidades! 

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