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Isa Penna sobre o assédio na política: “usaram um vídeo meu dançando funk para tentar justificar”

12.05.2021 | Por: Rayane Moura

Eleita em 2018 com 53.838 votos, Isa Penna (PSOL) é deputada estadual e ocupa uma cadeira na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) com uma Mandata Coletiva e Feminista. 

Em dezembro de 2020, ela foi assediada pelo deputado Fernando Cury (Cidadania), durante a votação do orçamento do estado para 2021. O caso aconteceu para que todos presentes no plenário da Alesp pudessem ver, na frente do presidente da Casa, o deputado Cauê Macris (PSDB).

O constrangimento começou após a repercussão de um vídeo no qual Penna dançava funk. “O meu corpo estava sendo debatido, o deputado, então, se sentiu à vontade”, afirmou a deputada em entrevista à CNN

Mesmo com a reação de Isa com tal situação, nenhum parlamentar ao redor se manifestou. Todos permaneceram em seus lugares, seguindo com as suas conversas. 

Em um papo com o Portal KondZilla, durante a gravação do Hervolution, Isa Penna mandou uma visão sobre o caso: “Eu comecei a dançar o funk de campanha do Boulos durante as eleições, e o povo começou a me zoar, falando que eu estava sensualizando para pedir voto para o Guilherme, como se eu tivesse me prostituindo sabe, aí eu tive que parar de dançar nas eleições”, explica a deputada. 

Mesmo não dançando publicamente, o vídeo viralizou com diversas pessoas criticando Isa por ser uma deputada e dançar funk. Durante o processo que acusa Fernando Cury de importunação sexual, um trecho de Penna dançando foi exibido. “A justificativa que foi usada por um dos deputados foi mostrar o vídeo que eu estava dançando funk, e usar a frase ‘quem quer respeito, tem que se dar o respeito'”, diz a deputada. 

“Tinham câmeras, tinha o presidente e mesmo assim ele se sentiu à vontade”, conta Isa, relembrando que tentaram justificar o assédio com o vídeo em que ela dança funk. No início de Abril deste ano, Fernando Cury foi acusado de importunação sexual e afastado por seis meses. Essa foi a primeira vez que uma casa legislativa no país dá uma punição para um caso de assédio contra uma mulher.

Mesmo com a situação que passou, Isa não deixou de ser ela mesma. No TikTok, a deputada tem cerca de 34 mil seguidores, e mais de 276 mil curtidas desde que ingressou na plataforma. Na rede social, ela faz diversas dancinhas e chalenges que estão na moda. No Instagram não é diferente, se liga: 

Importância do Hervolution 

Sobre o Hervolution, Isa ressalta a importância do projeto: “Em todas as áreas, existem diversos projetos que querem dar dignidade e visibilidade para a existência das mulheres. O Hervolution parte da cultura, e a cultura é a forma mais direta de chegar no coração das pessoas. E a gente precisa disso, precisa do programa político, das políticas públicas, mas a gente precisa para transformar uma sociedade de inspiração necessariamente, por isso a cultura é tão importante.”

Além disso, Isa é conhecida em seu mandato por trazer uma equipe bem plural. “A vivência do que é ser uma mulher negra, de ser uma mulher trans, ela precisa ser abordada senão esse sujeito não existe para o poder, ele não existe para o estado, então ele não existe como o sujeito de direito”, conta

“Então a importância de trazer esses sujeitos para cá, e quando você traz esses sujeitos para instância de poder, diante do estado eles viram sujeitos que têm direito a ter direitos, essa é a importância, entendeu? Sem isso não adianta, nem só a representatividade é o suficiente, mas também o contrário, só ter um programa politico foda, também não. A gente precisa do sujeito, a gente precisa das pessoas”, explica Isa sobre a importância de ter mais mulheres negras, trans, de quebrada, na política. 

Isa também compara a arte com a política em diversos aspectos. “A arte é a expressão de um tempo histórico, a arte é expressão dos conflitos, é expressão da mentalidade de um povo, se você quer conhecer um povo de verdade, você tem que ir até a arte desse povo. A política é justamente, de forma abstrata, a interação do povo. Assim como a cultura e a política, elas são o que resulta do coletivo, o que resulta da interação coletiva das pessoas. São expressão máxima de um povo, mas são quase a mesma coisa na minha opinião. Porque a arte também é uma luta, também uma sofre criminalização, exatamente igual na luta política”, argumenta.

Quer saber como foi a participação de Isa Penna no Hervolution, no quadro “Meu Direito”? Cola e pega a visão: 

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