Tecnologia

Game XP mostra a força do Brasil no mundo dos e-sports

29.07.2019 | Por: Matias Maxx

Aconteceu entre os dias 25 e 28 de Julho o Parque Olímpico do Rio de Janeiro a 3ª edição da Game XP, evento que passou de um evento de jogos digitais, para se transformar num “Game Park”. Além da oferta de games para todas as idades e públicos, o evento inovou (de novo) trazendo diversas experiências reais como realidade aumentada, laser tag, uma combinação de montanha russa com realidade virtual e a queda livre do ônibus do Fortnite, dentre outras experiências como shows de artistas e orquestra sinfônica tocando trilha dos games. O Portal KondZilla colou no evento e te conta como foi.

As mesmas arenas que receberam os jogos olímpicos de 2016 deram espaço para o esport, com as finais do Brasileirão de Rainbow Six, a primeira rodada do Campeonato Brasileiro de CS:GO, o Campeonato Game XP Feminino de Counter-Strike e o Circuito Feminino de Rainbow Six. Do lado de fora um palco gigante recebeu os campeonatos de cosplay e shows dos artistas Iza, Ana Vitória e Mano Brown, além da “Game XP Sinfônica” tocando versões orquestradas de trilhas sonoras de games clássicos como Tetris.

Seja numa cadeira giratória acolchoada ou no banco do metrô, os jogadores estão por toda parte. Entre os mais “hardcore” (termo usado para os aficionados) e casuais são mais de 60 milhões no Brasil, ocupando a posição de 3º maior mercado do mundo. O número de desenvolvedores no país também vem crescendo.

Segundo Roberto Fabri, diretor de marketing e curador da Game XP, o esport e os streamers levaram a indústria de hoje para muito além disso. “Você começa desde a concepção do jogo que envolve pessoas que entendem de tecnologia, roteiristas, diretores de arte e animadores. Só o desenvolvimento já é toda uma indústria, depois vem a propaganda”, explica. Além desse primeira etapa, ainda temos a segunda parte de quando o jogo vai pro ar e um galera cresce com transmissão de jogos e conteúdos sobre os jogos. “[Tem] a indústria de influenciadores, a galera que começa a jogar e fazer streaming. Hoje, as plataformas, Youtube, Twitch, Facebook, ClubeTV, Mixer, já estão brigando entre si. Assim como acontece com as séries e filmes, você tem isso no game também”.

O termo esport é usado porque os jogadores profissionais tem rotina de atleta, com agenda, treino e até patrocinador. “Você tem também a indústria dos times, uma série de organizações que funcionam como times de futebol, e quando você tem uma arena de esport você tem técnicos de som, técnicos de luz, designer de palco, marceneiro, engenheiro…. realmente toda uma indústria trabalhando para levar o melhor dos jogos pras pessoas”, conclui o organizador. Um estudo da Fundação Getúlio Vargas apontou que durante a GameXP foram gerados 10 mil empregos num impacto econômico de R$ 82,3 milhões e R$ 11,1 milhões de tributos recolhidos.

Um lado interessante do evento foi o “Dev Park”, espaço onde 24 desenvolvedores exibiam seus jogos. Deste grupo 12 foram por inscrições online, sendo 6 exclusivamente destinados a devs do Estado do Rio de Janeiro. As outras 12 vagas foram preenchidas da seguinte forma: 6 vagas para desenvolvedores incubados pelo Programa Rio Criativo da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa e mais 6 da Subsecretaria de Inovação da Cidade do Rio de Janeiro, por meio do concurso Inova Games, realizado com o projeto Naves do Conhecimento.


*Na foto: Lucas Fernandes

Falei com um dos designers de jogos, o Lucas Fernandes Thiers da Double Dash Studios. Ele estava estava apresentando o jogo “Sky Racket”, contemplado por um edital da ANCINE auto-definido como uma insana mistura de ‘Block Breaker’ com ‘Shoot’em up’ em um universo colorido e sem sentido. Atuante na indústria desde 2010, Lucas dá duas dicas para quem pretende começar. “A primeira é começar fazendo desde já, se você é artista, começa a desenhar cada vez mais, se você é programador começa a programar jogo e por aí vai. Pega e faz, não fica só estudando, porque você vai pegar muito mais prática fazendo e principalmente você vai ter algo pra mostrar. O segundo ponto é a comunicação, faz contato com quem você conhece que já está trabalhando, procure as empresas, mostre o que você está fazendo e peça dicas e feedbacks do pessoal mais experiente para você melhorar. É isso que vai fazer você melhorar, fazer e ouvir”.


*Na foto: Jandê Saavedra

Outro fato interessante dos jogos é a linguagem retrô, cuja tendência influencia também a moda, artes visuais e até a música. Essa fita é explicada por Jandê Saavedra, designer gráfico do Sky Racket. “Da mesma forma que ninguém parou de pintar quando inventaram a fotografia, a gente não vai parar de fazer pixel-art porque existe o 3D mais realista. O pixel-art é uma escolha estética que é muito agradável para quem viveu aquilo, nintendinho, master system e etc, mas também porque é um visual quadradinho que sempre teve muito preso a essa idéia do videogame”.

Pra concluir, Jandê finaliza dizendo o porque é gostoso trabalhar com os pixels. “Hoje em dia não temos mais as limitações tecnológicas dos desenvolvedores de antigamente então podemos passar por cima, tendo muito mais cores e objetos na tela ao mesmo tempo. Uma comparação interessante de se fazer é com o jogo do Stranger Things, que não é exatamente os anos 80 como eles eram, é um anos 80 imaginário que tá na nossa memória”.

Em seus quatro dias de evento a Game XP ocupou uma área de 160 mil metros quadrados e recebeu mais de 95 mil visitantes. O sucesso do evento consolida um mercado em que o Brasil cresce, onde um jovem dentro do quarto consegue num streaming mais audiência que os maiores canais de televisão. Público satisfeito, organizadores satisfeitos e uma mensagem encerra o evento: a partida está apenas começando, aguardamos as próximas fases.

Confira abaixo uma galeria com mais fotos do evento:

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