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Ermelino Matarazzo vira a Vila Madalena da quebrada com o “Beco do Hulk”

11.07.2019 | Por: Wenderson França

Da periferia para a periferia. Em Ermelino Matarazzo, zona leste de São Paulo, a arte local tomou a cena. Quem passa pela Viela Gildo Lao, sente-se dentro do universo da Marvel com o mural grafitado com desenhos dos personagens: Incrível Hulk, Homem Aranha, Pantera Negra, Thor e Capitão América. O trabalho foi realizado pelo coletivo CCCU (Coletivo Cultural Cenário Urbano) em conjunto com a comissão de Festejos de São Miguel Paulista, também responsável pelo material fornecido para o trabalho e autorização da Prefeitura. Quer conhecer o mais novo ponto turístico da quebrada? Cola com o Portal KondZilla.

“Beco do Hulk” é o local para levar a família para um passeio. Waldir Grisolia Junior, conhecido como “Age”, é um dos grafiteiros responsáveis pelos desenhos no beco. Ele explicou como as coisas se ligaram e disse que tudo foi feito através de um trabalho em equipe. “Junto com o pessoal do festejo, a comunidade e alguns amigos locais, nós nos juntamos e elaboramos a ideia do Beco do Hulk. O principal objetivo era fazer algo atual para que a comunidade pudesse ter esse contato com a arte. Não para ser do tipo de arte que a pessoa se exclui, só vê em galerias”.

A proximidade do Beco do Hulk com as pessoas da comunidade foi um dos fundamentos do trabalho para Age, a ideia dele era sobre poder ver as pessoas se divertindo próximo de casa. “A vantagem desse trabalho é que está alocado na quebrada. É para as pessoas virem aos finais de semana com seus filhos, frequentar o espaço, ter essa liberdade. O essencial é valorizarmos o local que moramos”. Age ainda fez uma panorama sobre Beco do Hulk e o Beco do Batman um outro mural com grafites dos personagens da Marvel alocado na Vila Madalena, zona oeste de SP. “É muito louco o trabalho feito na zona oeste no Beco do Hulk, nós prestigiamos também. Mas valorizar a nossa quebrada e buscar essa identidade da oportunidade para artistas locais”.

André Paz Racial, um dos mentores também do coletivo CCCU, falou sobre a importância e a visibilidade que o projeto realizado por eles trouxe para a comunidade do Ermelino Matarazzo. “A importância foi tanta que o próprio poder público, hoje, se vê na obrigação de ressocializar o local, colocar luz, arrumar o asfalto, fazer visitas monitoradas, trazer escolas”.

O centro do Ermelino Matarazzo onde fica o Beco do Hulk é de fato a área comercial do bairro. A importância do turismo se fundar naquele espaço é de alavancar o comércio dando ainda mais visibilidade ao local.

Diferente do Beco do Batman que se popularizou um pouco mais rápido por estar situado em uma área nobre da cidade de São Paulo, o Beco do Hulk se encontra no extremo leste e ainda tem algumas barreiras a serem vencidas. Age falou sobre seus pensamentos para expandir o projeto e dar ainda mais visibilidade aos artistas da quebrada. “A princípio nós temos a necessidade de patrocinadores e o apoio do próprio poder público para custear os projetos. Mas de qualquer forma, vamos fazer atividades locais com a nossa comunidade”.

Mesmo com toda a visibilidade da mídia e também dos moradores, o Beco do Hulk ainda está em processo de acabamento, os grafiteiros pretendem agora concluir um segundo mural para que o local se torne de vez o ponto turístico da zona leste. “Queremos estender o Beco do Hulk e fazer uma feira gastronômica aos finais de semana. Segundo anda as negociações daremos o ponta pé inicial até o final do próximo mês, uma pena não ser agora nas férias”, explicou André Paz.

Equipe CCCU na parede de grafite do Beco do Hulk

Para finalizar o papo, André falou sobre a importância do grafite e da arte em si com a responsabilidade social de educar todo uma geração. “Eu vejo o grafite como dois caminhos: o grafite livre que é o cara chegar e deixa sua arte na parede. E o grafite educacional que carrega uma responsabilidade social em interagir com as crianças, alertar que é ‘não as drogas’. São dois lados diferentes porém em um só”. Pro Age, a arte significa positividade. “É uma arte puxando a outra. Fomentando o grafite, estamos abrindo espaço também para o rap, poesia e etc. Através desse fortalecimento é só expandir”. Ele conclui. “É nós por nós, fomentando essa cultura para que se não for pra hoje, seja para daqui 5, 10 anos, as coisas acontecerem”.

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