Descobri “Qual é o Jet” do MC Rodolfinho num rolê em SP
“Muita coletividade na quebrada, dinheiro no bolso e sem miséria”. Assim que o Racionais MCs começa a canção “Vida Loka parte II”, e com essa frase o grupo marcou uma geração inteira. A canção também fala muito sobre o MC Rodolfinho, que cresceu ouvindo o grupo de rap. Percebi isso durante um jet que dei com o cantor e na quarta-feira, (26), durante uma noite de shows por São Paulo. Agora vou relatar pro Portal KondZilla como foi essa fita. E como diz o próprio MC: “Nós vamos lá pra Sul, porque lá que o coro come!”, e vamos mesmo!
Trombei o Rodolfinho e sua equipe – seu irmão e produtor, Gustavo, e seu DJ, Thiago – em Osasco, onde o MC mora desde moleque. De cara, passei a visão pra eles que iríamos acompanhar e descrever um pouco como era a rotina deles.
Qual é o jet?
“Suave, meu mano. Hoje é um rolê mais light. Temos dois shows, um no começo e outro no fim da noite, ambos na Zona Sul. No meio tempo, vou colar numa festinha lá na Audio”, adiantou o cantor.
Pronto. Roteiro dado, agora vamos pro jet. Enquanto Rodolfinho ficou de copiloto na frente com o seu irmão de motorista, fui no banco de trás da van com o DJ e o fotógrafo, Ryck. Assim, partimos para o primeiro destino: Chimus Bar, lá no fundão da Sul.
Não sei se você se lembra, mas eu já falei com o Rodolfinho em uma outra oportunidade, mas não é todo dia que eu tenho a chance de colar no jet com ele (valeu editor!). Antes de começar os trabalhos na primeira casa noturna, tentei quebrar o gelo na van falando sobre a Baixada Santista. Eu sou de lá, e tirei uma onda com o MC e a sua equipe sobre umas histórias, como também lamentamos sobre ter sobrado poucos talentos daquela fase considerada o “Auge da Baixada”.
Primeiro show: Chimus Bar
Depois de uma boa caminhada, chegamos no primeiro pico. Eram 23 horas. Estacionamos num posto de gasolina em frente a casa de shows e enquanto Gustavo, o irmão/segurança/produtor, adiantava umas paradas com o contratante, ficamos no posto: eu, Rodolfinho e Thiago. Rodolfinho e o DJ Thiaguinho trampam juntos há uns três anos. Perguntei pro MC sobre a sensação de subir no palco depois de tanto tempo. Afinal, o hit “Como é bom ser vida Loka” é de 2012 – sim amigo, o tempo voa.
Rodolfinho e o DJ Thiaguinho
“Ah, sempre tem aquele friozinho na barriga, né? Essa é a graça. Se perder isso, já era. Paro de cantar na hora”. Naquele momento, aquela frase não fez muito sentido pra mim. Mas, no decorrer da noite, entenderia o que era esse friozinho na barriga do MC.
Parece que não, mas o tempo passa de um modo diferente quando você é artista. Cinco minutos em frente ao posto foram o suficiente para registrar umas 10 fotos com fãs, junto com salves e algumas buzinadas na avenida. Com um sorriso no rosto, Rodolfinho estava bem de boa, quando Gustavo chegou e logo mandou o papo: “tudo certo para começar os trabalhos”.
A fama no funk é uma coisa muito louca. A gente vê artista na TV e dando sopa nas redes streamings do momento, mas quem faz a fama de um MC é, principalmente, o público da quebrada. Rodolfinho tá bem ligado nisso e não deixa de fortalecer os parças que elegeram ele como ídolo na época da ostentação. A primeira casa que fomos tinha um aspecto judiado, mas uma energia que nenhum outro lugar teve. A noite começava.
Enquanto o DJ termina de montar o equipamento, bato um papo com o artista da noite. “Eu sempre sonhei em cantar, já fiz muito baile de graça. Lógico que é daora fazer show em casa grande, com camarim daora e aquela estrutura fodida. Mas também é daora os bailes de quebrada. A energia com o público é diferente”.
Num piscar de olhos, o camarim lotou e se transformou numa sauna que parecia incomodar só eu. Rodolfinho se aquecia com o calor do público. Foto pra lá, elogios de cá, nosso artista bem calmo, de boa mesmo. Chega a hora do show.
Presenciar um show pelo backstage é uma experiência diferente. A única cena que me lembro era do Rodolfinho fechando os olhos e se concentrando. Acho que essa é a hora do friozinho na barriga, onde o MC fica prestes a fazer o que mais ama. Subir lá no palco e cumprir o seu papel.
O “Chimus Bar” não estava completamente lotado, mas para uma quarta-feira com futebol na TV, não tinha nada para reclamar. O cantor chegou mandando logo de cara “Chora Boy”, fazendo o baile vir abaixo. Rodolfinho mostrou o porquê quando se fala da fase do funk ostentação, o nome dele é um dos mais lembrados. No repertório, seus grandes sucessos continuam na boca do povo.
Uma pausa pra conhecer o MC Rodolfinho
São cerca de 0h30 e antes do próximo show, às 3h30, vamos colar na Audio para uma festa privada. Artista tem dessas coisas. No caminho, eu já tinha virado parça do Rodolfinho, que saiu do posto de copiloto e se juntou a turma do fundão, deixando o DJ Thiaguinho no comando do Waze. Nesse momento, conheci um pouco mais do Rodolfo, o moleque de quebrada em Osasco que ganhou o mundo fazendo o que ama.
“Ah, já passei por muita coisa. Aquela época da ostentação, lá pra 2012, foi muito foda. Eu tirei onda mesmo (risos). Hoje tô mais sossegado, tenho outra mentalidade. O que eu quero mesmo é continuar cantando, que meu som alcance cada vez mais gente”.
Aquela época que marcou uma geração inteira também estava presente na playlist da van. No jet, quem comandava a trilha do rolê era Rodolfinho. E os mais tocados foram Travis Scott e MC Boy do Charmes. A música “Nois de Nave” foi, de longe, a mais tocada.
Depois da festinha fechada, todo mundo estava com a bateria meio arriada. Mas ainda havia mais um show para fechar a noite. Foram cerca de 40 minutos de viagem até chegarmos na última casa de show, o “Sitio do Ré“, também na Zona Sul de SP.
Rodolfinho e seu irmão, Gustavo
Segunda show: Sitio do Ré
Às 3h30, Rodolfinho estava pronto pra fazer o seu show. Lembra aquele papo de frio na barriga que comentei lá no começo? Então, foi nessa hora que a frase do MC fez sentido. Enquanto o restante da sua equipe demonstrava um certo cansaço, parecia que o cantor estava no primeiro show da noite: ansioso antes de subir no palco e agitado em cima dele.
Rodolfinho se consagrou pela ostentação, mas de lá pra cá, amadureceu e esta preparado para o atual momento do funk. “Lógico que tem música que sempre vai estar no repertório, porque marcou e o público sempre pede, como ‘Os Mlk é Liso‘, por exemplo. Agora, têm umas que depende do local, de como está o público e tal. Sempre penso nisso”.
Pronto, público feliz e trampo concluído com sucesso. Eram 4h30 da manhã e bora de volta pra Osasco. Rodolfinho e equipe tinham viagem marcada às 8h para Manaus, capital do Amazonas. Mas, por incrível que pareça, o cansaço era o resultado de um bom trabalho. Ou melhor, mais um.
“Eu não troco isso que tô vivendo. Pelo contrário. Eu fico agradecido por tudo que está acontecendo. Já passei por muita coisa na minha carreira, o que serviu para eu aprender a dar valor as coisas”, diz.
Aquele garoto do “Como é Bom ser Vida Loka” hoje tem mentalidade de artista experiente. Mesmo com todas as dificuldades que aparecem, ele também não deixa de tirar o seu barato enquanto faz o que mais ama, que é cantar. Posso falar, com propriedade, que o jet do MC Rodolfinho é firmeza total!
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