Dennis DJ consagra o seu trabalho com o álbum “Na Farra”
Dennis DJ não é exatamente um nome novo, principalmente para quem está envolvido com o movimento do funk. Depois de 20 anos trabalhando nos bastidores do funk, ele tomou a frente e começou a projetar sua carreira como produtor solo. O álbum “Na Farra” é mais um passo nessa sua nova jornada, e a Kondzilla fez uma análise técnica do material.
De uns anos pra cá, visando as redes sociais como o canal no Youtube e plataformas digitais de conteúdo fonográfico, Dennis tem projetado sua carreira solo, e essa decisão foi bem acertada.
Há pelo menos 4-5 anos o mercado musical do funk amadureceu, seja no nível de produção, no modo como os MC’s passaram a encarar o mercado da música, nas produções ou no surgimento de mais produtoras e estúdios dedicados, quase que exclusivamente, ao funk. Importante citar também que a internet, por meio do streaming e royalties, ajudou a proporcionar esse amadurecimento e rotatividade financeira no funk.
Foto: reprodução/Instagram
Em 2016, o produtor lançou seu álbum “Na Farra”. O material possui 18 faixas e segue a atual linha de trabalho do Dennis, que é um som híbrido de EDM (sigla para Electronic Dance Music) com funk.
O álbum em si possui uma continuidade musical bem consistente, dependendo do ouvido de quem escuta até repetitiva, já que o produtor usa e abusa da fórmula e estrutura EDM-funk que ele já vem utilizando nas suas últimas produções.
Vale ressaltar também que, em nenhuma produção recente do Dennis, ele aborda o conteúdo proibidão ou sexualmente explícito, sendo todas as músicas lançadas em versão “light”, justamente para ter um alcance maior entre o público-alvo diversificado do DJ.
Neste álbum, a seleção de colaborações com outros artistas foi muito boa. O material conta com nomes consagrados do funk carioca como Cidinho & Doca e Robinho da Prata (autor do Hit “Copo de Vinho”), além de artistas em destaque no funk atual, como MC Livinho, Pikeno e Menor, Marcelly, Bola, Delano, Duduzinho, MC Romântico e ainda abre espaço para novos MC’s, como o MC Neblina, que aparece nas faixas “Predileta” e “Carne Fraca”. Outro artista que merece menção é o MC Maneirinho, que teve uma releitura da sua faixa “Chefe é Chefe” (dessa vez sem risco de strike por direitos autorais).
Faixa: “Predileta”
A música “Predileta” foi produzida em parceria com o MC Neblina, e se destaca entre as faixas do álbum. Ironicamente, esta é justamente uma das faixas onde o drop (sabe naquela parte que a música sobe e volta com tudo? Então, isso é o drop) não se utiliza de elementos ou melodias de EDM.
A música tem uma estrutura de funk apenas com um coro de vocais processado, com interposição e alteração de pitch (aquela vozinha fininha) que toma conta dessa parte da música.
E essa distinção da música perante as demais, a transformou não só no hit do álbum, como também em uma faixa estourada nacionalmente. Realmente, a experiência que ele acumulou ao longo dos 20 anos que ele tem no funk não foi atoa.
Faixa: “Explode”
Não tão estourada como o nome sugere, a música “Explode” também se utiliza dos elementos de EDM e um drop de funk, com direito ao clássico beatbox carioca, que chama atenção e relembra os bons tempos do funk carioca “pós-tamborzão”.
Essa é uma boa música, vale repetir e ouvir de novo, e na segunda vez, reparar na participação dos MC’s RD e Maike. Os caras conseguiram dar a entonação certa na voz durante toda faixa.
Faixa: “Eu Sou Feliz”
“Eu sou Feliz”, faixa colaborativa com Cidinho & Doca, relíquias do funk carioca, é uma daquelas faixas que tinha tudo pra dar certo: possui uma letra boa, utiliza os elementos do EDM e arremata tudo com tamborzão. Sim, a própria e tradicional batida carioca que marcou e definiu o funk como um movimento de música eletrônica periférica.
No entanto, em uma escolha de má estruturação e posicionamento de elementos, o tamborzão ficou soando como elemento secundário na música, bem como a participação do Cidinho & Doca. Eles não tiveram o destaque que mereciam, e a parte principal da música ficou parecendo um EDM genérico, desses que para quem é do meio, já cansou de ouvir em 2013-14 e acaba soando como um timbre repetido. Ainda assim, vale a pena a nostalgia de ouvir a voz de Cidinho e Doca mais uma vez.
Faixa: “Chefe é Chefe”
Já na releitura de “Chefe é Chefe”, do MC Maneirinho, a tentativa de uma nova roupagem para um dos maiores hits de 2015 na cena do funk carioca, não colou. Não por falta de vontade ou criatividade do produtor, mas, simplesmente, porque a música original estourou, ficou famosa e é associada justamente pelo synth – também famoso – sampleado do Linkin Park.
Acredito que neste caso em especial, não teria produtor que conseguisse dar uma nova interpretação para a música que ficasse tão convincente quanto a versão “original”, que sumiu da internet por conta dos direitos autorais. Provavelmente, se a versão do Dennis fosse a primeira e única versão da música, ela teria estourado tanto quanto a original.
foto: reprodução/Instagram.
De um modo geral, esse álbum vem mais como uma consolidação do trabalho que o Dennis vem apresentando por meio do “Baile do Dennis”, do que como um material relativamente novo. Além das músicas que comentei, existem outras que chamam a atenção como “Perigosa”, com MC Livinho, a “Na Farra”, com Wesley Safadão, e “Vem Novinha”, com Romântico.
Quem já é familiarizado com o trabalho do Dennis, irá ouvir o álbum e relembrar de alguma vez que esteve na sua festa.
Para quem não conhece o trabalho do produtor, o álbum definitivamente é a oportunidade perfeita para passar a conhecer, e levando em consideração o apelo comercial do álbum, provavelmente irá assimilar de maneira fácil e rápida.
Em uma nota de 1-5, o álbum merece um 4 por todo empenho, força de vontade e merecimento do Dennis ao longo desses 20 anos de trabalho com funk. Também tem a visão madura do produtor de que o funk está em constante dinâmica e que adaptar-se à essas mudanças são essenciais para qualquer artista do ramo.
★★★★☆
O álbum está disponível em todas as redes oficiais de vendas digitais e streaming. Mas você também pode conferir de forma gratuita no SoundCloud do produtor.
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