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Conheça Jéssica Mayra, a Pedreira Gata do Paraisópolis que retrata as quebradas em arte

06.12.2021 | Por: Gabriela Ferreira

Pedreira e artista! Diretamente do Paraisópolis, zona sul de São Paulo, Jéssica Mayra, também conhecida como Pedreira Gata na quebrada, se divide entre as construções e o corre como artista. O Portal KondZilla trocou uma ideia com ela pra saber mais sobre a obra “Do Lixo ao Luxo”, uma série de esculturas em miniatura das quebradas do Brasil. Pega visão:

Moradora de Paraisópolis há 27 anos, Jéssica começou no corre aos 13 anos, após uma ida ao shopping com os primos. “Vi um tênis da Adidas que me apaixonei. Quando voltei pra casa, fui toda empolgada pedir pra minha mãe e ela até falou um palavrão pra mim e disse que não podia me dar”, relembra ela. “Comecei a trabalhar na reciclagem, mas consegui pouco dinheiro e o tênis que eu queria custava R$ 450. Nisso, uma moça que morava na frente de casa precisava de ajuda para carregar material e olhar a obra dela, e eu me ofereci. Consegui juntar dinheiro pra comprar o tênis e to na profissão até hoje”.

O sonho de trabalhar com arte também vem de bem antes. “Sempre quis fazer maquetes ou quadros que pudesse vender com a minha obra. Lembro que quando era criança, cheguei a falar pra minha mãe que ia fazer uma parede cheia de coisa, mas ainda não tinha noção do que”, diz Jéssica. “Um dia, andando pela comunidade, acabei vendo uma parede cultural feita com blocos e me apaixonei. Foi daí que surgiu a ideia”. 

Hoje, Jéssica está trabalhando no projeto “Do Lixo ao Luxo”, uma maquete que reúne influências de diversas quebradas e que toma uma parede inteira do escritório da artista. “Quero fazer um trabalho diferente, que fala sobre o passado ou o presente das pessoas. Uma arte para ser admirada e falada”.

O painel retrata a paisagem das quebradas vistas de cima, e apesar de morar em Paraisópolis, a Pedreira Gata se inspirou em diversos lugares para a obra. “Não é só o Paraisópolis, tem um pouco do Rio de Janeiro, de Salvador, que viajei pra fazer trabalho social, de Santos, que realizei o sonho de passar o carnaval lá, e de outras favelas que visitei”, explica ela.

A artista explica que o trabalho é feito de material reciclável, e além do painel, ela ainda faz obras para serem vendidas. “Esse tipo de trabalho demora de três a quatro meses, dependendo do material que o cliente deseja. Demora também porque eu preciso entender a história da pessoa, o que ela passou, o que ela quer que tenha na arte dela, se ela vai querer que seja em quadro exposto ou dentro de uma caixa de vidro”, diz. 

Apesar dos planos de vender suas obras, Jéssica pretende começar com leilões antes de precificar os trabalhos. “Queria fazer um leilão e deixar o pessoal ver o que eles acham porque é uma arte nova, uma cultura nova. Também quero poder ensinar o pessoal mais novo e mais velho a fazer esse tipo de quadro porque dá pra empreender com isso. Quero ajudar o próximo”. 

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