Com videoclipe do MC ML, 150BPM é uma realidade
O funk em 150 BPM já não é mais uma promessa. Reinando absoluto nos bailes cariocas há um bom tempo, o tambor acelerado tomou de assalto as maiores rádios do Rio de Janeiro e é, sem dúvida, a principal base do funk carioca atualmente. As comparações com o funk paulista, seu irmão mais novo, são inevitáveis. Alguns diziam que o novo pique não sairia das favelas cariocas para ganhar o Brasil, que era só “uma modinha” e nunca alcançaria o sucesso dos hits produzidos em São Paulo. Estavam enganados. Ao menos é isso que o novo videoclipe que será lançado no Canal KondZilla nesta quinta-feira, 3 de maio, às 19h. A música do MC ML, “Como É Bom Te Amar” conta com produção dos DJs Bel da CDD e Biel do Anil, e pretende provar: o 150 BPM está pronto para invadir o Brasil.
Era uma tarde quente de sexta-feira na favela do Rio das Pedras, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Os moradores se amontoavam para acompanhar a gravação do novo clipe do MC ML, empolgados por saberem que as vielas da comunidade estariam, em breve, projetadas no maior canal de música do país.
No mundo funk há quase 10 anos, ML se diz orgulhoso da comunidade onde cresceu. Queria levar um pedaço de sua história e seu cotidiano para o clipe. “Tenho o maior orgulho, acho que todos os meus amigos de infância estavam lá presentes dando uma força na gravação”. Mesmo que o clipe ainda estivesse sendo produzido, toda favela já sabia de cor a letra. “Como É Bom Te Amar” tem presença garantida nos shows da maioria dos DJs cariocas, e foi esse sucesso nos bailes que incentivou ML a manter a versão em 150BPM na gravação para a KondZilla. “Se os DJs do Rio fizeram a música acontecer em 150, porque eu vou gravar diferente agora?”, questiona o MC.
ML apostou num caminho já trilhado por visionários, como o DJ Polyvox e DJ Rennan da Penha. Ícones dessa nova geração, esses DJs perceberam que era preciso uma produção de qualidade para que a novidade dos 150BPM realmente se firmasse como um movimento revolucionário dentro do funk carioca. Se hoje em dia esse é o pique do Rio, muito se deve a esses caras que abraçaram a causa quando vários DJs das antigas questionavam o trabalho da garotada. Polyvox celebra o surgimento do primeiro clipe na KondZilla no ritmo que ele ajudou a criar. “Acho que é uma grande vitória pro movimento funk, quebrando preconceitos”.
Mas a decisão do ML pelo caminho nublado dos 150BPM não foi fácil. Se hoje o DJ Bel, produtor de “Como É Bom Te Amar”, se diz satisfeito com o resultado final, inicialmente teve dúvidas se era uma boa ideia. “Agora o 150 está tomando uma proporção maneira, mas muita gente falava mal porque alguns caras faziam com má qualidade e por isso não conseguia atravessar algumas coisas”, explica o produtor. “Eu escutei o papo do ML e usei minha experiência pra botar uma qualidade na música, a pessoa vai ouvir e perceber que tá bem tocado, bem trabalhado”.
A trajetória de Bel fala por si só. Em 15 anos de carreira, o cara já trabalhou com dezenas de artistas como Os Hawaianos, Tati Quebra-Barraco, Os Carrascos, entre outros nomes da cena carioca. Experiência não falta. Hoje, focado na sua produtora – a Malibu Produções -, Bel continua a emplacar sucessos nos bailes cariocas. A parceria entre ele e ML já tem quase uma década e o primeiro sucesso foi “Piranhão“, há 8 anos.
Outro trabalho da dupla que promete ganhar o Rio é “Bom Mesmo”. Essa música mostra o potencial de Bel para se reinventar: inspirado por DJs como DJ Jorgin e DJ Perera, o chefe da Malibu Produções começou recentemente a inserir harmonias em seus trabalhos. Para isso, vem se dedicando às aulas de teclado e de teoria musical, buscando firmar seu lugar neste mercado cada vez mais competitivo da produção no funk.
Esse formato de incluir harmonias nas batidas dançantes do funk já fazem parte do funk paulista há um bom tempo, mas ainda são raras no ritmo acelerado. Mesmo assim, ML faz questão de frisar que eles não foram os primeiros. “O Polyvox e o Bama já tinham feito isso na música do MC Luisinho”. E o DJ Bel completa. “A gente fez uma mistura Rio-São Paulo, buscando aprender com a qualidade de lá pra ajudar nossa música a atravessar fronteiras”.
“Você acha que no futuro o funk em 150 BPM irá alcançar o mesmo sucesso dos funks em 130 BPM que estão famosos hoje em dia?” perguntei ao DJ Polyvox. A resposta foi categórica. “Vai ter sim grandes sucessos em todo Brasil e até fora, afirmo com 100% de certeza. A música do ML tá aí pra provar isso”. Se o Polyvox falou, a gente acredita.
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