O coletivo DiCampana retrata a beleza da periferia por fotos
A periferia brasileira é cheia de estereótipos. Tem gente que até sugeriu para alunos se fantasiarem de favelado. Entretanto, existe uma galera da Zona Sul de São Paulo que se reuniu para desconstruir essa imagem, retratando o que a comunidade tem de bom por meio de fotografias do cotidiano. Afinal, quem melhor para mostrar o local que vive, além dos próprios moradores?! Para conhecer mais dessa história, o Portal KondZilla trocou uma ideia com o DiCampana Foto Coletivo.
“Nós percebemos que a periferia era sempre retratada pela violência ou outros tipos de estigmas negativos. Quem vive na quebrada sabe que não é isso, que tem muita beleza lá. Acreditamos também que para retratar essa beleza, ninguém melhor do que quem vive na quebrada”, diz Leonardo, ao abrir a conversa.
O coletivo foi criado em outubro do ano passado, pela união de cinco amigos de rolê: Anderson Silva, José Cícero da Silva, Leonardo Britto, Naná Prudencio e Weslley Tadeu. Todos tinham em comum o interesse pelo audiovisual e decidiram se juntar em torno da mesma ideia: retratar a periferia.
Com pouco tempo de trabalho, o grupo se destacou e acabou chamando a atenção da instituição não-governamental “Seja Digital”. O resultado foi uma parceria com o coletivo para realização de uma mostra retratando a transição do sinal analógico para o digital, além de apresentar por fotos a importância da TV para galera de favela.
“Nós entramos em contato com alguns amigos e fizemos a seleção. No total, tínhamos 50 fotos de material, algo bem legal”, conta Leonardo. “No dia da exposição chamamos até o Mano Brown [integrante do grupo de rap Racionais MCs], além do nosso pessoal da quebrada que foi em peso”.
Imagina você, ter a chance de retratar a Zona Sul, berço do rap, pelos próprios olhos da comunidade?! Pois é, como vocês perceberam, os moleques chegaram brabos. Exposição de fotos não é pra qualquer um, ainda mais com o pessoal da quebrada e da presença ilustre do Mano Brown.
Colocando na balança, o coletivo acredita que o resultado da mostra tenha sido positivo, até pra auto-estima do pessoal retratado. Muitos ali nunca tinham visto suas imagens de tal maneira e isso abriu os olhos das pessoas sobre a periferia.
“A galera da comunidade e também de fora começou a acompanhar de forma natural. Não fizemos nenhum tipo de publicação na mídia ou algo do tipo, foi tudo feito por meio das redes sociais. Além do mais, fazemos o trabalho de retratar o cotidiano do pessoal de periferia, e esse trabalho não está enraizado no cotidiano”, explica Leonardo, que com menos de um ano de trabalho já alcança a marca de três mil curtidas na página do coletivo no Facebook.
E o coletivo já provou que não está para brincadeira. A ideia para o futuro, inclusive, é criar um acervo com fotos que retratam a beleza da periferia e servir, principalmente, aos grandes veículos de comunicação que ainda têm aquela ideia estigmatizada da quebrada. Sabe quando você abre o jornal ou aquele site de notícias e só vê foto da favela quando tem alguma treta com a polícia ou incêndio? Se depender do coletivo, isso vai mudar.
“Nossa intenção é fazer com que a favela seja bem retratada, e esse retrato seja feito por quem vive nela, algo realmente fidedigno. Acreditamos que a fotografia consiga retratar o cotidiano periférico de forma artística e assim conseguimos passar nossa mensagem”, completa Leonardo.
Em menos de um ano, o DiCampana já teve conquistas que muita gente com mais investimentos e recursos sonham, mas não alcançam. A molecada da Zona Sul, com uma câmera na mão e muita vontade, conseguiram retratar a beleza da periferia e exportá-la para o mundo. Tudo isso, a partir de uma vontade de ser retratado de forma fiel.
Conheça mais sobre o DiCampana Foto Coletivo: Flickr // Facebook // Instagram .
Confira mais fotos do coletivo na galeria abaixo: