Comportamento

Acelerando na quebrada, Comboio das Gatas promove encontro de minas no toque

03.08.2021 | Por: Fernanda Souza
comboio das gatas comboio das gatas

Já pensou ver um bonde enorme de mina no toque pilotando carro e, sobretudo, moto passando na sua quebrada tirando de giro? É isso que o Comboio das Gatas lá da região do Jardim Ângela, zona sul de São Paulo, tão fazendo. Com intuito de incentivar mais minas a perder o medo de acelerar, de mostrar que a rua é de todos e todas e claro, tirar uma diversão de final de semana. Encosta no Portal KondZilla porque eu colei lá em um domingo com as minas pra fotografar e trocar um papo sobre a ideia delas.

minas no toque
Comboio das Gatas promove encontro de minas no toque

O Comboio começou quando Tayna Veturino de 24 anos, lá do Jardim Ângela, no dia 26 de Março de 2021 criou  um grupo de WhatsApp com o objetivo de reunir mulheres independentes e empoderadas, as quais curtiam a cultura de moto e carro.

Segundo as ADMS (administradoras do comboio), a energia foi tão incrível que decidiram ir além do aplicativo de bate-papo. Assim, outra adm, Mariliam Almeida de 30 anos,  da Vila Calu,  deu a ideia do primeiro encontro na rua para andarem juntas de bonde, o qual aconteceu dois dias depois da criação do grupo, no domingo, dia 28 de março.

Com seis ‘’Adms’’, como Tayna Veturino e Mariliam Almeida, estão Bianca Souza de 26 anos (St Lucia); Juliane Bernardo de 24 anos (Jardim dos Reis); Rayara Paixão de 24 anos (Jardim Caiçara) e Luana Pereira de 27 anos (Parque do Lago) para conseguir administrar tudo e os encontros acontecerem da melhor forma.

Aliás, os roles geralmente ocorrem um ou dois domingos no mês com flyer e divulgação no WhatsApp para qualquer mina a fim de colar. Elas resolvem tudo por dois grupos: um só com as administradoras e o ‘’grupão’’ com as integrantes.

comboio das minas
Da esquerda para direita toda de preto está Bianca, de short Rayara, na moto amarela Luana e ajoelhada Mariliam

De acordo com Luana Pereira, hoje em dia a turma chega a reunir cerca de 200 minas, as quais estão na faixa etária bem diversificada de 24 até 34 anos. Pra chegar junto é só ver as informações do horário, data e lugar de encontro, bem como ser mina, cis ou não. “O que importa é se ver como mulher, se sentir acolhida e perder seus medos como muitas”, afirmou as responsáveis pelo Comboio das Gatas. 

Na fotografia está uma integrante do Comboio

Paixão por acelerar é com elas mesmo

“Meu ex-marido sempre me levava para o trabalho, daí eu comecei a ficar incomodada em ter que esperar por ele. Até que um dia eu decidi que queria aprender a andar de moto. Então, ele me ensinou e eu comecei a ir trabalhar com a moto sozinha. De lá pra cá foi só amor’’, disse Rayara.

A jovem aprendeu a pilotar com uma 160, a maior moto que já pegou foi uma XRE e hoje tem uma LED, a qual disse ser o ‘’xodó’’. Ressaltou nunca ter visto alguém falar diretamente pra ela que moto não é pra mina pelo fato de evitar dar liberdade para esse tipo de fala, mas admite ser uma situação comum à outras mulheres e ainda, contou uma situação indireta dessa ideia quando um boy ficou surpreso dela chegar no encontro de moto em um lugar longe. 

Pra Luana a necessidade também impulsionou sua relação com motos pois sempre trabalhou no centro e mora no fundão da zona sul. Por ter de passar horas e horas parada em trânsito, começou a cogitar a ter uma moto.’’ Meus amigos sempre me incentivaram a ter uma. Até que comprei uma Lead que foi ai que tudo começou a paixão pelas duas rodas.’’, contou Luana.

integrantes do comboio
Integrantes do Comboio

Bom,  a princípio eu não curto garupa. Sou do tipo que gosta de sentir a adrenalina de ter o controle, sabe? Poder sentir no meu rosto ao vento! Não quero estar em uma garupa com um homem. Mas adoraria que me acompanhasse, eu na minha motoka e ele na dele, afirmou Tayna Veturino.

A mulherada no Comboio tem paixão por moto e ainda, tem as que curtem muito carro, desse modo todas têm uma relação forte com seu próprio veículo. Tayna, assim como todas as outras organizadoras, enfatizou o fato das integrantes do grupo serem uma referência para mostrar a ideia da mulher poder ser quem quiser. Alegou ficar feliz quando uma mina enxerga elas como referência de empoderamento. 

 Integrantes do Comboio
Integrantes do Comboio em um encontro

E a sensação de tá com quem você se identifica?

“Estava andando de moto sozinha como era de costume, encontrei o comboio passando, elas buzinaram e eu também. Resolvi voltar e dei umas voltas com elas.’’, contou Daniele de 28 anos, uma das minas que sempre cola nos role. No toque de uma Titan 150, a jovem lá do Capão Redondo pilota há uns 7 anos. De acordo com ela, era bem difícil ver uma mina pilotando moto, mas agora sempre encontra uma. Além disso, disse que na auto escola o instrutor de uma outra escola tirou todos os obstáculos só pra  as meninas  não conseguirem fazer o circuito certo, porque a maioria era mulher e os meninos que estavam lá já sabiam.

‘’Lugar de mulher é atrás do tanque… de uma moto, claro. Por um mundo de mais mulheres, independentes, empoderadas e o toque’’, disse Daniele.

Daniele Ribeiro
Daniele Ribeiro 

“Sempre ouvi isso ‘essa moto não é pesada pra você, não? Você não entenda nada de moto, você acha que é só pra acelerar? Olha lá, não entende nada de moto”, relatou Jully Santana, também integrante do Comboio.

Com 25 anos, Jully Santana também é apaixonada por moto e pela adrenalina do vento na cara desde muito cedo. Segundo a moto girl, ela  começou a colar com o grupo porque se sentia sozinha, já que não tinha tanta mina de moto até então. Pra ela, a sensação de estar junto de tanta mulher é muito importante, desse modo o Comboio é necessário porque dá essa sensação para outras meninas. Ainda, ressaltou que já sofreu machismo e outros preconceitos. “Já ouvi que moto era pra homem, que parecia ‘macho’ em cima da moto e até mesmo de forma negativa expressões como ‘sapatão'”, encerrou.

Jully Santana

Jully Santana

Gostou de conhecer essas minas, quer colar ou acompanhar o trampo? Siga elas no Instagram @comboiodasgatas.zs , assim você fica por dentro e dá até aquele salve pra colar. Agora, confira mais fotos feitas no Jardim Lídia num dia de giro do comboio:

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