Acelerando na quebrada, Comboio das Gatas promove encontro de minas no toque
Já pensou ver um bonde enorme de mina no toque pilotando carro e, sobretudo, moto passando na sua quebrada tirando de giro? É isso que o Comboio das Gatas lá da região do Jardim Ângela, zona sul de São Paulo, tão fazendo. Com intuito de incentivar mais minas a perder o medo de acelerar, de mostrar que a rua é de todos e todas e claro, tirar uma diversão de final de semana. Encosta no Portal KondZilla porque eu colei lá em um domingo com as minas pra fotografar e trocar um papo sobre a ideia delas.
O Comboio começou quando Tayna Veturino de 24 anos, lá do Jardim Ângela, no dia 26 de Março de 2021 criou um grupo de WhatsApp com o objetivo de reunir mulheres independentes e empoderadas, as quais curtiam a cultura de moto e carro.
Segundo as ADMS (administradoras do comboio), a energia foi tão incrível que decidiram ir além do aplicativo de bate-papo. Assim, outra adm, Mariliam Almeida de 30 anos, da Vila Calu, deu a ideia do primeiro encontro na rua para andarem juntas de bonde, o qual aconteceu dois dias depois da criação do grupo, no domingo, dia 28 de março.
Com seis ‘’Adms’’, como Tayna Veturino e Mariliam Almeida, estão Bianca Souza de 26 anos (St Lucia); Juliane Bernardo de 24 anos (Jardim dos Reis); Rayara Paixão de 24 anos (Jardim Caiçara) e Luana Pereira de 27 anos (Parque do Lago) para conseguir administrar tudo e os encontros acontecerem da melhor forma.
Aliás, os roles geralmente ocorrem um ou dois domingos no mês com flyer e divulgação no WhatsApp para qualquer mina a fim de colar. Elas resolvem tudo por dois grupos: um só com as administradoras e o ‘’grupão’’ com as integrantes.
De acordo com Luana Pereira, hoje em dia a turma chega a reunir cerca de 200 minas, as quais estão na faixa etária bem diversificada de 24 até 34 anos. Pra chegar junto é só ver as informações do horário, data e lugar de encontro, bem como ser mina, cis ou não. “O que importa é se ver como mulher, se sentir acolhida e perder seus medos como muitas”, afirmou as responsáveis pelo Comboio das Gatas.
Paixão por acelerar é com elas mesmo
“Meu ex-marido sempre me levava para o trabalho, daí eu comecei a ficar incomodada em ter que esperar por ele. Até que um dia eu decidi que queria aprender a andar de moto. Então, ele me ensinou e eu comecei a ir trabalhar com a moto sozinha. De lá pra cá foi só amor’’, disse Rayara.
A jovem aprendeu a pilotar com uma 160, a maior moto que já pegou foi uma XRE e hoje tem uma LED, a qual disse ser o ‘’xodó’’. Ressaltou nunca ter visto alguém falar diretamente pra ela que moto não é pra mina pelo fato de evitar dar liberdade para esse tipo de fala, mas admite ser uma situação comum à outras mulheres e ainda, contou uma situação indireta dessa ideia quando um boy ficou surpreso dela chegar no encontro de moto em um lugar longe.
Pra Luana a necessidade também impulsionou sua relação com motos pois sempre trabalhou no centro e mora no fundão da zona sul. Por ter de passar horas e horas parada em trânsito, começou a cogitar a ter uma moto.’’ Meus amigos sempre me incentivaram a ter uma. Até que comprei uma Lead que foi ai que tudo começou a paixão pelas duas rodas.’’, contou Luana.
Bom, a princípio eu não curto garupa. Sou do tipo que gosta de sentir a adrenalina de ter o controle, sabe? Poder sentir no meu rosto ao vento! Não quero estar em uma garupa com um homem. Mas adoraria que me acompanhasse, eu na minha motoka e ele na dele, afirmou Tayna Veturino.
A mulherada no Comboio tem paixão por moto e ainda, tem as que curtem muito carro, desse modo todas têm uma relação forte com seu próprio veículo. Tayna, assim como todas as outras organizadoras, enfatizou o fato das integrantes do grupo serem uma referência para mostrar a ideia da mulher poder ser quem quiser. Alegou ficar feliz quando uma mina enxerga elas como referência de empoderamento.
E a sensação de tá com quem você se identifica?
“Estava andando de moto sozinha como era de costume, encontrei o comboio passando, elas buzinaram e eu também. Resolvi voltar e dei umas voltas com elas.’’, contou Daniele de 28 anos, uma das minas que sempre cola nos role. No toque de uma Titan 150, a jovem lá do Capão Redondo pilota há uns 7 anos. De acordo com ela, era bem difícil ver uma mina pilotando moto, mas agora sempre encontra uma. Além disso, disse que na auto escola o instrutor de uma outra escola tirou todos os obstáculos só pra as meninas não conseguirem fazer o circuito certo, porque a maioria era mulher e os meninos que estavam lá já sabiam.
‘’Lugar de mulher é atrás do tanque… de uma moto, claro. Por um mundo de mais mulheres, independentes, empoderadas e o toque’’, disse Daniele.
“Sempre ouvi isso ‘essa moto não é pesada pra você, não? Você não entenda nada de moto, você acha que é só pra acelerar? Olha lá, não entende nada de moto”, relatou Jully Santana, também integrante do Comboio.
Com 25 anos, Jully Santana também é apaixonada por moto e pela adrenalina do vento na cara desde muito cedo. Segundo a moto girl, ela começou a colar com o grupo porque se sentia sozinha, já que não tinha tanta mina de moto até então. Pra ela, a sensação de estar junto de tanta mulher é muito importante, desse modo o Comboio é necessário porque dá essa sensação para outras meninas. Ainda, ressaltou que já sofreu machismo e outros preconceitos. “Já ouvi que moto era pra homem, que parecia ‘macho’ em cima da moto e até mesmo de forma negativa expressões como ‘sapatão'”, encerrou.
Gostou de conhecer essas minas, quer colar ou acompanhar o trampo? Siga elas no Instagram @comboiodasgatas.zs , assim você fica por dentro e dá até aquele salve pra colar. Agora, confira mais fotos feitas no Jardim Lídia num dia de giro do comboio: