A festa rubro-negra na Avenida Presidente Getúlio Vargas pelas lentes de Lilo
O Flamengo é um dos times de identidade brasileira que carrega consigo a favela. Desde a década 1960 rebatendo os ataques racistas dos times rivais que chamavam a torcida rubro-negra de “urubus”, por conta do grande número de afrodescendentes e pobres nos estádios, o time é até os dias atuais associado à famosa expressão ‘’Festa na Favela’’. No último dia 23 de novembro, na final da Libertadores, o time carioca não foi celebrado só nas favelas, a comemoração acabou descendo pro asfalto, inclusive tomando o Brasil todo. Aqui no Portal KondZilla trocamos um papo com uma fotógrafa carioca, Helia Lorena, que registrou a festa rubro-negra na avenida Presidente Getúlio Vargas no Rio de Janeiro, cola!
Não era Copa Mundial, era o Flamengo entrando em campo pra disputar a taça da Copa Libertadores levando brasileiros ao êxtase. O jogo fez com que muita gente ao redor do Brasil todo se unisse na torcida contra o time argentino River Plate. Pois é, só se falava nisso, gerações passadas e novas torcendo pela taça que já tivera marcado a história do time com Zico em 1981.
Aliás, a mesma data eternizou o jogador Gabigol com seus dois gols de virada contra o tetracampeã das Américas. Festa no dia 23 de novembro de 1981 e festa em 23 de novembro de 2019. Bora pras fotos e papo?
Helia Lorena, flamenguista, disse que não pensou duas vezes antes descer pra Avenida Presidente Getúlio Vargas para fotografar a festa do Flamengo porque era um dia histórico e importante. Ela conta que queria ter registro daquele momento de felicidade, principalmente porque o estado do Rio tem vivido situações cada vez mais intensas de violência.
Ela sabia que encontraria um momento festivo, mas não imaginava que seria tão único e emocionante ao ponto de não saber encontrar palavras para descrever. “Era muita gente, pessoas com cachorros vestidos com camiseta do flamengo, criança de colo, muita criança mesmo, gente de idade. Eu olhava pra tudo ao mesmo tempo. Sabe quando você é uma criança olhando ao seu redor deslumbrada?”, relembra a fotógrafa.
Foto foda, né? É o registro do qual a fotógrafa disse que mais gostou. “Um momento de alívio, um instante histórico, que fazia a cidade vibrar”, ressalta entusiasmada.
Lilo (seu vulgo) comentou que queria registrar o que é o Flamengo e o que é ser Flamengo, pois disse que está buscando reviver o que é a experiência do futebol e o torcer por um time. Também, revela que em dado momento não conseguia passar na foto a dimensão do momento, mas no final viu o resultado. Aliás, recebeu muitas mensagens de pessoas flamenguistas e não flamenguistas parabenizando-a pela transmissão de sentimentos nas fotos. “Uma imensidão de gente com uma imensidão de sentimentos’’, comenta.
“Por diversos momentos, esqueci completamente de fotografar qualquer coisa porque fui levada e tomada por um sentimento de prazer e euforia tão grande”, dispara Lilo. Ela estava tão envolvida com a massa, que só foi saber depois que a polícia agiu com truculência no evento, como sempre ocorre no Rio de Janeiro.
A festa não foi só na avenida, né? Nos morros, como no Complexo do Alemão, começou com silêncio pra ver a partida e terminou em festa na favela. Além disso, em lugares do país todo telão, bar, praça e reunião familiar torcendo em vermelho e preto.
Só que se concentrar numa avenida com pessoas de todo canto da cidade deve ser muito mais intenso, né?! Não é atoa que Lilo disse que finalizou essa série de registros com a vontade de uma próxima festa, pois, como ela mesma afirma: “…se tem uma galera que sabe fazer uma festa é a Nação rubro-negra”.
Lilo tem 27 anos e é estudante do curso de Mídias da Universidade Federal Fluminense no corre das fotografias. Contou que tem trabalhado a estética negra, principalmente porque sentiu necessidade de buscar referência em África para fugir das européias. Além do mais, tem interesse em tratamento de pele de pessoas negras para romper o padrão daquela cor laranja ou embranquecida.
Para acompanhar o trampo da Lilo, siga no Instagram: @liloliveira