1 ano de pandemia: empresários e artistas do funk falam sobre o impacto na indústria e revelam o quanto perderam em reais
No Brasil, o primeiro caso de coronavírus confirmado foi em 26 de fevereiro, em São Paulo. Em março, começaram as primeiras ações governamentais ligadas à pandemia, medidas como lockdown foram tomadas para tentar reduzir o aumento no número de casos. Desde então, mais de um ano depois, o universo da indústria cultural segue paralisado, sem perspectiva de volta e tudo isso vem refletindo diretamente em pessoas que trabalham com o funk, seja artista, empresário ou produtor. Por isso, buscamos um empresário e DJ para falar como está sendo o enfrentamento desta crise. Cola com o Portal KondZilla e pega a visão.
Mais de um ano do primeiro caso de covid-19 no Brasil, temos no país cerca de 280 mil mortes causadas pela COVID-19 e mais de 11 milhões de casos. Os países com mais casos são Estados Unidos, Índia, Brasil, Rússia e Reino Unido. Quando falamos em mortes, o ranking muda: EUA, Brasil, México, Índia e Reino Unido. Sendo assim, com a paralisação de qualquer evento que promova aglomeração muitas coisas tiveram que mudar no mundo e também no universo do funk.
Dono da produtora Encontro de MC’s, empresa que tem em seu escopo artistas como: MC Alê, MC Digo STC e MC Kaverinha. Patrick Rocha, mais conhecido como Mestre Patrick deu o papo: “Tivemos que mudar toda a nossa estratégia de trabalho para conseguir manter os artistas e a empresa de pé. Confesso que não está sendo nenhum pouco fácil, afinal infelizmente somos o setor mais prejudicado por essa pandemia, eu vi muitos colegas perdendo tudo”.
Rafael Mota, o DJ e empresário Pernambuco, vive da renda que ganha através dos shows e Baile do Perna, evento que reúne milhares de funkeiros em espaços como o Autódromo de Interlagos em São Paulo. Mais de um ano parado, o artista comentou: “Tenho certeza que o funk foi o ritmo ou uns dos mais afetados pela pandemia. Muitas pessoas desse universo não tem recolhimento de autoral ou digital grande, principalmente aqueles que estão iniciando e fazem sucesso regionalmente, diferente de um sertanejo que toca em diversas rádios do Brasil. Fora que pelo funk ser um ritmo dançante, não teve tanto sucesso com as lives, então não conseguimos captar muitos patrocinadores”.
O que pouquíssimas pessoas sabem é que a maior fatia da renda de boa parte dos artistas do funk são provenientes dos bailes realizados nas madrugadas pelo mundo. Entretanto, com os eventos parados visando não promover aglomerações, a perda foi grande para todos que vivem do segmento: “Chutando baixo só em venda de shows perdemos mais ou menos meio milhão de reais”, disse Mestre Patrick.
O DJ Pernambuco não comentou o quanto perdeu em renda líquida, mesmo assim não deixou de fazer um panorama do desfalque, assim podemos tirar nossas próprias conclusões: “Geralmente são de quatro a cinco bailes do Perna por ano e em 2020 não aconteceu nenhum. Não gosto muito de comentar faturamento, mas só o baile por edição emprega uma média de 2.200 funcionários, acho que só por isso conseguimos estipular o prejuízo”. Quanto a agenda de shows, ele comenta: “Fazíamos uma média de 20 por mês, ficamos de março de 2020 até acabar o ano sem fazer nenhuma apresentação, na realidade foram pouquíssimos na virada do ano quando flexibilizou um pouco a quarentena”.
Inovação, era digital e falta de esperança
Com o número de casos subindo no Brasil mesmo um ano após o início da pandemia causada pelo novo coronavírus, o caminho para manter o negócios dentro da música foi sem dúvidas encontrar novas maneiras de fazer o dinheiro rodar: “Atualmente o nosso foco está sendo o digital para substituir os shows e manter nossos artistas em destaque até os eventos voltarem ao normal”, explicou Mestre Patrick que vive há 13 anos do funk.
MC Hollywood já havia explicado bem o raciocínio do empresário Mestre Patrick em uma entrevista para o Portal KondZilla:O artista refletiu ao falar do lançamento de seu último disco intitulado de Álbum do Tio Holly: “Agora a gente precisa lançar bastante música para movimentar as plataformas digitais porque a divulgação fazíamos nos 20, 30 bailes que a gente fazia por mês, não tá tendo”.
Mesmo sem muitas esperanças, para DJ Pernambuco o jeito é seguir trabalhando e mantendo a paciência, enquanto passamos por um pesadelo mesmo estando acordados: “Estamos atolados em estúdio tentando fazer músicas, criando novas ideias, mas não acredito que tenha acontecido muitas mudanças não. Para ser sincero, sinto que estamos em um barco à deriva ainda, esperando dias melhores. Enquanto isso seguimos esperando a vacina”.