Você conhece a história por trás dos monumentos e estátuas de São Paulo?
Já parou para se perguntar quais são os monumentos históricos, quem são as pessoas em estátuas, a história daqueles que estão imortalizados e por qual motivo foram escolhidos para estar ali na sua cidade? Essas perguntas podem trazer respostas capazes de questionar a existência desses símbolos eternizados, como foi o recente exemplo da estátua do Borba Gato incendiada no dia 24 de julho por um grupo o qual considera a ação um ato político. Encosta no Portal da KondZilla pra saber mais sobre esse assunto tão polêmico.
Pra começo de papo
De acordo com historiadores do “Coletivo História a Contrapelo’’, as estátuas e monumentos dizem quem são os “grandes homens” e os “eventos importantes” do passado da história para estarem sempre ali sendo lembrados.
Por isso, no mundo todo surgem manifestações e atos contra esses elementos que são feitos para gente que escravizou e matou pessoas, como por exemplo a de Cristóvão Colombo em Barranquilla (Colômbia) e o incêndio em São Paulo na estátua de Borba Gato.
Foi em 27 de janeiro de 1963 que a homenagem para Borba foi inaugurada. Ele foi um bandeirante, homens os quais capturam escravos fugitivos, destruíam espaços construídos por negros (quilombos), aprisionava indígenas e dominavam territórios procurando ouro e metais. É em torno desse passado considerado por muitas pessoas como violento que se questiona as homenagens. Aliás, não é a primeira vez que a estátua foi alvo de questionamentos, pois em 2016 foi pichada.
Em contrapartida, uma parcela da população contesta também porque essas figuras não são de pessoas que lutaram contra esses processos violentos ou ainda questionam representatividade social. O Instituo Pólis fez um levantamento de 367 estátuas catalogadas, e chegaram no resultado:
Algumas estátuas pra gente questionar
Monumentos às Bandeiras (1964)
Assim como Borba Gato, em 2016 o “Monumento às Bandeiras’’ já foi pichado porque é uma dos monumentos mais questionados por representar o grupo de bandeirantes. A característica que marca a história dos bandeirantes é a violência no processo de exploração do interior de São Paulo, com o assassinato em massa e catequização de indígenas e negros, estupro de mulheres e ainda, a falsa de ideia de heróis por “descoberta’’ de terras para extrair minerais. A obra criada por Victor Brecheret e está situada na praça Armando Salles de Oliveira no Parque Ibirapuera.
Glória Imortal aos fundadores de São Paulo (1925)
Localizada no centro histórico no Pátio do Colégio, a estátua de 25 metros de altura não deixa nada ‘’subentendido’’ no seu símbolo. No alto está uma figura feminina, feita em bronze, a qual representa a cidade de São Paulo, enquanto embaixo estão esmagados pela estrutura figuras que representam indígenas em trabalho braçal. O autor é um italiano chamado Amadeo Zani.
Monumento a Pedro Álvares Cabral (1988)
Lembra de um dos principais nomes portugueses que ouvimos na escola responsáveis por em 1500 invadir as terras do Brasil quando ela era habitada por inúmeros povos indígenas que sofreram genocídio? Sim, é ele mesmo, o qual aprendemos (erroneamente) que junto com um grupo de pessoas “descobriram” uma terra que já era povoada. Situada no Parque Ibirapuera, a estátua marca 500 anos de invasão portuguesa, desse modo, no pedestal de mármore há um Brasão de Armas de Portugal esculpido escrito ”A Portugal devemos tudo: o nosso sangue, a nossa história, a origem das nossas instituições livres, o espaço amplo que habitamos”.
Bartolomeu Bueno da Silva (1924)
Outro bandeirante homenageado na cidade São Paulo está Av. Paulista no Parque Trianon, que é reconhecido por em 1722 ter liderado uma bandeira (saída do grupo de bandeirantes em busca de terra para exploração) na direção de Goiás, lugar pelo qual encontrou ouro às margens do Rio Vermelho. Mas, essa sua chegada foi responsável por genocídio de indígenas da nação Goyá pois foram dizimados. De acordo com o Instituto Pólis, alguns registros apontam que 22 indígenas morreram em apenas uma das expedições por ele liderada.