Vídeos de vivência mostrando o corre da galera de quebrada é tendência nas redes sociais
Realmente tem uns meninos novos e bons para lá e pra cá, nas ruas, que correm pelo certo e com um celular na mão conseguem passar toda sua vivência, mostrando os corres e o lazer dos moleques de quebrada, trazendo aproximação e identificação com quem os acompanha nas redes sociais. Esse tipo de vídeo de vivência virou tendência na internet e o Portal KondZilla encostou com uns manos pra entender mais sobre essa nova cena.
Com certeza você se deparou com algum reels no Instagram, mostrando os bailes, uns boot muito chave e muita, muita correria. Esses vídeos são conhecidos como “vivência”, e é uma moda que começou na gringa, que sempre misturou muitos takes e uma edição dinâmica que te deixa com gosto de quero mar.
Não demorou muito para que os meninos do Brasil pegassem a referência e adaptassem à realidade deles. Nascido e criado na Vila Fundão, Zona Sul de São Paulo, Cauã Vinícius de Oliveira, 16 anos, está envolvido com arte desde pequeno por causa do pai, que fazia grafite, ou do próprio dia-a-dia, que sempre o inspirou. Conhecido como Cauart nas redes sociais, o menino realmente mostrou que é arteiro e desenrolou nos vídeos de vivência.
Nos conteúdos, ele mostra a realidade. “Procuro mostrar o que acontece na minha semana, trazer as coisas boas que tem dentro da favela, como o funk e trap, que tem sido nossa estrutura e mostrar minha curtição”, comenta Cauã.
O que talvez muitas pessoas não entendem, é como um vídeo que parece ser tão simples, chega a bater 1,6 milhões de visualizações, mas é através deles que outros meninos e meninas se sentem confortáveis o suficiente para utilizar a rede social e principalmente o Instagram, que sempre vende uma realidade que nem sempre está ao encalço de todos. “A vivência é realidade pura, a correria da semana e tem toda uma história por trás, começa com você pegando um busão, indo para o trampo, comprando uns kit e chaveando no baile no final de semana para tirar um lazer”, explica Cauart.
“Faço isso por diversão e mostrar como é o meu dia dentro do lugar onde eu moro. Um dia que você chama seus parceiros para tocar algum projeto, já rende uma vivência. Ali tá um aprendendo com o outro e vivendo”, comenta Lukas Araújo, 18 anos, vulgo LK, morador da comunidade do Real Parque, zona sul de São Paulo.
Hoje marcando presença e fazendo seu nome no audiovisual, Victor Hugo Oliveira, ou Torvic, 23 anos, morador da Penha, zona leste de São Paulo, começou fazendo uma brincadeira com alguns vídeos que tinha em sua galeria do celular. “Nunca pensei em juntar todos os vídeos, sempre coloquei somente naqueles 15 segundos do insta”, explica Victor.
“Eu sempre gostei de fotografia e filmagem, então sempre tive muito arquivo no meu celular, vídeo de role e com os parceiros zoando. Um dia, meu brother me mandou um desses vídeos, e eu achei da hora e decidi tentar, procurava uns aplicativos, comecei a editar pelo celular mesmo”, comenta Torvic sobre como começou com os vídeos.
Com a quarentena todo mundo precisou achar alguma maneira de não surtar, Torvic deixou registrado como estava sendo seus primeiros dias isolado. “Eu lembro que meu primeiro vídeo que estourou mesmo foi um que eu lancei no twitter na época de quarentena, que chegou a um milhão de visualizações. Mesmo fazendo só por curtição, percebi que era uma maneira de mostrar como enxergo o mundo”.
Além de ter se tornado tendência, as vivências se tornaram um meio de aproximar o público da galera que tá produzindo conteúdo. Esses vídeos também ajudam a inspirar a galera que tá em busca de uma melhoria por eles mostrarem a realidade por trás dos corres do pessoal. Isso sem falar que, além de ter virado um hobby pro pessoal, também se tornou uma possível carreira profissional pra todos que curtiram se aventurar pelo audiovisual.