MC Dino mostra que tem muito funk no sul do Brasil, tchê!
Há muito tempo a cultura do baile funk não está mais restrita ao Rio de Janeiro. Aqui no Portal KondZilla mostramos as mais variadas regiões do Brasil com características próprias do movimento funk, como Minas Gerais, São Paulo, a Baixada Santista e também as mudanças do Rio de Janeiro. Agora, saindo do Sudeste brasileiro, outro local que se destaca pelo movimento é o Rio Grande do Sul. O estado fez parte do movimento funk ostentação no começo dos anos 2010 e desde então, artistas se esforçam para manter a cultura viva. Pedro Rosa Alles, 25, o MC Dino, é um dos sobreviventes. Autor dos sucessos “Mlk Classe A“, que passa da marca de dois milhões de visualizações no YouTube, “Bumbum em Câmera Lenta“, “Desceu Suave” e “Vem Chama“, o cantor bateu um papo com o Portal KondZilla para entendermos melhor esse movimento.
Vamos recapitular um pouco essa novela. Com o movimento funk se espalhando por todo Brasil a partir da virada do século nos anos 2000, o grande ápice do gênero no Sul foi com a onda da ostentação, entre 2011 e 2012.
Podemos citar alguns nomes da região que já produziram funk. Uma das mais inusitadas produções vem da banda De Fellas com o hit “Popozuda Rock’n’Roll” e também os trabalhos do produtor DJ Chernobyl – produzindo o álbum do Bonde do Rolê. Falando do funk periférico, temos os personagens que participaram do funk ostentação como o próprio MC Dino com a música “Vem Chama“, MC Felipinho com a música “Nós Vai Fazer Loucura” e MC Tchesko com a música “É Bem Assim Que A Gente Tá” – essa talvez você já tenha ouvido falar. Essa turma toda fez o nome com músicas do funk ostentação.
“Sem dúvidas, aquela época [ostentação] foi a época de ouro para nós, que somos do Rio Grande do Sul e trabalhamos fora do eixo Rio-SP”, explica o cantor, em entrevista por telefone. “Conseguimos conquistar nosso espaço e sermos vistos”.
A ostentação ainda é o tema principal dos MCs do Sul. Mesmo com todas as novidades do ritmo, como o 150BPM e o arrocha funk, Dino se mantém fiel ao início do movimento – que se inspirava em ritmos gringos. “Me inspiro bastante no rap americano, essa é a minha pegada, é o que eu sei fazer de melhor”.
Além da produção regional de músicas inspiradas na ostentação, existem casas de show e público interessado nesse ritmo . “Quando viajo pro Rio Grande do Sul, Santa Catarina, sempre sou bem recebido, a galera canta as músicas. Creio que por não estarmos lá todo fim de semana, é um apego diferente”, contou o MC Rodolfinho, em um papo anterior com Portal KondZilla. Também tivemos o Baile do KondZilla em Santa Catarina, estado da região Sul do país.
MC Dino começou a cantar com 13 anos, fazendo umas rimas com colegas do seu bairro de infância, na Vila Maria da Conceição, periferia de Porto Alegre. A inspiração do funk veio dos cantores cariocas (MC Frank, MC Tikão e MC Menor do Chapa) e também paulistanos (MC Dede, MC Lon, MC Neguinho do Kaxeta e MC Felipe Boladão).
“Antigamente, [o movimento] era totalmente amador, podemos chamar assim. Com o tempo, eu e todos os envolvidos com o funk aqui no Sul fomos procurando nos preparar melhor, vendo bastante o pessoal de São Paulo, que está um passo a frente”, comenta.
Dino faz questão de destacar que São Paulo é um exemplo a ser seguido. Uma moda adotada pela galera porto-alegrense são os bailes de rua (conhecido como fluxos), que começaram a se tornar febre por lá. Mesmo tendo o quinto melhor IDH do país, Porto Alegre também tem uma região periférica muito carente de opções culturais, tornando as festas na rua, digamos, locais de encontro para consumir e disseminar a música.
Mas a região não vive só de funk, também tem uma galera do rap que tem chamado atenção. “Aqui no sul tem uma galera muito boa, fazendo uns trampos bem legais. Um dos que eu posso citar é o Drow Mattos, inclusive já fiz uns trampos com ele”.
As dificuldades regionais e culturais não desanimam o cantor, que da a dica.”Tem aquele ditado que não adianta olhar pro céu com muita fé e pouca luta”, conta o cantor que vai completar cerca de 10 anos de carreira. “Vejo que hoje sou um espelho pra molecada aqui do Sul, eles vêem que é possível fazer um trampo de respeito, independente de onde você veio. O negócio é você estar antenado”, finaliza.
Confiante no trabalho que tem feito e com a crescente do movimento em sua cidade, Dino é um bom exemplo que o funk vai muito além do que acontece no eixo Rio-SP. O funk é uma cultura que já se espalhou por todo o Brasil e revela talentos por todos os cantos. Mesmo as dificuldades, MC Dino é exemplo para uma nova geração que procura um futuro melhor na música, seja do Sul ou de outras regiões. O importante é ir pra luta atrás dos sonhos.
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