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Montagens de mandelão misturam funks antigos com beats atuais

15.01.2020 | Por: Fernanda Souza

Nos bailes de rua de São Paulo surgiu uma nova moda com DJs e produtores, por meio das MTGs (montagens), que estão misturando funks antigos em versões atuais. Troquei uma ideia com alguns produtores para tentar entender quando isso começou e soltar uma lista pra vocês do que está barulhando os fluxos. Cola aqui no Portal KondZilla, que agora é ‘só sequência de vapo, vapo’.

Já contamos sobre os DJs e produtores que estão dominando a cena do funk. As pessoas buscam saber quem são os criadores dos beats que os MCs estão cantando e passam até a frequentar bailes para ouvir as criações. No funk de fluxo de rua isso acontece muito.

Foto por: Jef Delgado

Sim, ‘’funk de rua’’. Tem muito funk que é produzido pra rua, pois é lá que esses DJs e produtores vão consagrar seus hits. Quem frequenta os fluxos acaba conhecendo muitas produções novas que podem estourar ou não, ali é o teste pra ver se o funk vai funcionar. Aliás, sempre surgem nomes consagrados por lançarem aquele pontinho que faz geral embrazar.

Os caras são tão importantes pra cultura do funk que, além de produzir e gerar hits, eles acabam impulsionando muitos MCs. Não é atoa que alguns deles costumam fazer muitas parcerias, que dão super certo, como o caso do Will DF e MC Dricka.

As montagens – MTG

Frequentando muitos bailes, comecei a notar que depois que a montagem “Kika uma vez, Kika de novo” dos DJs Jeh e Nando com MCs Jotinha, GW e Juka na voz voltou e ressuscitou o funk (o som é de 2014), outras MTGs começaram a surgir nos bailes, no ritmo de hoje e nas vozes das antigas. Alguns sons ‘antigos’ nunca deixam de tocar, mas atualizar esses sons aos ritmos do mandelão foi uma sacada e tanto dessa nova geração de produtores.

É difícil dizer quem foi o primeiro desse movimento, mas muitos DJs apontaram que depois da “Sequência do Fiu Fiu” do DJ P7 isso virou tendência entre os produtores. Mas, como já foi explicado, remixes e sons de outros anos nunca deixaram de tocar nos bailes.

Pra começar as referências, vamos com o monstro de 19 anos, o DJ P7. Essa, sem dúvida, é hit, pois barulha o baile trazendo o mandelão e preservando a música original com o ritmo do funk carioca na voz do MC Magrinho e da Ludmilla. Inclusive, conhecida na época como MC Beyonce (pra você ver como isso é antigo).

Falando com DJ P7, ele me contou que pediu ao MC Magrinho para gravar sua vinheta “DJ P7” pra colocar na música, isso ajuda a impulsionar o nome do produtor. Pra você entender melhor todo esse papo de MTG, escuta a do P7 e depois confere a original, você vai sacar a diferença que existe na evolução, junção e até mesmo na criação que o funk possibilita de geração em geração.

Revivendo o Passinho do Romano

Outra MTG foda é a de “Senta Pelada“. O DJ P7 contou que um dos motivos de ter criado a montagem foi a sensibilidade que sentiu com a morte de um dos meninos na tragédia de Paraisópolis ano passado (no vídeo aparece o adolescente homenageado), pois o garoto adorava dançar igual ao Magrão. A música “Senta Pelada” nas antigas era sucesso, principalmente quando o passinho do romano estava começando, aliás, o P7 é cria de uma quebrada próxima a do Magrão. Uma coisa levando a outra, olha como funk é zica!

Tem muito moleque gravando vídeo dançando igual o Magrão com essa música, sem contar que ela está pocando nos bailes. “Sempre brisei nos funks antigos e no passinho do Magrão. Nessa produção, quando o parceirinho faleceu e eu recebi o vídeo dele dançando na DZ7, na hora pensei no clássico vídeo do passinho do romano e na música ‘Senta pelada'”, comenta P7.

MC Pocahontas nos Fluxos

Há mais ou menos 8 anos esse som estava estourado na voz da MC Pocahontas. Agora o funk voltou com ritmo novo produzido pelo DJ Henrique de São Mateus, que faz muito sucesso nos bailes da cidade. “Eu escolhi Pocahontas porque escutava ela nas antigas. Daí, me deu na cabeça que se fizesse com ela uma versão mandelão ia dar bom’’, comenta o DJ.

“Não sei ao certo quem começou, mas eu sempre quis na minha mente uma versão atualizada dos funks antigos. Talvez depois que ressuscitaram ‘Kika uma vez kika de novo’ outros DJs como eu começaram as versões”, encerra o cria da zona leste quando tentávamos entender a tendência disso nos bailes em sua área. Henrique lançou “Na casa do seu zé 2“.

Uma ideia quente é que usar funks antigos favorecem as criações desses novos produtores que estão surgindo em todas quebradas de São Paulo. Vale a pena mencionar que muitas delas, como essa da “Casa do Seu Zé”, da MC Britney, dão abertura para novos MCs como o MC 12 que canta no beat mandelado.

Pega essa do DJ Mandrake, um DJ que é muito escutado em bailes na Zona Sul. Na montagem tem a música do G15 “Uma Sentada Daquela Nervosa”, que estava estourada em 2016. E voz potente do MC Kalzin com “Vou Te Explodir Seu Negócio Todinho”, de 2015.

Essa sem dúvida não podia faltar porque ela barulhou os bailes no final do ano passado. É aquela que faz geral da favela embrazar. O responsável é o DJ Dozabri, o qual me contou que pensou em colocar as músicas antigas que quase todos sabem a letra em cima de um beat envolvente chamado berimbau.

“Algumas músicas antigas começam a ganhar fama de novo por causa de memes ou porque tem gente que curte das antigas. Daí, os caras do canal pegam a música pra subir de novo, já que o som virou referência na cena”, conta o DJ.

Montagem não é um papo novo, mas em cima do mandelão sim. Curte ai os mandelão que estão pegando nas quebradas de São Paulo. Dá uma atenção nesses DJs e produtores que estão surgindo com uma criatividade e capacidade absurda. E claro, mate a saudade do que bombava nas antigas. É o funk!

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