Comportamento

O Baile da Gaiola virou palco do público LGBTI

28.01.2019 | Por: Jeferson Delgado

DJ Rennan da Penha, o cara que ajudou o Baile da Gaiola a estar em grande ascensão, convocou uma galera que está sempre presente no baile mas de forma discreta a ganhar o holofote da noite, a primeira parada LGBTI do Baile da Gaiola trouxe diversas atrações como Pepita, Iasmin Turbininha e Viviane Araújo, é claro que o Portal KondZilla estava presente e te conta tudo que rolou nesse evento histórico no complexo da Penha.

Era uma noite quente como a grande maioria das noite no Rio de Janeiro e o nosso primeiro destino foi acompanhar Rennan em seu único show da noite antes de colar pro Baile da Gaiola – o DJ comentou que não fechou outros shows na noite por conta desta edição especial. Trombamos Rennan da Penha e sua equipe na porta da sua casa, na comunidade da Penha, lá pelas 23h30, e seguimos de van até a cidade vizinha de Itaboraí, na casa de shows Ita Music. Durante o percurso de quase uma hora, a galera foi curtindo um pagode e tirando onda a todo momento. Bem coisa de carioca.

Acabou o show em Itaboraí, isso umas duas horas da madrugada, corremos direto para o Baile da Gaiola acompanhado por Rennan. Eram 3h em ponto e chegamos na Penha. Baile já estava lotado e fomos juntos com o Rennan, passando no meio do público rumo ao camarote que recepcionava todos os artistas convidados pra festa.

Entre os artistas que estavam confirmados no line up da primeira parada LGBTI do Baile da Gaiola, a primeira artista a subir no palco foi Viviane Araújo, que conheceu o baile através do instagram do DJ Rennan da Penha. Daí Rennan não perdeu a oportunidade e convidou a rainha de bateria da Salgueiro para conhecer o baile. Viviane mostrou no palco do Baile da Gaiola todo seu samba no pé e levantou o público com o samba enredo da escola que desfila, a Salgueiro.

Na sequência, subiu ao palco do Baile da Gaiola para se apresentar Pepita, a cantora é reconhecida por ser uma das primeiras funkeiras transexuais do Brasil, figura direta com o ativismo LGBTI e cantou seus sucessos fazendo o público ir a loucura. Quem também representou cantando no palco do baile foi MC Moana que é dona do sucesso carioca “Joga Esse Cabelo os Faixa Preta Vai Passar”.

Após as primeiras apresentações, rolou alguns discursos de pessoas importantes do Complexo da Penha que debatem a causa LGBTI. Eles lembraram o público que o Baile da Gaiola foi o primeiro baile funk do Rio de Janeiro a ter uma edição voltada à essas pessoas e destacaram a importância de se ter um evento dessa proporção em um momento político conturbado. Por fim, agradeceram o DJ Rennan da Penha pelo evento que apesar de ser um homem hétero está somando com a causa LGBTI.

Sendo um baile com a temática LGBTI, esse público que muitas vezes fica de canto no baile, mais acanhado e discreto, teve a oportunidade de ser realmente quem são, com sensação de liberdade mesmo. Mas não se engane achando que não tinha hétero no local, era possível perceber a mistura a cada passo que eu dava dentro do baile, que tava lotado a perder de vista – a expectativa era de mais de 10 mil pessoas. Percebi que tinha uma galera de mochila, como se não fossem dali e encostaram no baile de viagem, vi algumas vans de excursão chegando também, o que mostra que o baile chegou a outra locais tornando mais curioso e aguçando o desejo de muitos em visitar o Baile da Gaiola.

importanteDJ DJ Iasmin Turbininha, figura importante na renovação do funk carioca


DJ Agatha tocando o melhor do 150 BPM

Voltando às atrações, o DJ Rennan da Penha não foi o único DJ que colocou a galera pra cima não. DJ Iasmin Turbininha e DJ Agatha marcaram presença e tocaram o melhor do 150 BPM fazendo a galera embrazar sem parar.


Mazzoni, a primeira artista agenciada por Ludmilla


Gravação do videoclipe da música “Eu Vou Passar”

Uma das atrações mais aguardadas do baile foi Mazzoni, artista do selo Sem Querer Produções e dona dos hits “Vem amor, bate e não para” e “Eu Vou Passar” que inclusive rolou gravação do clipe no baile.








Daniele Gebak, moradora do bairro Vila Sônia, zona oeste de São Paulo

Quando anunciada, a primeira parada LGBTI do Baile da Gaiola fez muita gente fazer o corre para conseguir ir ao evento, Daniele Gebak, 21, é umas dessas pessoas que veio de outro estado para marcar presença no evento “Eu queria ir pro baile mas não tinha grana, aí tive a ideia de fazer bate e volta, valeu a pena, eu sempre quis conhecer o baile mas tinha receio de ir sozinha e por ser mulher LGBTI me sentir desconfortável. Quando o Rennan anunciou que teria essa edição coloquei na cabeça que iria, fui, amei e quero voltar todo final de semana”.


Dia amanhecendo no Baile da Gaiola



Conforme chegava o Sol, o baile parecia que ficava mais cheio, o que tornava impossível caminhar em alguns pontos, mas apesar do empurra-empurra e alguns esbarrões. Diferente de alguns bailes de São Paulo onde já estive presente e que rola uma certa tensão, o clima no Baile da Gaiola era de paz e pura curtição, o que resultou em nenhuma briga e tumulto.





Amanheceu de fato por volta das 8h da manhã algumas pessoas começaram a deixar o local, principalmente quem morava ali perto, a galera que veio de excursão ou de bonde de outros lugares do Rio ficaram mais para curtir o baile, eu como já estava esgotado entrei para o bonde dos que meteram o pé. O Baile da Gaiola é certamente o baile mais falado do país inteiro e continua fazendo história no funk e nessa cultura que já é tão rica, e você já foi no Baile da Gaiola ? se não! aposto que já teve vontade, então não fique de bobeira, reúna os amigos e “Vamos pra gaiola, que tá tá tudo bom” já dizia MC Kevin o Chris.

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