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Luizinho da Bacia, o relíquia que não deixou o funk da baixada ser esquecido

02.07.2022 | Por: Raynã Fulador

Seus trabalhos como MC de funk consciente e YouTuber com canais de música ajudaram a resgatar a autoestima da baixada e fazer com que os outros MC’s da quebrada retomassem as atividades depois de um momento difícil passado por todos eles 

Sua trajetória com o funk começou nos anos 90, sua família evangélica não gostava que Luizinho ouvisse funk mas um primo e vizinho sempre colocava o pancadão para curtir um som e ele aproveitava e ouvia. Até que um dia ganhou de presente do primo uma fita gravada com várias músicas, a primeira que escutou foi “Bonde da CG” dos MC’s Renatinho e Alemão, daí em diante se apaixonou pelo funk e pela mensagem que ele passa.

O funk da baixada era um desabafo para o favelado, falava sobre os problemas do cotidiano, contava a história das pessoas que moravam ali e era uma forma de mandar um salve para os aliados também, isso fazia com que o MC se identificasse muito.

“No começo eu nem saia muito na rua mas só de ouvir as músicas eu já comecei a conhecer a histórias, os MC’s e saber as vivências da rua e comecei a estudar muito”, contou Luizinho

A decisão de começar a fazer músicas foi através das inspirações dos próprios MC’s da baixada. MC’s como Renatinho e Alemão, Bola e Betinho, Danilo e Fabinho e MC Primo foram as primeiras referências para Luizinho dentro da música. O relíquia contou que todos se ajudavam para produzir os sons, o próprio MC Bola deu uma música de presente para o Luizinho da Bacia mas infelizmente não chegou a ser gravada.

“Eu ficava pedindo uma música pro Bola e ele me deu de presente, mas era só a letra porque a batida ele tinha perdido então não conseguimos gravar”, disse. 

Luizinho gravou sua primeira com o DJ Cuco e logo em seguida colocaram ele em um baile na baixada. Daí em diante decidiu que viveria de música mas pelas condições não conseguia muitas produções, até que um amigo produtor parcelou as gravações e tudo começou a fluir. Entre seus sucessos temos “Mundo de Ilusões”, “Independente” e “A Cobrança”,

Faltava o nome mas já existia um MC Luizinho na baixada e como no mundo do funk é muito comum colocarem o nome da sua quebrada junto com seu vulgo, ele decidiu colocar “Luizinho da Bacia” homenageando sua região. Assim como o Neguinho do Kaxeta fez.

Em 2009, Luizinho conheceu Felipe Boladão, que gostou muito da música “Nem Tenta Copiar” e decidiram regravar juntos. O MC já era muito fã do Felipe e isso ajudou a aumentar a visibilidade da sua carreira. Os dois se tornaram muito amigos, fizeram shows juntos e até hoje ele tem contato com a família do Boladão.

Em 2010, infelizmente aconteceu a morte de Felipe Boladão e tempos depois a baixada santista passou por um atentado. Esse momento difícil fez com que o funk desse uma brecada na região, os shows não estavam mais acontecendo e os MC’s estavam desanimados para continuar na música.

Luizinho sempre guardou todas as músicas que tinha do Felipe Boladão e de outros MC’s relíquias também. Em uma viagem para Minas, encontrou com alguns amigos que falaram que não estavam encontrando os funks da baixada no YouTube e daí surgiu a ideia de criar um canal e subir todos esses sons que estavam guardados. 

O artista usou seu canal para postar as músicas que tinha de outros MC’s e no meio disso postou as suas também, rapidamente as visualizações foram aumentando e várias pessoas pedindo mais músicas para o Luizinho da Bacia. O sucesso foi tão grande que os fãs entraram em contato com ele para entregar músicas relíquias para subir no canal, até em outras cidades Luizinho já viajou para resgatar as preciosidades. 

De certa forma, trazer de volta esses sons reergueu a cena do funk na região e muitos MC’s que não queriam mais fazer músicas e se apresentar em shows retomaram suas carreiras.

“Começou a dar um up, até os caras se animaram queriam fazer shows de novo…levantou a autoestima. Acredito que eu fui uma ponte”, revelou.

Além do seu canal do YouTube, as músicas do Luizinho estão disponíveis também em seu perfil do Spotify

Faz um ano que o artista decidiu viver apenas da internet e criou um novo canal no YouTube junto com sua esposa, Miih Gelsleichter. Eles fazem “react”, vídeos de suas primeiras reações ao ouvirem uma música. O canal Sintonia Tube já conta com milhares de visualizações e quase setenta mil inscritos, da uma atenção:

E aí, curtiu conhecer um pouco mais da história dessa relíquia do funk?

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