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Funk e pagode se misturam? Veja como isso vem acontecendo no universo do funk

11.01.2021 | Por: Wenderson França

Dentro das quebradas, a coisa mais natural é alguém lançar na roda de amigos: “E aí, vamos colar no pagofunk?”. Afinal, não é novidade pra ninguém que o funk e o pagode andam de mãos dadas, não é mesmo? Porém, além dos gêneros frequentarem o mesmo ambiente, eles agora estão dividindo o mesmo espaço nas produções musicais. Quer saber como eles andam se misturando nos sons? Cola com o Portal KondZilla que os DJs Soneca e RD explicam mais sobre essa mescla.

Essa mistura dos mundos do funk e pagode acontece de várias formas. Uma delas foi quando Ludmilla, uma das maiores funkeiras do país, resolveu soltar um EP no gênero. Antes disso, anos e anos atrás, ela gravou uma parceria com o Belo, um dos maiores nomes do ritmo. Quem também é pagodeiro nato é o MC Marks, dono dos hits “Deus é Por Nós” e “Céu de Pipa“. Em 2020 ainda, Kevinho e Turma do Pagode se uniram para um som, e o Jottapê convocou o Ferrugem para um feat no começo deste ano. Inclusive, o MC Ryan SP revelou que o sonho dele é gravar com o Xande de Pilares, pagodeiro da relíquia.

Já há alguns meses, essa mistura deixou de ser só parceria entre artistas pra virar uma coisa só: um funk com elementos clássicos do pagode. Sendo assim, busquei alguns produtores musicais para que eles pudessem falar um pouco dessa junção, como é o caso do DJ RD, residente dos estúdios KondZilla Records. O “Set RD #1“, lançado no último mês, apresenta essa característica nos versos do relíquia MC Dede

“Isso é bem antigo. O pessoal misturava muito nos anos 2000, mas colocava mais o cavaco [instrumento muito usado no pagode]. No meu set, decidi colocar realmente os elementos percussivos do pagode pra dar mais cara do gênero mesmo”, explicou RD. 

Na mesma pegada, o Moloka Poeta, mais conhecido como MC Digo STC, soltou lá em agosto de 2020 a música “Bole Bole“, que além de misturar as vivências do funk vem totalmente no ritmo do pagodinho de quebrada mostra a versatilidade do artista. A produção do som ficou por conto de Iverton, 23, morador das quebradas de Carapicuíba, vulgo DJ Soneca, que passou a visão: 

“A música surgiu a partir da letra do MC Digo STC, que já tinha essa ideia de misturar os gêneros. Misturar funk com pagode é satisfatório pra mim porque sempre curti muito os dois”, disse DJ Soneca. 

Estes não são os únicos exemplos. Se liga nas músicas que também fazem essa junção: a parte do MC Lipi no “Love Acústico 2” , “Nega Apetitosa“, do Nathan ZK”, “Cacheada“, do MC Barone, set “Homenagem R10” e o set “Paraíso Tropical“. 

O pagode está realmente muito próximo do funk? MC Paulin da Capital, um dos nomes mais estourados do funk no último ano, é nascido e criado no universo do samba. “Meu pai é músico, então comecei a cantar desde cedo. Com uns 16 anos comecei a compor samba e pagode, aí fui evoluindo, conheci o funk e gostei”, relembra ele. Num papo com o MC Paulin da Capital uma vez, ele ainda deu o toque: “Negrão, minha música ‘Morena’ é um pagode”. 

Será que teremos mais funks com gostinho de pagode?: “Não sei, pode ser que vire tendência, principalmente agora que o pagode está em alta nas redes sociais. Quero bastante fazer mais essa mistura do funk com pagode, então já deixo em aberto o meu convite para os amigos pagodeiros”, passou a visão DJ RD. “Acredito que seja uma evolução, mas tudo depende do público. Se eles aceitarem bem, com certeza vira tendência”, finalizou DJ Soneca.  

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