Sem categoria

Fluxo 062: representantes do funk em Goiânia

18.09.2018 | Por: Salomão Salazar

Na terra onde o que impera é a MPD (Música Popular de Dupla), gíria pra falar do Sertanejo, existem alguns representantes de outros gêneros que agitam o circuito musical da cidade. O funk é um deles aquecendo o centro do país há a alguns anos. Como sou nascido e criado por aqui, mas grande admirador da música eletrônica brasileira, vou dar a letra agora no Portal KondZilla sobre funkeiros-goianos.

Apesar de ser também uma música de dupla (MC e DJ), o funk se manteve às margens na capital goiana, tendo como holofote os grandes palcos que trazem regularmente representantes de SP e RJ. Produzindo poucos talentos do gênero, Goiânia nunca foi conhecida como capital funkeira, apesar de consumir muito esse “Produto Interno Brabo” em eventos expressivos da cidade como Festival Villa Mix (que teve participação do Kevinho na última edição e foi considerado o maior palco do mundo), Festival Pecuária dentre outros.

Festival Villa Mix – Goiás – 2018 Foto: reprodução

Apesar dessa grande tradição da música caipira, faz alguns meses que o público regional tem visto uma ascensão de talentos daqui que estão despontando para esse gênero hipnotizante chamado funk. E pra ajudar, criando letras de assuntos goianos!

Em destaque, temos o grupo “Baile do Mário“, formado a pouco mais de um ano pelo DJ Mário Pires e M2K (beats). Os caras estão ganhando grande proporção regional e também fora do estado, dividindo palco com outros grandes nomes da música como Kevinho, MC Livinho, Cat Dealers dentre outros artistas de relevância mundial. Recentemente o grupo lançou a música ‘Tey Tey Tey’ com o cantor sertanejo Lucas Led e que está tendo uma pujante reprodução pelas rádios locais. Ouça:

É um funk com aquela virada no arrocha, podemos dizer que é uma adaptação nossa ao funk carioca e paulista que tanto nos inspira. Mário Pires ainda estreou um programa EXCLUSIVAMENTE voltado para a cultura do funk na região em uma rádio local, na última segunda feira (03). Parece pouco, eu sei. Entretanto, essa é uma grande evolução para os consumidores do estilo mais dominante do país.

Goiânia sempre produziu muito funk, a diferença é que tinha menos força do que o dominante Sertanejo. Pra não parecer que o movimento se baseia em apenas um sucesso.

MC Jivas

Jivas hoje é uma das grandes promessas da nova leva do funk do Brasil Central. Voz forte e com presença pesada, o MC conta com produções assinadas por DJ João Quicks, publicados no Detona Funk. O menino da cidade de Aparecida de Goiânia vem mexendo com os bailes locais e a cada dia que passa, conquistando o reconhecimento do seu trabalho.

O maior sucesso do cantor, a música ‘É Só Botada’, ganhou um remix que ajudou na popularização da música e movimento goiano. O trabalho foi feito por um duo daqui também, mas veja só que coisa boa:

Essa releitura traz luz a uma curva ascendente da música eletrônica no Centro-Oeste que vem crescendo há mais de 3 anos, revelando nomes como: Illuzionise, Alok, Bhaskar, Victor Lou e vários outros que se despontam para as pistas da região. O cenário de eletrônico se mantém aquecido com média de três eventos por mês do gênero por entre os municípios. É importante lembrar que essa ligação do batidão com a música eletrônica sempre existiu, a diferença é que agora se tornou mais forte ao passar dos anos (fato ligado não somente ao centro-oeste como também nesse Brasilzão cultural).

MC CIDY DA VF

Outro rapaz que vem chamando a atenção e também saiu do cerrado brasileiro é Cidy da VF. Com seu single de estréia ‘Tempo das Antigas’ produzido pelo produtor Pamonha Beats, Cidy teve uma ótima aceitação pros olhos e ouvidos consumidores de funk da região, tendo mais de 100 mil acessos em pouco mais de 2 semanas de estréia. Os próximos trabalhos prometem.

Por ser um cenário que está começando a exportar de Goiás para o restante do Brasil, contando ainda com o sertanejo como concorrência, os nomes e números estão crescendo aos poucos. Citei os que mais despontaram de um grupo de dezenas de nomes. Poderia citar aqui MC Lozin, MC Guguinha da VL, MC Badeco e outros nomes que já surgiram, tais como Funk Tour , Cena Meia Dois, MC Chocolate, Mac Jhonny, DJ Boka, MC MPC, DJ Pedro Lukas (MC Melão). Mas aí poderia parecer saudosismo da minha parte em relembrar toda a história do funk goiano.

Por enquanto é ver essa semente crescer e esperar para colher os frutos. Uma das principais músicas da periferias do Brasil, o baile funk, já se espalhou por todas as quebradas do país. E por isso hoje já não é mais Funk Carioca como antigamente era conhecido, e sim, Funk Brasileiro. Agora é só esperar por mais e mais movimentos por todo esse Brasil (e porque não dizer mundo?!).

Leia também:

A nova geração de DJs e produtores cariocas
Do baile da Vilarinho ao cavaco do Delano: uma história do funk mineiro
Entenda a evolução do funk de Minas Gerais
No Espírito Santo, o beat é fino e o funk é forte

PUBLICIDADE Flowers

Veja também

PUBLICIDADE Flowers