Funk Rave

A união do funk com o sertanejo pra combater a bad

15.09.2020 | Por: Gabriela Ferreira

A junção do sertanejo com o funk não é uma novidade. Se a gente for parar pra pensar, existem várias parcerias, tipo “Ta Tum Tum“, do Kevinho com a Simone e Simaria; “Vai ter que Aguentar”, de Don Juan e Maiara e Maraísa; e vários outros hits. Mas, em 2019, a galera começou a fazer uns remixes de modão mandelado, unindo a sofrência com a putaria. Nós trocamos uma ideia com a galera que está conduzindo essa cena pra entender mais sobre a tendência que não vai sumir tão cedo. 

Um dos canais que mais publica esse tipo de mistura é o Ritmo dos Fluxos, e o dono, TH, explica um pouco sobre a junção: “Esses remixes surgiram de uma forma geral no final de 2019. O pessoal escolhe um sertanejo que esteja estourado, pega bem o refrão de sofrência e mescla com o funk. A ideia é manter as características mais fortes dos dois”, comenta ele.

É muito comum que eventos grandes de funk tenham alguns artistas do sertanejo nas programações. Isso sem falar que os próprios DJs às vezes também lançam uma sofrência pra galera. Somando tudo isso com as parcerias já existentes dos artistas, era natural que os ritmos se fundissem ainda mais, já que o público é praticamente o mesmo. 

Alguns dos sertanejos mandelados têm números bem expressivos. Destaque para a versão magrão de “Na Conta da Loucura”, do Bruno e Marrone, que é um dos remixes mais bombados ultimamente. A junção, feita pelo DJ Lucas Beat – outro cara que vem se destacando nesse fronte, tem rodado no Tik Tok desde maio e já passa de 14 milhões de visualizações no YouTube. “A ideia surgiu depois que do remix de ‘Tuts Tuts Quero Ver’ deu certo. Fiquei com vontade de tentar outro”, conta Lucas. 

O produtor foi além. A mistura do sertanejo com o rave-funk geralmente é assim: a música começa com o sertanejo, aí vem um corte e entram os MCs cantando. Já no remix do Lucas Beat, os ritmos se envolvem mais. “O que eu fiz foi baixar o BPM [batimentos por minutos] da música do Bruno e Marrone pra encaixar no beat magrão”, explica.

A música viralizou por causa das dancinhas das pessoas, mas o que ficou conhecido foi o começo da canção, que é a parte do sertanejo mesmo. Lucas lembra que grande parte da galera foi procurar o som inteiro no YouTube e nem sabia que tinha putaria: “O pessoal estranhou e comentava que preferia só a parte do sertanejo. Depois de um mês, acabei fazendo uma outra versão só de ‘Na Conta da Loucura’, remixado com funk, sem os MCs mesmo”. 

Ao longo desse mais de um ano, surgiram vários rave-funks misturados com sertanejo, muito remix com funk, e a tendência é continuar. TH se baseia em sua experiência com a Ritmo dos Fluxos para explicar o porquê dessa mistura ter sido tão aceita pelo público: “É difícil alguém que não escute sertanejo hoje, e o remixes pegam bem a parte da sofrência e une com a alegria do funk, meio que vem pra alegrar e trazer uma autoestima pra quem tá sofrendo”. 

Direito autoral

TH destaca que a grande parte desses remixes não são autorizados, ou seja, muitos DJs não têm a permissão de usar as músicas. “Muitos produtores soltam essas músicas sem monetização [sem ganhar nada por elas], porque às vezes eles nem querem ganhar dinheiro, fazem mais pra mostrar que é possível”. 

Por causa do direito autoral, alguns desses hits, que resultam da soma de sofrência com mandela, acabam saindo do ar. O que acontece é que os produtores e DJs que estão começando nem manjam sobre as leis de direitos autorais e acabam violando as regras, sem querer. “O mercado do sertanejo é mais organizado do que o funk. Muitas vezes, as gravadoras não entendem isso como falta de aprendizado. Acho que falta uma comunicação melhor entre as gravadoras e os produtores”, avalia. 

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Mesmo assim, tem muita gente por aí que se diverte com os remixes, como é o caso do Bruno, da dupla Bruno e Marrone, que postou um vídeo dançando o “Na Conta da Loucura – Magrão”. “Eu achei que fosse tomar um processo ou coisa do tipo, mas não. Ele ainda postou um vídeo dançando”, comemora Lucas Beat. Outro caso recente foi o funkeiro curitibano Edy Lemond, que liberou sua obra pra um remix do DJ Lucas e aproveitou pra dizer que essas novas versões eram boas pra que outras pessoas pudessem conhecer a música dele. 

A união entre os estilos musicais, seja por meio de remixes ou parcerias, já tem dado certo há muito tempo, e artistas de diferentes nichos têm se abraçado mais. Ano passado, com o boom do rave-funk, surgiram muitos sons fazendo a ponte entre os ritmos, o que fez com que até o DJ Alok, um dos maiores do país, começasse a fazer feats com funkeiros, tipo o MC Ryan SP e o MC Hariel

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