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A importância de João Gilberto para a música brasileira

09.07.2019 | Por: Gabriela Ferreira

Faleceu neste último sábado (6) o músico João Gilberto, aos 88 anos. Considerado um dos nomes mais marcantes da nossa música, o cantor foi o criador da bossa nova e por isso, nós do Portal KondZilla decidimos celebrar a vida e obra do cantor.

Nascido em Juazeiro, sertão da Bahia, João Gilberto teve contato com a música cedo com o pai que tocava saxofone e cavaquinho em casa. Com 14 anos, ganhou seu primeiro violão e formou um grupo musical. Em 1947, quando se mudou para Salvador, abandonou os estudos pra se dedicar à música. Deu certo e em 1950, aos 19 anos, ele foi chamado para ser o vocalista da banda Garotos da Lua, no Rio de Janeiro, e foi assim que sua carreira do músico foi se encaminhando.

Depois de alguns anos no Rio, em meados de 1955 o músico se mudou para a cidade de Diamantina, em Minas Gerais, para morar com a irmã e no tempo que passou lá, ficou muito tempo trancado no banheiro porque achou que a acústica do lugar era perfeita para o tipo de música que ele tava produzindo. Assim foi nascendo a estética da bossa nova, o canto baixo, os acordes tocados com a mão direita, que trazia harmonia e ritmo ao mesmo tempo, e a implementação da técnica de respiração da ioga, que ajudava as notas a serem maiores quando necessário. Era um jeito de unir o jazz com o samba.

João voltou ao Rio em 1957 e em 1958 veio o boom de sua carreira. Isso é pra você pensar. O músico persistiu na carreira, achou um jeito de fazer música diferente das outras pessoas e foi aperfeiçoando tudo. Demorou quase 10 anos pra ele ser reconhecido, mas tudo deu certo e hoje ele é um dos maiores nomes da história da cultura brasileira.

Lá em 1958, antes da bossa nova se chamar bossa nova, os cantores mais famosos da época eram os da música popular brasileira, principalmente Vinicius de Moraes e Tom Jobim, que junto de João Gilberto, foram o principal pilar da bossa. Em 1958, Elizeth Cardoso, uma das maiores cantoras do  momento, gravou o disco “Canção do Amor Demais” só com letras de Vinicius e Tom. Quem participou do disco foi João, que a acompanhou no violão enquanto Elizeth cantava. Foi nesse disco que surgiu a canção “Chega de Saudade“, que ficou eternizada na voz de João Gilberto.

A canção foi a primeira música considerada bossa nova. Depois dessa canção, João lançou três álbuns: “Chega de Saudade” (1959), “O Amor, o Sorriso e a Flor” (1961) e “Getz/Gilberto” (1964). Esse último é uma parceria entre o brasileiro e o saxofonista americano Stan Getz. O disco dos dois chegou a ganhar o Grammy em 1965 com o álbum que desbancou os Beatles, que na época, era a maior febre mundial.

Com “Getz/Gilberto”, a música brasileira ganhou espaço lá fora e se tornou referência tanto pros gringos quanto pra nós. Se João Gilberto não tivesse existido, o Brasil provavelmente não conheceria artistas como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Chico Buarque e tantos outros que se inspiraram em João.

Além de ter influenciado milhares de artistas e de ter mudado para sempre a história da cultura brasileira, João Gilberto ainda fez algo incrível que foi ao invés de olhar pra fora pra buscar referências, ele olhou para o samba, o gênero tão caracteristicamente brasileiro, para se espelhar. Olhando para suas raízes, ele sem querer, mudou o futuro. Por isso, viva João Gilberto, que viverá para sempre no aconchego que é a harmonia da bossa nova.

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