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Os paredões de som invadiram São Paulo

17.05.2018 | Por: Guilherme Lucio da Rocha

O som é um requisito fundamental para uma boa festa. Nos últimos tempos, os fluxos paulistanos estão apresentando uma novidade que são os paredões de som. O que antes era uma reunião com diversos carros com um som bem potente, podemos dizer que hoje a parada esta mais organizada. Mas essas fita de paredão de som não nasceu bem nos bailes a céu aberto de São Paulo, e se você ficou curioso pra entender essa história, o Portal KondZilla trocou uma ideia com uma rapaziada que propagou essa cultura em SP pra entender funciona essa parada, saca só.

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Mega oque ? Megatron ??

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Claro que é muito difícil precisar quando se deu o gatilho, mas pesquisadores apontam que lá no final da década passada, em meados de 2008, os paredões de som começaram a se popularizar primeiro no Nordeste. Relacionados ao ritmo nordestino pagodão, eles começaram a invadir diversas orlas ao longo de todos os Estados da região, embalando a noite da galera ao ar livre, em bares e quiosques, com muito ritmo.


Foto por: Ryck Rodrigues // Portal KondZilla

Em São Paulo, essa cultura dos carros de som veio se popularizar há poucos anos, se encaixando nos bailes de rua, principalmente. Se antes, os carros com sons automotivos potentes eram responsáveis por deixar os fluxos estalando até altas horas, os famosos “paredões” chegaram para mudar um pouco esse panorama.

“Os paredões existem há anos, mas essa cultura chegou em São Paulo mais recentemente”, explica Helber Dias, um dos responsáveis pelo paredão Megatron, um dos mais famosos de São Paulo. “Estamos nesse ramo [de som automotivo] há mais de 15 anos, quando meu pai montou uma bazuca [caixas de som potentes, feitas para carros] em um Gol, ele quem começou essa paixão, daí eu e meus irmão seguimos. Hoje temos o [paredão] Megatron. Começamos num Gol e agora temos um caminhão”.


Foto: Divulgação // Club 3

Os paredões dão um aspecto melhor de “festa” aos bailes de rua. Além das suas luzes neon chamativas, que dão inveja em muita iluminação de casa noturna, a novidade sonora também “democratizou” as músicas tocadas nesses eventos a céu aberto, fazendo com que a música tocada esteja concentrada em um único lugar, ao invés daquela bagunça sonora com vários carros tocando sons diferentes.

Todo esse sucesso nas ruas também foi levado para dentro das casas noturnas da grande São Paulo. Em muitas apresentações (não apenas de MCs ou artistas de funk), os paredões de som estão presentes, levando uma diversidade sonora para quem quer se divertir. A parada deu tão certo, que algumas casas fazem noites onde a atração principal é o paredão de som. Até porque, os custos são bem menores e a diversão não deixa a desejar pro público.


Foto por: Ryck Rodrigues // Portal KondZilla

“Nos bailes fechados, se tem uma segurança maior, a organização também é um diferencial”, explica Cleyton José dos Santos, responsável pela loja Sound Pancadão, que atua principalmente na região do Grande ABC e, além de ter seus próprios paredões, também conserta e produz paredões. “Nos fluxos, não temos isso, mas a remuneração é maior, até por conta dos riscos que corremos, como chuva, algum dano ao aparelho, um pneu da carretinha furado, etc”.

Cleyton explica ao que nos eventos a céu aberto há sempre o respeito com os moradores e a lei anti-ruído é respeitada. “Tem gente que pensa que essa lei [contra o ruído sonoro] nasceu ontem, mas não. Sempre procuramos respeitá-la e, além disso, se estamos num baile e morador vem reclamar, fechamos nossa aparelhagem e vamos embora”. Cada cidade tem sua própria lei específica pra evitar barulho a qualquer hora. Na cidade de São Paulo, essa lei é conhecida como “Lei do PSIU”, que determina o quanto de barulho você pode fazer em determinado horário.


Na foto, Cleyton da Sound Pancadão – Foto por: Ryck Rodrigues // Portal KondZilla

Para se ter uma ideia, o dinheiro investido nesse tipo de equipamento gira em torno de R$60 mil, entre a chamada carretinha (que dá suporte ao paredão), a parte elétrica do equipamento e as próprias caixas de som. Se tratando de um equipamento pesado, o veículo que carrega a carretinha não pode ser qualquer um – daí já vem mais um dinheiro pra investir. Mas tudo isso tem um retorno com as apresentações e shows.

Além da internet, plataforma de divulgação de qualquer empresa que se preze nos dias de hoje, os paredões de som se divulgam também nas músicas com os famosos carimbos. Recentemente, o MC Hollywood e o MC MM soltaram músicas “mencionando” o Megatron, um dos paredões mais conhecidos de São Paulo.

“Estamos no circuito do funk há anos, mas não tínhamos reconhecimento”, diz Helber. “Há um tempo atrás, fizemos um evento na Nitropoint e a repercussão foi enorme. Isso chamou a atenção do pessoal, rolou menção em algumas músicas. Também teve a questão dos robôs em fluxos de São Paulo, daí pegou de vez”.

“Uma das nossas formas de divulgação são as vinhetas [quando o MC cita um DJ ou uma equipe de som/paredão na introdução de uma música]”, conta Cleyton. “Isso ajuda bastante quando tocamos no fluxo, pois a galera passa a reconhecer o trabalho e a equipe. Além dos videoclipes que também somos chamados pra fazer parte e também aparecemos com destaque”.

Foto por: Ryck Rodrigues // Portal KondZilla

Diferente do Rio de Janeiro, onde as equipes de som – como falamos na cobertura do Rio Parada Funk 2017 – são um dos pilares da cultura baile funk, em São Paulo os paredões são derivados de lojas de som automotivo, que produzem esses paredões de som para diversos tipos de evento, como bailes de debutantes, festas em casas fechadas e fluxos. Em terras paulistanas, as equipes de som estão mais ligados a eventos e só agora caíram no gosto dos funkeiros.

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