Lan e WM advertem: parcerias valem a pena
Desde os tempos mais primórdios, o funk tem como uma de suas marcas formar duplas de sucesso. São diversas casos de cariocas das antigas: Cidinho e Doca, autores do “Rap da Felicidade“, Claudinho e Buchecha, responsáveis por “Nosso Sonho“, passando pelos relíquias da Baixada Santista Danilo e Fabinho, com “Fé em Deus“, e os paulistanos Zaac e Jerry, os caras que lançaram “Bumbum Granada“. Enfim, é dupla que não acaba mais.
Esse fenômeno é atribuído a influência do rap, onde as duplas eram uma marca registrada. Hoje em dia, as carreiras solos predominam e não é tão comum ver duplas conseguindo destaque no funk. No entanto, ainda vemos parcerias entre MCs que, literalmente, se completam, como no caso do MC Lan e o MC WM, que juntos já lançaram os hits “Grave faz Bum“, “Ei Psiu Tô Te Observando” e em breve tem o videoclipe da “Sua Amiga eu Vou Pegar“, momento em que Portal KondZilla participou das gravações e vai contar um pouco da história dessa união.
A dupla em questão, WM e Lan, tem personalidades e carreiras diferentes, mas a parceria busca sempre dar uma força no trampo do outro. Um exemplo disso é quando o assunto aborda as composições, as quais WM prefere algo mais dançante, mas não deixa de considerar o trabalho do amigo, que é um dos maiores símbolos do som feito pra favela.
Foi durante a gravação do videoclipe de um dos sucessos da dupla, “Sua Amiga eu Vou Pegar“, que arranjamos um tempo para falar com os dois. Na verdade, falamos mais com WM, já que o Lan estava com uma dor de dente daquelas. Confira como foi o papo:
Portal KondZilla: Vamos começar do começo. Como vocês se conheceram?
WM: Nos conhecemos no meu antigo estúdio, lá no Jardim Iporanga [extremo sul de São Paulo]. O Lan tinha acabado de estourar ‘Cala a Boca e Me Mama’, e colou no estúdio falando que curtia o meu trampo, eu disse que curtia o dele também e começamos a conversar, trocar ideia.
Portal KondZilla: E como surgiu a ideia da primeira música?
WM: Então, depois dessa primeira resenha, nos encontramos novamente no estúdio. Nesse segundo encontro saiu “O Grave Faz Bum“. Letra, melodia, beat… enfim, ficou tudo pronto no mesmo dia.
Portal KondZilla: Calma aí, vocês resolvem tudo na hora?
Lan: A gente tem isso, nós fazemos tudo num dia. Melhor, numa noite, madrugada, né?
Portal KondZilla: E é assim também que saem as zoeiras, tipo: “Roda, roda, Jequiti”?
WM: Sim, a brincadeira acabou dando certo. A gente vai zoando, no microfone mesmo, enquanto grava. Lembro que o “roda, roda Jequiti” foi porque eu e o Lan estávamos conversando sobre como o mundo dá voltas, de como as coisas mudam e passam depressa. Daí ele soltou essa frase e acabou pegando.
Portal KondZilla: Percebi que vocês têm personalidades diferentes, até na hora de compor. Como que funciona isso na hora de fazer o trampo em conjunto?
WM: Eu, particularmente, não curto putaria e, na minha produtora [Play Produtora], o pessoal não compõe também. Mas isso não faz com que eu não fale com o Lan, não passe minha visão de trampo pra ele, o que gosto ou não gosto. Ele tem as produções dele, se puder eu ajudo também, é um dando força pro outro.
Portal KondZilla: Tem como imaginar um futuro pro funk? De que forma a molecada deve se empenhar no funk?
Lan: O funk nasceu na favela, é som de favelado e toca nas ruas, nas quebradas. Isso não pode ser esquecido nunca.
WM: Eu ajudo sempre que possível. Ou com uma produção, ou com um conselho. Claro que não vou fazer milagre, mas tento ajudar. Acho que daqui a pouco tempo, o funk vai ser bem respeitado no mercado musical, e não falta muito pra isso acontecer.
É, os dois se completam mesmo. Enquanto Lan é um cara mais novo e vive intensamente tudo, aproveitando cada segundo e fazendo questão de deixar claro de onde veio. WM é um cara mais reservado, com uma visão bem sóbria do mundo do funk e tarefas que vão além de apenas cantar, já que o cara também é produtor, empresário, pai de família, entre outras atribuições.
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