As damas do automotivo: conheça as mulheres que são donas de paredão de som
É impossível você chegar em um “fluxo” e não dar de cara com um paredão de som. Popular nos famosos bailes, os paredões se tornaram o principal protagonista de festas na rua e até a atração principal de casas de show em diferentes localidades.
Com isso, os apaixonados pelo mundo do som automotivo só cresce, e as pessoas que investem em um som potente também. Esse é um mundo majoritariamente masculino e são poucas as mulheres donas de paredão de som.
Pensando nisso, o Portal KondZilla resolveu exaltar essas poucas mulheres que são apaixonadas por paredão de som, e entraram nesse universo totalmente masculino. Espalhadas por todo o Brasil, de diversos estados e culturas diferentes, elas chegam para mostrar que lugar de mulher é onde ela quiser, inclusive com paredões de som. Cola no Portal KondZilla e conheça essas minas, que são brabas!
Laryssa Marques de Morais, de 19 anos, é natural de Goiânia, em Goiás. Desde criança no mundo dos paredões por incentivo do pai, que já vivia nesse universo. “Comecei o meu amor quando era criança meu pai tinha uma chácara que ele alugava e ia vários carro de som, e eu falava um dia vou ter o meu”, relembra.
Atualmente Laryssa é proprietária de um estúdio de design e micropigmentação de sobrancelhas. O primeiro som, conquistou ainda na adolescência. “Meu primeiro carro foi montado com 16 anos, após eu montar o meu estúdio e começar a ter minha renda para conquistar o meu sonho. Todos daqui da minha cidade acham coisa de outro mundo, porque aqui a maioria é só homem que tem, então eu só a diferente” explica.
Assim como muitas mulheres que fazem coisas que são consideradas ‘de homem’, Laryssa recebe bastante críticas: “Eu não ligo pois sempre foi meu sonho então isso não vai mudar.”
Ela ainda ressalta que não pensa em vender o paredão. “Às vezes fico em dúvida pois é muito dinheiro gasto todo mês, mas acho que não tenho coragem de ficar sem. Inclusive, meu carro está internado pois estou colocando mais som” explica.
Conhecida em Goiânia pelo seu carro, o Instagram @g5_sophia já acumula cerca de 15 mil seguidores, onde Laryssa dedica a página só para mostrar o paredão. “Escolhi esse nome porque Sophia é da minha filha, e G5 do meu carro”, completa. Laryssa também sonha em ter uma F250 montada com paredão.
Glauciane Façanha de Souza, de 25 anos, é de Rio Branco, no Acre. Conhecida como Penélope, ela ganhou esse apelido por conta de uma carro rosa que tinha. “Meu antigo carro era com detalhes rosa, então as pessoas me apelidaram assim, por ser um nome mais fácil e aí pegou”, diz.
O interesse por paredões surgiu ainda na adolescência: “Meu interesse e gosto com som começou através da minha família, meu pai já era do ramo e meu irmão também, então fica bem mais fácil de seguir os mesmos passos.”
Penélope também conta como conquistou o primeiro som. “Meu primeiro som foi montado no carro mesmo, uns falantes no porta malas, como depois coloquei suspensão a ar, eu tive que tirar o som por conta do peso e aí decidi fazer a minha primeira carretinha”, explica.
Penélope é bem popular em Rio Branco por conta da carretinha com paredão, que onde chega chama atenção e para tudo. Nas redes sociais não é diferente: no TikTok, ela já acumula mais de 276 mil seguidores, e mais de 1,7 milhões de curtidas desde que ingressou na plataforma. No Instagram, tem cerca de 42 mil seguidores, e seus reels ultrapassam a marca de 2 milhões de views.
“No início não fui bem recebida pelos homens, mas fui muito bem recebida pelas meninas! Além de ouvir bastantes piadas, as pessoas falavam ‘cadê o homem que banca’ rsrsrs ou que tenho algo que não entendo, ou até mesmo querer fazer racha de som no intuito de humilhar mesmo”, relembra sobre o começo.
Penélope também explica como lida com as críticas que recebe: “Já estou a muito tempo nessa área então sou bastante acostumada, não levo para o coração e até mesmo brinco com certas falas.”
Dona de uma saveiro carregada de som, branca com os bancos de couro rosa, Penélope quer ainda mais com a sua carretinha. “Tenho vontade de rebaixar ele igual meu carro e comprar um aro bem bonito para carregar ele”, finaliza.
Janaína Spech Noveli, de 32 anos, é empresária e moradora de Curitiba, no Paraná. Dona de uma Saveiro G6 Laranja, sempre sonhou em ter esse carro equipado com som. “Ah meu amor por som vem desde quando eu era muito novinha, de ver meus irmão e os amigos dele com carro legal, rebaixado e sonzera eu sempre amei muito” conta.
“E desde novinha eu já sonhava em ter uma Saveiro com um sonzão mais dei prioridade pra outras coisas na minha vida primeiro como por exemplo casa própria minha própria empresa para depois realizar esse sonho”, explica Janaína, que teve outros carros, mas nada com paredão, antes de chegar no carro e som que tem hoje.
“Então o primeiro som mesmo que eu montei com todos os detalhes e do jeito que eu sonhei e esse que fiz em dezembro de 2020, foi exatamente do jeito que sempre sonhei”, conta.
Janaina ainda não teve muitas oportunidades de ir em eventos com paredão de som por conta da pandemia. “Por ser mulher a gente chama muita atenção, literalmente para o rolê quando chega, todo mundo levanta para olhar, acho não só pelo som, mas o carro também chama muita atenção. Eu sou a única na minha cidade que ele nessa cor aqui, mexido com som e tals, então ele realmente para o rolê mesmo. Mas por conta da pandemia eu ainda não tive essa oportunidade”, explica.
A empresária nunca passou por nenhum tipo de preconceito por ser uma mulher com paredão, mas relata como é difícil ser uma mulher com carro equipado. “Acho que a pior parte de você ser uma mulher com um carro mexido e com sonzeira é o assédio. Os homens mexendo, mandando mensagem, quer whatsapp, essa é a pior parte de você ser uma mulher com um carro que chama atenção”, relata.
Com cerca de 7 mil seguidores no instagram, Janaina relata um pouco das mensagens que recebe. “Acho muito interessante que muita gente manda mensagem e conversa assim e você vê que isso é o sonho de muita gente. Então é legal você ver que o teu sonho é o sonho também de outras pessoas”, conta.
Janaina também conta que fica chateada e irritada com algumas críticas que recebe, mas no fim não dá muita importância. “Não é nada que me atinge. O que me agrada, não precisa agradar os outros. Então se eu to feliz, se eu me sinto bem, não importa para mim o que os outros pensam ao meu respeito por estar andando dentro de um carro rebaixado cheio de som”, explica.
Atualmente a empresária já realizou o maior sonho: ter uma saveiro com um som potente. “O meu sonho já está realizado, o que vier daqui para frente é só lucro mesmo, porque o sonho mesmo já tá aqui na garagem. O meu próximo projeto é uma G7 Azul, e dai quero montar um som nela um pouco mais forte do esse aqui que eu já tenho”, conta Janaína.
Antonella é o nome que a Saveiro ganhou assim que comprada, escolhida por Janaina e o filho. “Não, desistir é algo que não passa pela minha cabeça no momento. Não penso jamais em vender em meu carro, e jamais desfazer do meu som. Talvez eu desfaça do meu carro para comprar um outro melhor, e com certeza montar um som mais forte que eu já tenho. Agora sair desse mundo, por enquanto não”, finaliza.
Laryssa, Glauciane e Janaína ainda são as poucas mulheres donas de paredão de som. Mesmo com os números crescendo, o assunto ainda precisa ser pautado, pois essas mulheres precisam de visibilidade e menos preconceito, que já vem sendo estabelecido pela sociedade há muito tempo. Valorizem o corre das minas!