“A mensagem de superação do funk pode mudar muitas vidas”, diz MC Marcelo 13
Hoje no Conte Aqui Sua História traz um relato que diz muito sobre a importância da Cidade Tiradentes pro funk. Muitos que cresceram na CT, um dos berços do funk paulistano, se inspiraram nos MCs relíquias pra também seguir no funk, como é o caso do MC Marcelo 13, que vamos conhecer hoje.
“Meu nome é MC Marcelo 13 e tenho 24 anos. Minha história começa na zona leste de São Paulo, Cidade Tiradentes, onde minha mãe reside, foi onde eu pude conhecer o funk. Minha inspiração começou em 2010, com o MC Dede.
Eu morava na Arroio Triunfo, ele praticamente na rua de baixo na Sarandi. Também eram da quebrada: MC B.O, MC Beleti e Oreia e MC Backdi e Bio G3. O Nego Blue era do Inácio Monteiro, Outros MCs que colavam direto na quebrada e nos baile que eu admiro muito: MC Daleste, Léo da Baixada, Neguinho do Kaxeta, Kelvinho, todos eles se reuniam nos bailes de Acetell, Nação, Cabral, e por aí eu fui pegando uma paixão pelo funk.
O funk é um estilo de vida pra mim. Começa no gênero musical, que é o único que eu ouço seja no celular ou no carro, passa pela forma de eu me vestir. E eu acredito que a mensagem de superação do funk pode mudar muitas vidas
Ver um MC cantando no palco, não só cantando, mas relatando a rotina do dia a dia nas comunidades. Em 2011 arrumei um trabalho de estágio em telemarketing ali perto do metrô Carrão, e pude conhecer o DJ Nobru, que também morava na Tiradentes. Contei o meu sonho pra ele e ele acreditou em mim, disse que produziria pra mim uma música por 100 reais.
Ele me indicou um estúdio na Tiradentes do DJ Bruninho Fzr, que era DJ do MC Dede. Lançamos a música no YouTube, porém a música era meio que apologia a maconha e meus familiares ficaram loucos da vida, fizeram de tudo pra tirar a música da internet. Com muito custo e contra minha vontade, eu apaguei. Cheguei a ser expulso de casa por alguns dias, depois voltei e acabei desistindo do sonho.
No fim de 2012, fui morar com uma tia em Jacareí, interior de São Paulo, até 2014. Não deu muito certo acabei me envolvendo com companhia errada, fui deportado pra São Paulo de volta. Fiquei alguns dias e fui morar pra São José dos Campos pra poder trabalhar com meu pai, o ajudei por 4 anos, infelizmente não vingou.
Mantive o desejo de cantar funk, mas não foquei em compor músicas porque minha realidade era meio escassa. As barreiras com a dificuldade financeira me impediram. Comecei a pagar aluguel, os estúdios ficavam em São Paulo ou na Baixada Santista. Eu não tinha dinheiro pra transporte, pra chegar até os locais. Também não tinha dinheiro, pra poder pagar uma produção musical, mas o tempo passou um pouco mais e conheci um DJ de São José através de um amigo MC.
DJ Tom RC, a produção dele custava 100 reais, ele ouviu uma letra que eu tinha feito. Ele gostou e fez uma produção de graça pra mim. Arrumei um trabalho no supermercado, mais ou menos na mesma época no final de 2018. Com o primeiro pagamento eu paguei a produção que ele tinha feito.
Lancei a música “iPhone 8” com ajuda do DJ Bruninho Fzr. Depois daí comecei a mete marcha na mídia com fé, pagando aluguel e o que sobrava investia em produção e divulgação.
Quero seguir no funk consciente que gosto muito. Já ouvi pessoas dizendo que alguma frase das minhas músicas mudou o dia delas ou falando que já passou por algo parecido. Isso pra mim é muito gratificante.
Mantenho a fé, que um dia vou mudar a minha história, mas enquanto a vitória não chega, eu sigo na batalha até onde Deus permitir. Todos nós buscamos uma melhora de vida financeira, isso é fato. Mas eu creio que a música vai além de dinheiro, a música inspira vidas, muda atitudes, mexem com a cabeça e toca os corações de alguma forma!”.
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