“Correr atrás do sonho e ser feliz”, a caminhada da geração milênio da quebrada
Você sabe o que é “Geração do Milênio”? A sociedade é cheia de rótulos, e sabemos que rótulos são coisas chatas demais. Agora estão surgindo diversas matérias dizendo: “os millennials isso”, “os millenials aquilo” e muita gente nem sabe direito o que significa isso. De um modo geral, os pesquisadores categorizam as pessoas pelo ano que nasceram e a situação que se encontra o país (ou o mundo) no momento; a geração milênio são aquelas pessoas nascidas entre os anos 80 e os anos 2000. Se você, assim como eu, nasceu nesse período, no mínimo deve ficar curioso sobre o que é ser dessa Geração. Por isso, hoje vou contar pra vocês aqui no Portal KondZilla algumas coisas sobre esse papo de Millennials.
Também conhecidos como Geração Y, a Geração do Milênio é marcada como a mais diferente entre as gerações passadas porque ela, ao contrário das outras, nasceu junto com a internet. E isso significa que algumas das nossas características estão ligadas ao acesso à informação por meio da internet. Por conta disso, não nos enquadramos nos modelos tradicionais de trabalho, hierarquia e sucesso. Como lidamos com o mundo digital desde muito cedo questionamos mais, buscamos formas mais flexíveis de realizar obrigações, temos mais desejos imediatos e uma tendência forte à colaboração. Outra característica importante da Geração do Milênio é que nós, ao contrário da Geração X (a dos nossos pais), por exemplo, nos preocupamos muito mais com a qualidade e o ambiente do nosso trabalho, como também se nosso trabalho faz sentido para nós e para a sociedade, considerando a qualidade de vida geral ao invés de somente priorizar o salário no fim do mês.
As principais notícias e matérias sobre a Geração do Milênio trazem títulos como “A geração que largou tudo para viajar o mundo” ou “A geração que encontrou o sucesso pedindo demissão”, mas a gente sabe que quando dizemos “geração” é um número enorme de pessoas que podem viver vidas completamente diferentes das nossas. Se só no nosso bairro já existem milhares de histórias diferentes, imaginem uma geração que representa o planeta inteiro. Então, para nós, é interessante saber: como é e como vive a Geração do Milênio que mora nas periferias?
Afinal, a história de “é possível largar tudo” e ir atrás de nossos sonhos de uma hora para outra não é para todo mundo. Muitas vezes precisamos considerar as pessoas que dependem de nós e até mesmo nossas contas e responsabilidades.
Nós crescemos nos perguntando quais seriam as melhores formas de viver sem estarmos amarrados à hierarquias e obrigações sem sentido. Mas, ao contrário de outros jovens da Geração Y, temos a questão da falta de grana, o que dificulta muito nossa busca por realização pessoal. Porém, não é isso que nos derruba. Nós vivemos em uma época onde temos mais acesso à informação, que chega de forma muito mais rápida do que antigamente. Isso facilita o desenrolar dos nossos trabalhos na corrida atrás dos sonhos.
Essas características, de internet e informação rápida, nos moldaram para ser como somos hoje. Se somos uma geração questionadora, com grandes desejos, vontade de flexibilidade e tendência para a colaboração, como podemos utilizar o que nos cerca para realizar os nossos objetivos e também lidar com as outras gerações? Ainda não tenho essa resposta, mas o que eu aprendi é que o choque entre gerações é um problema que afeta bastante a Geração Y, porque os mais velhos (voltados para sistemas de hierarquia muito duros e pouca flexibilidade nas escolhas) nos enxergam como indecisos, relaxados e até preguiçosos, somente porque temos outro método de levar a vida. Ainda hoje, é difícil a geração anterior entender que conseguimos sobreviver sem um formato tradicional de trabalho: das 8:00 às 17:00 hrs, de segunda a sexta. A internet nos permitiu viver de outra forma, o que nem sempre é compreendido.
Para nós, o equilíbrio é fundamental para alcançar a felicidade e os nossos sonhos. Fazer o “corre” parece sempre uma forma mais maneira de dizer o que estamos fazendo, mas o negócio é caminhar, sério. Porque quem corre sem saber onde quer chegar, acaba tropeçando nas próprias pernas e caindo no chão. A Geração do Milênio que vive nas periferias pode fazer tudo virar ouro, eu acredito nisso. Aquilo que gostamos de fazer, se nos empenhamos de forma séria, pode se transformar no caminho ou na própria realização dos nossos sonhos. Alguns exemplos disso estão aqui:
BRECHAVE
Utilizando a internet, que nasceu com a gente e é praticamente de graça, temos a chance de fazer virar os nossos projetos e dar seguimento para nossos objetivos. É assim que muitos jovens têm feito sua caminhada, com seus computadores, celulares e a busca de conhecimento dentro das redes. Um exemplo da Geração Milênio da Quebrada é a Débora Machado, dona da loja Brechave, um brechó que vende “os panos mais chave por um preço suave”. Débora tem 23 anos e mora no Parque Taipas, zona norte de SP. Ela começou o brechó em 2016. Além disso, Débora estuda jornalismo e faz a diferença dentro da sala de aula. Para ela, usar a internet e agilizar seu corre em busca de seus sonhos enquanto lida com as obrigações da vida é, na sua própria palavra, gratificante.
Quando Débora pensa o uso da internet para o desenvolvimento da sua própria marca ela nos diz: “a internet é a maior responsável na divulgação da página. Inclusive, só fui ter a ideia de levar o brechó a sério quando percebi que eu tinha muitas pessoas nas minhas redes sociais e aproveitei pra ver se rolava!”, explica Débora. “E o resultado deu super certo, eu postava e muitos amigos compartilhavam pra dar uma força e isso chegava ao alcance de muuuitas pessoas!”
Diferente dos brechós comuns, que não estão no mundo online, o Brechave chega até você pela internet, tornando mais rápido e fácil o acesso as roupas e acessórios. Se quiser saber mais deste projeto, confira a página do Facebook: Brechave.
HEDDY BEATS
Outra pessoa chave da Geração Milênio fazendo sua caminhada na quebrada é o Alyson Kwabena, também conhecido como Heddy Beats. Com 18 anos, Heddy Beats é DJ e Beatmaker; é também organizador da Batalha do Rubi, na Vila Aurora, Zona Norte de SP, local onde mora, e idealizador do Coletivo Vertentes, que tem o objetivo de mudar o mundo a partir da comunidade onde se vive. A ideia principal de Alyson é a seguinte: firmar uma ONG para capacitar e dar motivação a jovens das periferias a seguirem seus sonhos na carreira musical. Para Alyson, usar a internet para fazer seus corres e, ao mesmo tempo, lidar com as obrigações da vida foi um desafio logo no começo, mas hoje ele está focado e decidido em relação ao seu trampo. Sobre a internet, ele pensa que “atualmente, ajuda muito na construção do meu sonho, a divulgar meu trabalho e fazer novas parcerias”.
E se você quiser saber mais sobre os trampos do Alyson é só chegar aqui: HeddyBeats, batalhadarubi e Coletivo Vertentes.
AFROCLICK
Mais um exemplo da Geração Milênio da Quebrada é a Jessyca Alves, de 23 anos. Ela é do Jardim Silvina, São Bernardo do Campo (SP), mãe e fotógrafa. Formada em fotografia, Jessyca organiza seu trabalho como fotógrafa desde 2015. Além da página Jessyca Alves – Fotografia, onde ela trabalha, na maioria das vezes com fotos de família e aniversário de crianças, ela também é criadora da AfroClick, um projeto que empodera mulheres negras através da fotografia e do audiovisual. Sobre o desenvolvimento do seu trabalho com a internet, Jessyca contou o seguinte: “90% dos meus clientes eu consigo através das redes. A internet tem grande influência nessa conquista. Sempre faço posts dos meus trabalhos, marco meus clientes e eles compartilham, ajudando ainda mais na divulgação. E com isso vou conseguindo outros clientes através das indicações, mas também aparecem desconhecidos que encontram meu trabalho pela internet e entram em contato comigo para me contratar.”
E somado a tudo isso, ela define o poder da internet. “O que a gente posta nas redes acaba se tornando algo meio que sem ‘fronteiras’, sabe? Qualquer um em qualquer lugar do mundo pode acessar! E dependendo de quem vê seu trabalho podem rolar parcerias, contratações, várias coisas”. Você pode conhecer mais do trabalho da Jessy pelas páginas Jessyca Alves – Fotografia e do coletivo AfroClick .
Existem muitos outros exemplos de Millennials da Quebrada fazendo sua caminhada por aí com ajuda da internet. Geral está correndo atrás do seu objetivo, usando a internet como ferramenta de trabalho. E você, está correndo (e caminhando) atrás dos seus sonhos? Como é ser da Geração Millennial, morar em periferia e fazer acontecer aquilo que você acredita? Pode crer que o primeiro passo é ver ao seu redor o que você pode usar a seu favor, botar energia na missão e seguir em frente!
Bruna Tamíres (Brunata) fez seu corre e hoje se mantém como escritora e ilustradora. Conheça outros trabalhos por aqui.